xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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HELENA MARIA GRANJA<br />
Desde 1950, várias tendências apontam para uma maior variabili<strong>da</strong>de de curta duração<br />
cliinática, além de um aumento <strong>da</strong> teinperatura, o qual produz uma diminuição <strong>do</strong> volume <strong>do</strong>s<br />
glaciares e <strong>do</strong>s gelos e uma subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar (Lamb, 1995). Se tais inodificações são<br />
apenas devi<strong>da</strong>s a processos naturais (como a influência <strong>da</strong>s variações solares sobre o clima -<br />
por exemplo, o responsável <strong>da</strong> Pequena I<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Gelo seria o Mairridei. Mbiii?~irril) ou se têm<br />
um contributo antrópico importante (uma minoria de cientistas tende a inostrar que a influência<br />
humana é mínima, contrapon<strong>do</strong>-se às ideias, geralmente aceites, <strong>do</strong> IPCC) constitui, ain<strong>da</strong>,<br />
um,for.uiii de debate internacional.<br />
4.Mu<strong>da</strong>nça e suas condicionantes<br />
Mas quais são, então, as causas <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça que condicionarain e condicionam a evolução<br />
<strong>da</strong> zona costeira? Sem dúvi<strong>da</strong> que são o nível <strong>do</strong> mar, o clima, o balanço sediinentar e a<br />
neotectónica, ca<strong>da</strong> qual com o seu peso relativo, interferin<strong>do</strong> uns coin os outros, o que torna,<br />
por vezes, difícil reconhecer o papel de ca<strong>da</strong> iim individualmente.<br />
As variações <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> inar são os controlos mais significativos, numa escala macro.<br />
Os perío<strong>do</strong>s de subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, inferi<strong>do</strong>s a partir de indica<strong>do</strong>res tais corno superfícies<br />
erosivas (fig. 5), arribas inortas e plataformas de abrasão marinha (fig. I), depósitos sub-ti<strong>da</strong>is<br />
e ti<strong>da</strong>is e lagunas (fig. 4), foram intercala<strong>do</strong>s por outros, tais coiiio os eólicos, os quais denunciam<br />
o recuo <strong>do</strong> mar.<br />
A subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar pode ocasionar uma diininuição <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> nível de<br />
base de erosão, o que implicaria que os sedimentos disponíveis ficassein abaixo e o traiisporte<br />
para a praia diininuísse, o que acarretaria, inevitaveliiiente, um défice sedimentar. Outra <strong>da</strong>s<br />
causas possíveis <strong>da</strong> ei-os50 costeira é o próprio défice de sedimentos na plataforma interna<br />
(acumula<strong>do</strong>s durante a fase regressiva <strong>da</strong> última grande glaciação, há cerca de 30000 anos)<br />
por esgotamento, o que conduziria a um aumento <strong>do</strong> pen<strong>do</strong>r <strong>da</strong> praia submersa.<br />
A umaiiieso-escala, o clima foi, sem dúvi<strong>da</strong>, um agente muito importante, embora seja<br />
difícil identificar os seus impactes pois eles encontram-se mascara<strong>do</strong>s por outros agentes,<br />
especialmente os galgainentos <strong>do</strong> inar, embora a intensificação destes possa ser devi<strong>da</strong> ao<br />
aumento de frequência e intensi<strong>da</strong>de de tempestades, as quais estão relaciona<strong>da</strong>s com as condições<br />
nieteorológicas (localização <strong>do</strong>s centros de altas e baixas pressões, por exemplo). Terá,<br />
provavelinente, si<strong>do</strong> o caso ocorri<strong>do</strong> com os galgamentos <strong>do</strong> paleoestuário <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong> (fig. 6)<br />
e com o varrimento por areias, durante o final <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média.<br />
Os paleossolos também podem fornecer importantes indicações. Assim, a génese de<br />
um podzol (ocoi~i<strong>da</strong> entre 1520-1320 cal BC e 230-600 cal AI), a sul de Espinho) pode ter<br />
origem em factores climáticos (oscilações de temperatura e de huini<strong>da</strong>de), relaciona<strong>do</strong>s com<br />
um clima tempera<strong>do</strong> e húmi<strong>do</strong>, embora não sejam de excluii-, também, causas antrópicas.<br />
A neotectónica, através <strong>do</strong> reactivar de antigas falhas, apresenta numerosos e diversos<br />
indica<strong>do</strong>res, os quais atestam <strong>da</strong> sua importância na mu<strong>da</strong>nça e evolução <strong>da</strong> zona costeira <strong>do</strong><br />
noroeste de Portugal (Granja, 1999).