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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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A ROTURA DAS COMUNIDADES CRISTAS-NOVAS DO LITORAL<br />

centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, notan<strong>do</strong>-se então já um interesse visível pelo regresso à ma de S. Migue15,<br />

concentran<strong>do</strong>-se em finais <strong>do</strong> século XVI nas ruas elegantes <strong>da</strong> Fonte Taunna, Merca<strong>do</strong>res,<br />

rua Nova e Ponte de S. Domingos.<br />

Em Vila <strong>do</strong> Conde ou em Viana a situação é mais ou menos semelhante, sem fissuras<br />

sociais evidentes, onde a maioria <strong>do</strong>s denunciantes são indivíduos de extractos sociais baixos,<br />

focos de desconfiança e melindre.<br />

Os próprios cria<strong>do</strong>s cristãos-velhos ao serviço <strong>da</strong> minoria foram causa de prisões,<br />

situação ain<strong>da</strong> não resolvi<strong>da</strong> aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> visita de 1570, uma impmdência que custou caro a<br />

alguns, incluin<strong>do</strong> mesmo alguns serviçais, que ao negarem informação positiva de ju<strong>da</strong>ísmo<br />

sobre os patrões, acabaram por serem deti<strong>do</strong>s, pois os amos tinham opta<strong>do</strong> por uma estratégia<br />

diferente - a apresentação voluntária concerta<strong>da</strong> entre os membros <strong>da</strong> família, de mo<strong>do</strong> a<br />

usufruírem <strong>da</strong> misericórdia que o Santo Ofício demonstrava perante a boa vontade e sinais de<br />

arrependimento deste tipo de culpa<strong>do</strong>s, questão que incluía, a não detenção e, sempre, a isenção<br />

de confisco de bens. As fiéis servas não foram avisa<strong>da</strong>s e viram-se a braços com o delito de<br />

perjúrio.<br />

A própria diáspora, segun<strong>do</strong> as fontes de que dispomos para esta região, não foi<br />

significativa durante a primeira metade <strong>do</strong> século, pois a zona de influência <strong>da</strong> Inquisição <strong>do</strong><br />

<strong>Porto</strong> nio foi muito além <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>do</strong> seu termo6, onde a situação nunca foi propriamente<br />

dramática, não só porque o tribunal, ain<strong>da</strong> com um funcionamento incipiente, não possuía<br />

critérios de actuação a nível nacional, como também a integração <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de cristã- nova<br />

nos negócios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de7 se constituía um anteparo protector.<br />

De notar que, de imediato, a comuni<strong>da</strong>de engendrou to<strong>da</strong> uma estratégia, bastante eficaz,<br />

que passava pela apelação sistemática ao inquisi<strong>do</strong>r geral e não raro pelo suborno de<br />

testemunhas, patentean<strong>do</strong> um certo desafogo económico.<br />

Durante a segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século XVI pode dizer-se que o litoral norte não foi<br />

afecta<strong>do</strong> significativamente pelo Santo Ofício, por algumas <strong>da</strong>s razões já aponta<strong>da</strong>s mas<br />

sobretu<strong>do</strong> porque as outras visitações realiza<strong>da</strong>s, nomea<strong>da</strong>mente à Beira e a Trás-os-Montes,<br />

mercê <strong>da</strong> crispação entre cristãos-velhos e novos, permitiram resulta<strong>do</strong>s espectaculares que<br />

ocuparam a Inquisição até ao Perdão Geral de 1605, evento que o próprio tribunal precipitou.<br />

Estas "entra<strong>da</strong>s" em força em zonas densas em cristãos-novos , levou a um autêntica<br />

bipolarização social, já evidente na déca<strong>da</strong> de setenta quan<strong>do</strong> se efectivou o denomina<strong>do</strong><br />

"estatuto de pureza de sangue", inicia<strong>do</strong> pela Câmara de Vila Flor, a primeira, em 1574, a<br />

proibir o acesso de cristãos-novos a empregos na Câmara.<br />

Esta situação deixou praticamente de parte o litoral, to<strong>da</strong>via com o recmde~cer <strong>da</strong>s<br />

prisões de transmontanos, sobretu<strong>do</strong> os de Bragança já em finais <strong>do</strong> século, começou a emergir<br />

gente <strong>do</strong> Poito, com contactos profissionais e de convivência com os deti<strong>do</strong>s, o que deu<br />

grande alegria aos inquisi<strong>do</strong>res coimbrãos, muito interessa<strong>do</strong>s em "entrarem" finalmente no<br />

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