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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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RECURSOS MARÍT~MOS E TECNOLOGlA NO SÉC. XV111<br />

De praia para praia assiste-se, consoante as características geomorfológicas, à evolu-<br />

ção <strong>da</strong>s redes, que crescem à medi<strong>da</strong> que se afastam <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> para o largo, até 10 Km ou mais<br />

(como no Fura<strong>do</strong>uro, frente a Ovar). Grosso mo<strong>do</strong>, as redes xávegas compunham-se de um<br />

saco, que se inicia na boca<strong>da</strong> e se prolonga para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s, por duas mangas laterais.<br />

Estas vão deci-escen<strong>do</strong> em largura até ao calão, coino é conheci<strong>da</strong> a ponta <strong>da</strong>s mangas. Naque-<br />

le prendem-se as calas, que não são mais <strong>do</strong> que cabos de cor<strong>da</strong>me necessários à alagem <strong>da</strong><br />

rede feita pelos auxiliares em terra (Laranjeira, 1984,399). Nesta costa de Aveiro, desprovi<strong>da</strong><br />

de baías abriga<strong>da</strong>s e reentrâncias, os barcos de formato especial (meia-lua, facilitan<strong>do</strong> a entra-<br />

<strong>da</strong> e o varar nas areias <strong>da</strong> praia, de 2 ou 4 remos) foram acompanhan<strong>do</strong> a evolução <strong>da</strong>s dimen-<br />

sões <strong>da</strong> rede.<br />

3. Indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s recursos humanos e financeiros<br />

To<strong>da</strong> esta faixa costeira era caracteriza<strong>da</strong> por baixas densi<strong>da</strong>des demográficas, mas<br />

com uma tendência para o aumento <strong>da</strong>s médias de crescimento anual ao longo <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />

metade <strong>do</strong> séc. XVIII. Ovar e Murtosa (a norte de Aveiro), Ílhavo e Mira (a sul) apresentam<br />

taxas de crescimento notáveis e maior volume populacional <strong>do</strong> que aprópi-iaci<strong>da</strong>de de Aveirox,<br />

denotan<strong>do</strong> potenciali<strong>da</strong>des em termos de força de trabalho (para a pesca e salicultura) assim<br />

como de auineiito de consumo (nomea<strong>da</strong>mente <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong>).<br />

A "arte" <strong>do</strong> marnoto é essencial ao processo produtivo, basea<strong>da</strong> no conhecimento<br />

einpírico <strong>da</strong>s fases sucessivas de concentração e depois de cristalização, construin<strong>do</strong> uma<br />

sucessão de bacias para isolar os sais uns <strong>do</strong>s outros, ou seja, eliminá-los quan<strong>do</strong> estavam<br />

ain<strong>da</strong> em solução e recolher apenas o cloreto de sódio. Encontram-se assim menciona<strong>do</strong>s os<br />

factores fuii<strong>da</strong>mentais de produção de sal: a correlação entre condições naturais e intervenção<br />

humana, necessária, atenta e experimenta<strong>da</strong>.<br />

Dois condicionalismos se salientam nesta articulação: a perturbação climatérica e a<br />

irregulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> barra que destruía a marinha e exigia, para a sua reconstrução, uma maior<br />

quanti<strong>da</strong>de de mão-de-obra. Afalta de renovação <strong>do</strong>s grupos de trabalha<strong>do</strong>res, devi<strong>do</strong> a morte<br />

precoce ou atraí<strong>do</strong>s por outros sectores (pesca, moliço), podia agravar os custos <strong>do</strong> sector.<br />

Marnotos, assim chama<strong>do</strong>s em Aveiro, não o erain permanentemente, porque grande parte,<br />

depois <strong>da</strong> safra <strong>do</strong> sal (entre Março ou Abril, e Junho, na preparação e depois na colheita, até<br />

Setembro (Silva, Moura, 1873,298)), empregavam-se, igualmente, na pesca <strong>da</strong> Ria (Leitão,<br />

1906, 149), na lavoura, ou em outras activi<strong>da</strong>des, numa <strong>da</strong>s características fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong><br />

população liga<strong>da</strong> i Ria e ao mar, a interdependência de interesses, a acumulação de diferentes<br />

ocupações que ela proporcionava.<br />

Em finais de XVII, os 6705 meios de marinhas estima<strong>do</strong>s para Aveiro precisariam<br />

entre 450 e 700 pessoas'; em 1815, estiman<strong>do</strong>-se em 16450 meios a área <strong>do</strong> salga<strong>do</strong>, precisa-<br />

vam de, segun<strong>do</strong> o inesmo cálculo, mais de 1000 homens. Estimativa aproxima<strong>da</strong> mas que<br />

correspondia, em 1801, caso o número de indivíduos necessário se mantivesse, a quase 20%<br />

lundeiias <strong>do</strong> rio, com a boca vira<strong>da</strong> para a foz. AMA-LV, n. 7, ss. 231711763<br />

"alientem-se as seguintes taxas de crescimento ao longa <strong>do</strong> sCc.XVI11: Aveiro: -0.14, Ovar: 0.34, Munosa: 0.37,<br />

flliiivo: 0.21, Mira 0.54. Sobre estes aspeclos veja-se Amorim. 1997, 194 a 208,744 c 775 a 778.<br />

' Urna marinlia de 30 meios. segirn<strong>do</strong> c$lciilos de 1873, precisam de dum marnoto e uin moSo; quan<strong>do</strong> o sal era<br />

muito, necessitava duma ou duas miilheres pura carregar, <strong>da</strong>s tabuleiros às eiras Silva, Moura. 1873, 301: logo

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