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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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O Mar e os <strong>Porto</strong>s como cataliza<strong>do</strong>res<br />

de religiosi<strong>da</strong>de<br />

Geral<strong>do</strong> J. A. Coelho Dias*<br />

A Religião é uma superestrutura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e, por isso, quer se seja crente quer não,<br />

ela aparece em to<strong>da</strong>s as empresas <strong>do</strong> homem, mesmo na I<strong>da</strong>de moderna. Por conseguinte, os<br />

portos de mar não podem deixar de estabelecer uma osmose cultural com as estruturas mentais<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. E isto tanto mais quanto navegar, atravessar os mares foi sempre para os homens<br />

uma tarefa e uma sedução. É sabi<strong>da</strong> a atracção que a beira mar exerceu sobre a população<br />

portuguesa na época moderna, sobretu<strong>do</strong> depois <strong>da</strong>s Descobertas de Além-Mar, quan<strong>do</strong> os<br />

portugueses "deram mun<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong>". Os portos de embarque e chega<strong>da</strong>, nas embocaduras<br />

<strong>do</strong>s rios ou nas ensea<strong>da</strong>s <strong>do</strong> mar, tornaram-se, por isso, lugares "chamarizes" de povoamento<br />

e habitação. Isso acarretou, naturalmente, mtiitos problemas para os governantes e para os<br />

chefes <strong>da</strong> religião.<br />

Em Portugal pre<strong>do</strong>minou desde a I<strong>da</strong>de Média a religião católica. Às autori<strong>da</strong>des<br />

eclesiásticas <strong>da</strong>s Dioceses, como garantes <strong>da</strong> religião oficial instituí<strong>da</strong>, compete gerir a religião<br />

e ordenar o território <strong>da</strong>s paróquias, crian<strong>do</strong>-as, desanexan<strong>do</strong>-as de outras pré-existentes, que,<br />

porventura, com o an<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s tempos fossem relega<strong>da</strong>s para segun<strong>do</strong> plano, ultrapassa<strong>da</strong>s por<br />

lugares que Ihes ganhassem em dinamismo e crescimento populacional. Veja-se o caso <strong>da</strong><br />

paróquia <strong>da</strong> Vila de Esposende que só ganha importância em relação à antiga paróquia de<br />

Marinhas a partir <strong>do</strong> séc. XVI, quan<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> ao porto de mar junto à foz <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong>, se<br />

tornou freguesia independente e importante, a ponto de, depois, ser feita concelho. Veja-se a<br />

importância <strong>do</strong> lugar de Matosinhos, onde se construiu na foz <strong>do</strong> Leça o grande porto <strong>do</strong><br />

Norte, em relação à antiga freguesia de Bouças que suplautou e integrou.<br />

Talvez por isso, é que as autori<strong>da</strong>des de algumas povoações marítimas <strong>do</strong> séc. XVI<br />

pediam à restaura<strong>da</strong> Congregação Beneditina Portuguesa para fun<strong>da</strong>rem mosteiros nas suas<br />

terras <strong>da</strong> beira mar. Foi assim em Aveiro, em 1599, quan<strong>do</strong> a Câmara <strong>da</strong>então Vila escreveu ao<br />

rei Filipe I1 e ao bispo de Coimbra a pedir licença para os beneditinos ali fun<strong>da</strong>rem mosteiro,<br />

oferecen<strong>do</strong> terreno e uma igreja. Pouco depois, o Pe. Manuel Gonçalves, que tinha fun<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

um hospício com a invocação de S. Jacinto, junto à barra, ofereceu-o ao Geral <strong>do</strong>s Beneditinos,<br />

Fr. Pedro de Basto (Capítulo Geral, Maio de1602 e Junta de Pombeiro, 20(VIIV1602)1. Mas,<br />

os monges não quiseram ir para acosta e pediram a Igreja <strong>da</strong> VeraCruz na ci<strong>da</strong>de, que não lhes<br />

foi concedi<strong>da</strong>, o que fez abortar o pedi<strong>do</strong>2, ten<strong>do</strong> os monges vendi<strong>do</strong>, no governo <strong>do</strong> abade<br />

Geral Fr. Vicente Range1 (1659-62), terras e vinhas que, entretanto, tinham compra<strong>do</strong>. Foi<br />

'Facul<strong>da</strong>de de Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Parto<br />

' Liiw <strong>do</strong>s Copirrilos Geram, 1570-1611, Bezerro N" 1, Cádice <strong>do</strong> Arquivo de Singeverga.<br />

'ASCENSÃO, Fr Marceliano <strong>da</strong> - Coronicn <strong>do</strong> Aitrigo, Rcnl e Pnlnriiio Mosreiro de S. Marriiibu de 7iDães. F1.292,<br />

300-303: 305; 386: 444, Ms <strong>da</strong> Arquivo de Singevergu

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