xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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A EVOLUÇÃO DO LITORAL EM TEMPOS HISTÓRICOS<br />
que estejam a sofrer uin abatimento de origem tectónica, como é o caso de inuitos <strong>do</strong>s grandes<br />
deltas existentes no globo.<br />
As variações glacio-eustáticas, sen<strong>do</strong> geralmente mais rápi<strong>da</strong>s, são deterininantes na<br />
escala croiiológica que nos interessa, eiiibora as movimeiitações locais possam interferir coin<br />
as variações eustáticas, ainplian<strong>do</strong>-as ou reduzin<strong>do</strong>-as.<br />
Os iiiovimentos tectónicos e os fenómenos isostáticos desencadea<strong>do</strong>s pela erosão nos<br />
continentes são geralmente inais lentos que as variações eustáticas e, por isso, iiifluem na<br />
evolução <strong>do</strong> litoral a longo prazo.<br />
Foraiu as variações climiticas <strong>do</strong> Quaternário que produziram as variações <strong>do</strong> nível <strong>do</strong><br />
inar inais espectaculares <strong>do</strong>s Últimos tempos. Poi-éni, mesmo variações cliináticas muito inais<br />
atenua<strong>da</strong>s têm reflexos nas curvas eustáticas (fig. 4). Esse facto acontece essencialinente por<br />
duas ordens de razões:<br />
Uni arrefeciiiiento global <strong>do</strong> cliina traduz-se quase sempre nuin aiiinento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de<br />
de água reti<strong>da</strong> nos contineiites sob a forma de gelo, fazen<strong>do</strong> diiiiiiiuir a quanti<strong>da</strong>de existente<br />
nos oceanos. Um aquecimento, além de ter o efeito contrário, produzirá titna expansão <strong>da</strong><br />
água <strong>do</strong>s oceanos por puro efeito térmico (terino-eustatisiiio, cf. fig. 2).<br />
Porém, os avanços ou recuos <strong>da</strong> linha de costa não se devem, excliisivaiiiente, às<br />
variações relativas <strong>do</strong> iiível <strong>do</strong> mar. O aporte de sedimentos tem uma grande iinportância<br />
iiesse processo. O papel <strong>da</strong>s areias <strong>da</strong>s praias é de servir de "almofa<strong>da</strong>" protectora relativainente<br />
à energia <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>s correntes. Sempre que a direcção <strong>da</strong> ondulação é oblíqua ein relação<br />
B linha de costa as areias são transporta<strong>da</strong>s ao longo <strong>do</strong> litoral por uina coi-ente designa<strong>da</strong> por<br />
"deriva litoral". A deriva litoral, cuja orientação depende <strong>da</strong> direcção <strong>da</strong> ondiilação, tein<br />
geralmente uina coinponente de Norte para Sul ao longo <strong>da</strong> costa Norte de Portugal, direcção<br />
que resulta de ventos <strong>do</strong>iniiiantes de Norte e Noroeste. Poréin quan<strong>do</strong> os veiitos são de Sul ou<br />
Su<strong>do</strong>este, a direcção <strong>da</strong> deriva inverte-se e passa a ser de Sul para Norte.<br />
A deriva litoral transporta contiiiuamente sedimeiitos. Desde que liaja equilíbrio entre<br />
os sediiiieiitos que entram e saem de uin <strong>da</strong><strong>do</strong> sector, a linha de costa está nuin equilíbrio<br />
dinâniico. Porém, se niim <strong>da</strong><strong>do</strong> troço de costa, a deriva retirar mais sedimentos <strong>do</strong> que aqueles<br />
que entram, eiitra-se numa situação de carência de sedimentos. A ciirto ou médio prazo os<br />
sediinentos areiiosos desaparece111 e ficam só os materiais mais grosseiros. Se Lambém eles<br />
desapai-ecerein, o inar poderá começar a atacar o substrato roclioso em que eles assentavam.<br />
É curioso que, frequenteineiite, os <strong>do</strong>is factores (nível <strong>do</strong> mar e fornecimento de areias<br />
à liiiha de costa) se associein, isto é:<br />
I -Durante os perío<strong>do</strong>s de clima relaiivainente quente, o nível <strong>do</strong> mal- sobe e os processos<br />
de meteorização no interior <strong>do</strong>s continentes tornam-se essencialmente <strong>do</strong> tipo quíinico,<br />
fornecen<strong>do</strong> iiiais produtos finos e solúveis e menos detritos <strong>do</strong> tipo <strong>da</strong>s ai-eias. De tu<strong>do</strong> isto<br />
resulta um certo déficit de areias que agrava os probleinas de erosão no litoral, já desencadea<strong>do</strong>s<br />
pela lenta subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar. Este déficit é aiti<strong>da</strong> acentua<strong>do</strong> pela subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar<br />
que obriga a que lima parte <strong>do</strong>s sedimentos que os rios ain<strong>da</strong> transportam fiqueiii reti<strong>do</strong>s nos<br />
estuários de molde a que o peifil longitudinal <strong>do</strong> rio seja sobreleva<strong>do</strong>, conipensan<strong>do</strong>, assim, a<br />
subi<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível de base.<br />
No perío<strong>do</strong> actual, a esses factores de ordem natural juntam-se inúmeras influências de<br />
origem antrópica (construção de barragens, florestação de áreas montanhosas, extracção de