xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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faz sucessivamente figurar, com excepção para o atlas de Waghenaer, uma ponte de ligação<br />
entreessavila e Azurara, quan<strong>do</strong> sabemos com to<strong>da</strong> a certeza <strong>da</strong> sua inexistência nesse perío<strong>do</strong><br />
de tempo'>.<br />
Alguns outros factores levam-nos, to<strong>da</strong>via, a atribuir-lhes acresci<strong>da</strong> fidedigni<strong>da</strong>de: 1".<br />
o facto de estes mapas serem de autoriade técnicos <strong>do</strong>s Países Baixos, ancestrais frequenta<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Norte de Portugal, incluín<strong>do</strong> Vila <strong>do</strong> Conde; 2". a circunstância de deverem ter<br />
si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s pelos navega<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Norte <strong>da</strong> Europa como roteiros de navegação; 3". a<br />
verosimilhança patente na topografia representa<strong>da</strong> e nos valores referi<strong>do</strong>s para a profundi<strong>da</strong>de,<br />
medi<strong>da</strong> em braças. Estas, concor<strong>da</strong>ntes com o <strong>do</strong>cumento em análise, e variáveis de mapa<br />
para mapa, sugerem uma elaboração que ultrapassa o simples decalque, poden<strong>do</strong> corresponder<br />
a efectivos registos feitos na sequência de observação directa.<br />
De qualquer um <strong>do</strong>s exemplares menciona<strong>do</strong>s percebe-se a existência de um complexo<br />
rochoso em forma sensivelmente circular situa<strong>do</strong> A entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> barra e impeditivo de uma<br />
livre circulação e acesso ao porto. A insistência com que é representa<strong>do</strong>, pese embora a possibili<strong>da</strong>de<br />
de decalque, é por si só coinprovativa <strong>do</strong> risco real que constituiria para a navegação,<br />
o qual é igualmente realça<strong>do</strong> pelos autos de diligências de 1540-42. Nestes fornecem-se<br />
referentes toponímios e topográficos muito precisos, assim como circuitos preferenciais de<br />
circulação.<br />
Refere-se a existência, na barra, de um estreito, estima<strong>do</strong> em cerca de apenas 20 palmos<br />
(cerca de 4 metros), de passagem muito problemática para as naus. A ultrapassagem desse<br />
obstáculo implicava uma navegação ruma<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is pontos de referência: as chama<strong>da</strong>s Pedras<br />
<strong>do</strong> Carreiro, situa<strong>da</strong>s <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de Vila <strong>do</strong> Conde, e as Pedras <strong>do</strong> Naseiro, emergentes <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de<br />
Azurara.<br />
O perigo que estes condicionalismos topográficos constituía para a navegação é<br />
sublinha<strong>do</strong> pelos circunstantes:<br />
"Item fezperguiitn nos dctos Izoflcinnes dn vylln e asy as partes liorizrle hera 110 iirnyor<br />
piyguo deste iyo dysei-anz que era iiestuspedms Izorinde elle corege<strong>do</strong>r e elles estavnriz qiie se<br />
cliniiiu ns pedras de cnreyro pergirriztn<strong>do</strong>s que por que rezniiz dysernnz que por que prisnvaiiz<br />
ns rznnos e nnvyos per huinn golla peqiroin que Iznlzy estnvn pemiizte f1rrn.s pedrns que elle<br />
correge<strong>do</strong>r cor11 lios sobre (sic) coiniguo esl~rivniiz vyiilos e era n guolln iiirrito estreytn que<br />
serya n pnreçer de to<strong>do</strong>s de vynztepnlliizos de largurrn pouco irias hou iiierzos e por sei- tniiz<br />
estreyto ns nnnos nnnz podyniiz pnsnr senz toquai:.." '3<br />
2.2. Assnreamento<br />
Estes constituem os <strong>da</strong><strong>do</strong>s mais relevantes <strong>do</strong> ponto de vista topográfico. To<strong>do</strong>s os<br />
restantes prendem-se, não com perfis topográficos, mas com um processo dinâmico que interfere<br />
directamente com as condições de aportagem e de navegabili<strong>da</strong>de. Referimo-nos ao<br />
assoreamento <strong>do</strong> rio e barra.<br />
Se nos alhearmos <strong>da</strong> discussão em torno <strong>da</strong>s suas consequências, importa reter que<br />
Ponuouesa e Cnito~rafia <strong>do</strong>s Séculos XVI a XVIII" ICatilo~o <strong>da</strong> Enoosicào) .<strong>Porto</strong>. B.P.M.P. 1992. o. 7-9