xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Recursos marítimos e tecnologia no séc. XVIII<br />
- pesca, sal e moliço no litoral e na Ria de Aveiro "<br />
Inês A morim*"<br />
A exploração <strong>do</strong>s recursos marítimos requer conhecimento <strong>da</strong> sua existência, procura<br />
<strong>do</strong>s produtos e tecnologia para os extrair, no momento ou na conjuntura económica propícia<br />
(Laughton, 1996). o que pressupõe a articulação entre tecnologia, oportuni<strong>da</strong>de económica<br />
(oferta e procura), agentes, instituições e processos, numa matriz complexa de ordem social,<br />
económica, política e cultural (Marx, Smith, 1996)'.<br />
Nesta acepção, entendemos a tecnologia não como um factor único,persi, mas inseri<strong>da</strong><br />
num contexto tecnológico, o <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças opera<strong>da</strong>s por indivíduos, em intrinca<strong>da</strong>s redes<br />
sociotécnicas.<br />
Esta perspectiva aplica-se a um espaço concreto - o litoral de Aveiro (de Ovar a Mira)<br />
articula<strong>do</strong> com a Ria de Aveiro, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de recursos potencialmente exploráveis?. O sal é um<br />
<strong>do</strong>s vértices que compõem o triângulo produtivo, associa<strong>do</strong> à pesca e ao moliço, repositórios<br />
de vivências ancestrais que parecem articular-se na segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> séc. XVIII. Uma <strong>da</strong>s<br />
características fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> produção <strong>do</strong> sal é, tal como na pesca, a irregulari<strong>da</strong>de, de ano<br />
para ano, no decurso <strong>do</strong> mesmo Verão, de um lugar para o outro. Tal constatação baseia-se na<br />
observação de um conjunto de factores que intervêm nos montantes produzi<strong>do</strong>s: condições<br />
climáticas, acesso às águas e marés salga<strong>da</strong>s, técnicas de trabalho, perícia <strong>da</strong> mão-de-obra,<br />
características <strong>da</strong> administração e exploração <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de produção, etc.. Contu<strong>do</strong>, o<br />
aumento ou a diminuição <strong>da</strong> área <strong>da</strong>s salinas e de moliço, ou mesmo <strong>da</strong> captura de peixe, não<br />
depende apenas <strong>da</strong>s condições de acesso ao mar. Depende, e muito, <strong>do</strong> apelo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. A<br />
análise destes recursos obedecerá, por consequência, a uma grelha de abor<strong>da</strong>gem que se<br />
procurará aplicar:<br />
Indica<strong>do</strong>r espacial<br />
Indica<strong>do</strong>r tecnológico<br />
Indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s recursos humanos e financeiros<br />
Indica<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s infra-estruturas económico-técnicas<br />
'Este trabalho insere-se no projccto HISPORTOS -Para n História <strong>da</strong> Canstruçiio <strong>da</strong>s portos <strong>do</strong> Noroeste de Portu-<br />
gdl ao longo <strong>da</strong> época moderna, Sapiens 99. Abreviaturas utiliza<strong>da</strong>s: "ADA - O Arquivo <strong>da</strong> Distririil de Aveiro,<br />
ANlT - Arqliivo Nacional <strong>da</strong> Tone <strong>do</strong> Tombo, AMA - Arquivo Municipal de Aveira, ASCMA- Arquivo <strong>da</strong> Santa<br />
Casa <strong>da</strong> Misericórdia de Aveiro, BMA - Biblioteca Municipal dc Aveiro, BPMP-Res - Biblioteca Pública Municipal<br />
<strong>do</strong> Porlo, Reserva<strong>do</strong>s, DP-Dcsembargo <strong>do</strong> Pqo, LV - Livro de Vereações, MR- Ministério <strong>do</strong> Reino, SN - Secção<br />
Notarial.<br />
I Tenha-se iiindn en> canta a possibili<strong>da</strong>de de um esgotarnentõdc tais recursos, seja porque ;c desconhecem os limites<br />
<strong>do</strong> ecassistemu biológica, químico, geológico, etc, seja pelos efeitos incipientes ou perversos <strong>da</strong> tecnolagia, seja pela<br />
irregulari<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s inerca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />
' Vd. neste volume, o mapa conti<strong>do</strong> em Amorim, Inês - O porto