xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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A EVOLUÇÃO DO LITORAL EM TEMPOS HISTÓRICOS<br />
Neste momento, se leriiios os jornais ou ouvirnios a televisão é difícil haver uiii dia em<br />
que não haja unia referência explícita aos malefícios <strong>do</strong> efeito de estufa. A questão já não é<br />
exclusivamente técnica ou científica e tornou-se essencialinente política, o que não contribui,<br />
de mo<strong>do</strong> neiiliiiin, para o esclarecimento público, já que, sen<strong>do</strong> a matéria muito complexa e<br />
estan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> muita coisa em aberto, os argumentos nuin ou noutro senti<strong>do</strong>, podem ser usa<strong>do</strong>s<br />
de foriiia capciosa. Seiii querer entrar na discussão, parece-nos, to<strong>da</strong>via, que alguinas<br />
informações sobre a variação de C02 na atinosfera, no passa<strong>do</strong>, podein enquadrar e perspectivar<br />
inellior a variação exisleiite no presente.<br />
A aiiálise <strong>da</strong> fig. 5 (C. Lorius, 1993) que representa a variação <strong>da</strong> temperatura e <strong>do</strong><br />
conteú<strong>do</strong> em C02 e metano (CH4) na atinosfera nos últiinos 150.000 anos mostra uin<br />
paralelismo claro entre estas três variáveis. A tendência imediata será dizer que efectivamente<br />
são os gases coin efeito de estufa que provocaram o auinento de temperatura. Só que é preciso<br />
explicar coino é que aunientarain as percentagens desses gases. Seguramente não foi por<br />
qualquer efeito antrópico, porque nessa altura os Iiomens desconheciain, como é óbvio, a<br />
utilização iiitensiva <strong>do</strong>s coinbustíveis fósseis.. .<br />
A grande variabili<strong>da</strong>de climática <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e, sobi-etu<strong>do</strong>, a existêiicia de eveiitos<br />
extremos e de iiiu<strong>da</strong>nças bruscas só começou a ser perfeitaluente entendi<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> foi possível<br />
fazer tima estratigrafia fina <strong>do</strong>s sediiiientos <strong>do</strong>s ftiii<strong>do</strong>s oceânicos (A. Goudie, 1992) e <strong>do</strong> gelo<br />
<strong>da</strong>s grandes calotes glaciares <strong>da</strong> Gronelândia (E. Le Roy Ladurie, 1983) e <strong>da</strong> Antárti<strong>da</strong> (C.<br />
Lorius, 1993).<br />
O carácter recente destas descobertas só vem reforçar a dificul<strong>da</strong>de <strong>do</strong> público em<br />
geral em riçeilar os transtorlios decorrentes <strong>da</strong> meteorologia coriio decorrentes <strong>do</strong> "ruí<strong>do</strong>" ou<br />
<strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de natural <strong>do</strong> clima (M. J. Alcofora<strong>do</strong>, 1999).<br />
IIltimarneiite, a teoria de Milankovitch (J.-C. Duplessy, P. Morel, 1990) foi recupera<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> ter-se verifica<strong>do</strong> que inuitas <strong>da</strong>s variações clinxíticas são cíclicas e que inuitos destes<br />
ciclos se encaixa111 bastante bem nos ciclos de activi<strong>da</strong>de solar (l l anos) e noutros, muito mais<br />
longos que têm a ver coin a precessão <strong>do</strong>s equinócios, a inclinaçáo <strong>do</strong> eixo <strong>da</strong> Teri-a e a<br />
exceiitrici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> eclíptica. Assim, Iiá cerca de 6000 anos, devi<strong>do</strong> à precessjo <strong>do</strong>s equinócios,<br />
a Terra estava mais perto <strong>do</strong> Sol <strong>do</strong>rante o verão <strong>do</strong> hemisfério Norte. Daí resultavain verões<br />
mais quentes e inveriios mais frios. Esta combiiiação corresponde a uin clima hoje inexistente<br />
(S. Joussaume e 1. Guiot, 1999). No Iieinisfério Sul, pelo contrário, os invernos seriain inenos<br />
frios e os verões inais frescos.<br />
O crescente interesse pelas causas de tipo astronómico <strong>da</strong>s variações e mu<strong>da</strong>nças<br />
climAticas é bem traduzi<strong>do</strong> pelo artigo encontra<strong>do</strong> em:<br />
http:llwww.inicrotech.com.au/<strong>da</strong>lylsol~htm<br />
A "Pequena I<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Gelo" estendeu-se de 1550 a 1850. Correspondeu a uma fase em<br />
que as manchas solares quase desaparecerain ("mínimo de Maunder"). Duraiite este perío<strong>do</strong><br />
verificou-se uin acentua<strong>do</strong> arrefecimento climático, que correspoiideu a uin avanço, por vezes<br />
inuito rápi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s glacial-es de montanha (E. Le Roy Ladurie, 1983). Como é visível na fig. 4,<br />
este facto col~espondeu a uma desci<strong>da</strong> <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar que prosseguiu até pouco aiites de<br />
1850, quan<strong>do</strong> o nível marinho começou a subir.<br />
O traballio de M. João Alcofora<strong>do</strong> (1999) trata, justamente, <strong>da</strong>s variações climáticas<br />
eiii Portugal, no perío<strong>do</strong> entre 1675 e 1715 (Late Maunder Minimum). Nas respectivas