xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> aumentar a profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> barra. Em suma, a um assoreainento de origem<br />
marítiina, a que se procurou obviar com a demolição <strong>do</strong>s açudes, contrapôr-se-ia, nesses anos,<br />
um maior assoreamento de origem fluvial.<br />
É certo que não é possível avaliar cabalmente a isenção de uns ou outros oficiais<br />
nomea<strong>do</strong>s para procederem às referi<strong>da</strong>s diligências. É possível que a nova decisão se balize<br />
em meros comprometimentos ocasionais, desta feita favoráveis aos proprietários <strong>da</strong>s azenhas.<br />
Na ver<strong>da</strong>de, e sem menosprezarmos a existência de um processo de assoreamento,<br />
ineaável à face <strong>do</strong>s testeinunhos coligi<strong>do</strong>s, e explicável à luz <strong>do</strong>s ensinamentos <strong>da</strong> geografia<br />
física, cremos que a agudização <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des invoca<strong>da</strong>s e relata<strong>da</strong>s deverá ser explica<strong>da</strong>,<br />
para além <strong>da</strong> geomorfologia, por outros factores. Referimo-nos ao aumento <strong>do</strong> cala<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
embarcações, fenóineno reconheci<strong>do</strong> para este peno<strong>do</strong> de tempo, eface ao qual as caracterkticas<br />
topográficas <strong>do</strong> porto de Vila <strong>do</strong> Conde e o perfil hidrográfico <strong>do</strong> Ave não se a<strong>da</strong>ptariam sem<br />
níti<strong>do</strong>s inconvenientes.<br />
Para<strong>do</strong>xalmente, poréin, em pleno século XVII, suportan<strong>do</strong> um projecto de construção<br />
de uin molhe junto i barra de Vila <strong>do</strong> Conde, afirniam as iiiesmas autori<strong>da</strong>des locais: " EJIL n<br />
brirra <strong>da</strong> dita Villn de Conrle fabricoir n narirleia /irrus aliçercesfir?r~es de pedra, qucfiqirrío<br />
e~n ciriin de nsoa capazes de sobre elles se crlificnr urii riiolle (sic) noiide se pode rccolhe~; e<br />
nbrignriiiriis de quazritu navios e gnlioes rle q~~iri~eiitns e riiais tonelndns, e sera (/c granclirsirrra<br />
utili<strong>da</strong>de n fazeiirln lnle Vossa Mngestufle, e rle seus vassalos, porque coiil elle.feiro, 1760 haverd<br />
[~orto etii torlrr esta costa de Porrirgnl, qire rrtell~or sejrr peru te~ril~o de irrveluo, pois iielle se<br />
l~odeni rrcol/ier os rmvios c0111 ve~itos tl~rve~~ins (sic), que sno os rorirrentosos, co~ii qrre se<br />
(>er&in mriitos em esta costa.." 27.<br />
Em suma, de uma panorâinica catastrófica, que aponta, em 1540, para um total bloqueio<br />
<strong>do</strong> porto de Vila <strong>do</strong> Conde, incapaz de acollier até eiiibarcações de pequeno porte, passa-se,<br />
uin século volvi<strong>do</strong>, a uma perspectiva megalómana, surgin<strong>do</strong> o mesino porto como capaz de<br />
albergar navios e galeões com mais de 500 tonela<strong>da</strong>s, e apontan<strong>do</strong>-se mesmo as características<br />
topogrficas <strong>da</strong> barra, tantas vezes fatídicas para a entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> de einbarcações, como<br />
favoráveis ao planeamento de um novo empreendimento: o <strong>da</strong> construção de um inolhe extenso<br />
que transforinasse a foz <strong>do</strong> Ave num <strong>do</strong>s maiores portos de abrigo <strong>do</strong> Norte de Poriugal.<br />
Como poderão os ensinamentos <strong>da</strong> geomoifologia explicar estas contradições históricas?<br />
No pressuposto de que as evoluções físicas não ocorrem senão na muito longa duraçZo, e de<br />
que os contextos históricos, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> perfil <strong>da</strong> frota naval <strong>do</strong> reino e <strong>da</strong>s estratégias<br />
de iiavegação, não se alteraram de forma a resolver os problemas cita<strong>do</strong>s, como compreender<br />
esta inversão de posicionamentos <strong>do</strong> poder local, senão ten<strong>do</strong> ein conta interesses momentâneos<br />
e estratégias contextuais? Ain<strong>da</strong> que ressalvan<strong>do</strong> a falta de objectivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s declarações<br />
dramáticas de 1540, que são, porém, confirma<strong>da</strong>s por pareceres técnicos e por representações<br />
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