xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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RECONSTITUIÇÁO PALEOAMBIENTAL DA ZONA COSTEIRA<br />
BC, Lamb, 19951, no início <strong>do</strong>s quais (cerca de 2500 anos BP) terá havi<strong>do</strong> uma acentua<strong>da</strong><br />
deterioração, coin estabeleciinento de condições mais frias (temperaturas 1' a 2" mais baixas)<br />
e húini<strong>da</strong>s (Bell e Walker, 1992).<br />
A norte de Espinho, a Formação <strong>da</strong> Aguça<strong>do</strong>ura tem depósitos limo argilosos coni<br />
lentículas de diatomitos (rochas sediineiitares com abundância de diatomáceas), sobrepostos<br />
por turfas, e <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>s de 1030- 12 10 cal BC a 75.142 cal AD. Esta formação corresponde a um<br />
ambiente lagunar, de água <strong>do</strong>ce a salobra, o qual existiu parcialinente durante o teinpo romano<br />
(fig. 3). O estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s diatoináceas constitui unia técnica inuito importante pura a reconstrução<br />
<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de, pH e salini<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s ambientes lagunares e lacustres. As concentrações e as<br />
taxas de acumulação <strong>da</strong>s diatomáceas são usa<strong>da</strong>s na reconstrução paleoambiental e em estu-<br />
<strong>do</strong>s de eutrofizsção <strong>da</strong>queles meios (Battarbee, 1991).<br />
A sul de Espinho, a Formação de Silvalde-Parainos é a correspondente àquela. A se-<br />
quência estratigráfica apresenta cama<strong>da</strong>s arenosas coin lamelibrânquios de água salobra (750-<br />
210 cal BC a d00-120 cal BC), sobrepostas por cama<strong>da</strong>s turfosas com troncos de árvores<br />
(267-408 cal AD a 1400-1450 cal AD), cujas espécies ain<strong>da</strong> não foram identifica<strong>da</strong>s. As caina-<br />
<strong>da</strong>s lagunares díí zona Esmoriz-Parainos apresentaiii vários depósitos atribuí<strong>do</strong>s a galgamentos<br />
<strong>do</strong> inar (de Groot & Granja, 1999), <strong>do</strong>s quais os mais recentes poderiam corresponder aos<br />
perío<strong>do</strong>s de tempestade cerca de 500 BC.<br />
Esta formação estende-se bem para sul de Paraiiios, alguns novos atloramentos ten<strong>do</strong><br />
si<strong>do</strong> postos a descoberto, recentemente, na zona <strong>da</strong> iiiaré baixa de algumas praias. Alguns<br />
destes aflorainentos, como o <strong>da</strong> praia <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong>uro e o <strong>da</strong> praia <strong>do</strong>s Marretas (este <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de<br />
2060i65 anos BP através de conchas de Cernstodernin edule) (fig. 4) apresentam, além de<br />
bivalves característicos de águas tranquilas e baixa salini<strong>da</strong>de (como Cera.stoder?iin ed~ile,<br />
ScroDicularinplnnn, Tapes dccilssritiis), conchas de ostras (Ostrrn eclule), o que atesta bem <strong>do</strong><br />
carácter salobro e coiifina<strong>do</strong> <strong>do</strong> ambiente. Tal indica a existência de uin ambiente lagunar<br />
muito mais vasto que o actual, cujo limite externo (barreira) se situaria mais para ocidente <strong>da</strong><br />
actual barreira <strong>da</strong> laguna de Aveiro.<br />
Emboi-a ain<strong>da</strong> não haja <strong>da</strong><strong>do</strong>s suficientes para se reconstituir a evolução paleoambiental<br />
<strong>da</strong> laguna de Aveiro, há já alguns indica<strong>do</strong>res que apontam para uma evolução diferente <strong>da</strong><br />
aponta<strong>da</strong> por Girão (1941) e por outi-os autores. A barreira <strong>da</strong> laguna <strong>do</strong>s tempos romanos<br />
deveri ter migra<strong>do</strong> sucessivamente, para leste, durante perío<strong>do</strong>s de transgressão <strong>do</strong> mar, como<br />
os de 250 a 275 AD e 400 AD (Lamb, 1995). até ficar circunscrita i actual posição. Há uns<br />
anos está a ser degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, ou mesmo destruí<strong>da</strong>, pela dinâmica <strong>do</strong>s processos associa<strong>do</strong>s à<br />
migração <strong>da</strong>s praias para o interior, os quais incluem galgamentos <strong>do</strong> mar, particularmente<br />
notórios a sul <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong>uro e a sul <strong>da</strong> Costa Nova.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> romano e, possivelinente, em simultanei<strong>da</strong>de com a existência des-<br />
tes paleoambientes lagunares, noutras zonas a sul de Espinho, inais para o interior <strong>da</strong>queles,<br />
ocorria a génese de um solo <strong>do</strong> tipo podzol (desde 1520-1320 cal BC até 230-600 cal AD),<br />
cujos perfis trunca<strong>do</strong>s se encontram, hoje, sob areias de praias e dunas. Posteriormente, este<br />
solo foi galga<strong>do</strong> pelo inar nalgumas zonas, como se observa nas praias de Cortegaça (fig. 5) e<br />
de Mace<strong>da</strong> (Ovar).<br />
Após o perío<strong>do</strong> romano, segue-se o perío<strong>do</strong> medieval, durante o qual, entre 700 e 1300<br />
AD, há evidências, por to<strong>da</strong> a Europa, de um curto episódio de aquecimento climático - o