xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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<strong>da</strong> população deAveirol". Evidentemente que se trata duma ocupação sazonal, e com frequên-<br />
cia se afirma que to<strong>da</strong> uma população, em re<strong>do</strong>r de Aveiro, beneficia deste sector, especial-<br />
mente, <strong>do</strong> vizinho concelho de ílhavo (Ma<strong>da</strong>hil, 1959,265).<br />
Além <strong>do</strong>s marnotos ain<strong>da</strong> era costume, até há bem pouco tempo, contratar moços por<br />
altura <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> Feira de Março, a 25, na chama<strong>da</strong> Feira <strong>do</strong>s Moços, oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s zonas<br />
ribeirinhas de Aveiro, Gafanha, Vagos, Mira, e igualmente <strong>do</strong> Alto Douro e Trás-os-Montes<br />
(Peliz, 1985, 270), o que talvez justifique que, ao longo de XVIII, os noivos, casa<strong>do</strong>s na<br />
freguesia de Apresentação de Aveiro (uma <strong>da</strong>s quatro freguesias que constituíam a área <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de), reduto de marnotos, fossem em 54% <strong>do</strong>s casos oriun<strong>do</strong>s de outras locali<strong>da</strong>des. Mais<br />
ain<strong>da</strong>, o quociente almas/fogos em 1801 era, naquela mesma freguesia de 4.3, quase 1 ponto<br />
acima <strong>da</strong>s restantes, assim como a percentagem <strong>do</strong> grupo de i<strong>da</strong>des entre 1-24 era a mais alta<br />
de to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de (Amorim, 1997, cap. 4).<br />
A contratação <strong>do</strong>s moços obedecia a critérios de experiência. Só depois de 5 safras de<br />
sal é que o moço estaria devi<strong>da</strong>mente habilita<strong>do</strong> e contrata<strong>do</strong> como tal. As suas i<strong>da</strong>des, como<br />
as <strong>do</strong>s marnotos, variam muito, embora a dureza <strong>do</strong> trabalho, a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s operações,<br />
aferi<strong>da</strong>s a olho nu, exigissem uma longa aprendizagem e madureza de raciocínio. Logo se<br />
calcula que a perturbação <strong>do</strong>s grupos mais jovens, ora por acidentes (morte), ora atraí<strong>do</strong>s por<br />
outros sectores (pesca, moliço), pudesse quebrar um sector, basea<strong>do</strong> numa longa aprendiza-<br />
gem. Parecia haver uma distribuiçáo de tarefas, conforme a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> operação: ao<br />
marnoto cabiam as operações de "bulir; quebrar e governar as ríguas"; o moço podia rer o sal,<br />
ou seja, começar a arrastá-lo para os tabuleiros, embora com cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, a fim de não destruir o<br />
fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> marinha e sujar o sal. Daqui, era carrega<strong>do</strong> para as eiras por moços, marnotos e<br />
mulheres "carregarleiras" (Leitão, 1944, 89).<br />
As marinhas eram proprie<strong>da</strong>de fortemente fragmenta<strong>da</strong>, possuí<strong>da</strong>s, fun<strong>da</strong>mentalmente,<br />
por gente de Aveiro, socialmente dividi<strong>da</strong> entre uma oligarquia dirigente (entre a Câmara e a<br />
Misericórdia), Conventos e Clero Regular. Gente estranha à vila, alta nobreza, grandes<br />
concentrações, são a excepção. Os Conventos e a Misericórdia de Aveiro apresentam maior<br />
capaci<strong>da</strong>de de concentração de marinhas, atenden<strong>do</strong> às próprias características de formação<br />
patrimonial, basea<strong>do</strong> em <strong>do</strong>ações pie<strong>do</strong>sas, instituição de capelas, ou <strong>do</strong>tes (Amorim, 1997,<br />
cap.6). Para os ancestrais proprietários, se o prestígio e a tradição de um património<br />
geracionalmente transmiti<strong>do</strong> podia justificar a permanência <strong>da</strong>s marinhas na posse <strong>da</strong> mesma<br />
famfiia, a ver<strong>da</strong>de é que as marinhas também funcionavam como proprie<strong>da</strong>de de recurso, na<br />
espectativa <strong>da</strong> subi<strong>da</strong> compensa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s preços (Delafosse, Laveau, 1960, 30).<br />
Parece-nos, contu<strong>do</strong>, que o movimento de concentração de marinhas em instituições,<br />
já de si grandes proprietárias (Misericórdia e Conventos), o reforço de algumas fortunas e<br />
mesmo o surgimento de novos proprietários, na segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> séc. XVIII, seriam as<br />
respostas pragmáticas às dificul<strong>da</strong>des em suportar os custos de tratamento, conservação e<br />
produção duma marinha. Tal foi claramente exposto pelos responsáveis administrativos <strong>do</strong><br />
Mosteiro de Jesus e <strong>da</strong> Misericórdiade Aveiro que indicam a dificul<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s pequenos propri-<br />
etários em trabalhar as suas micro-parcelas, acaban<strong>do</strong> por aban<strong>do</strong>ná-las.<br />
As safras no mar, por seu la<strong>do</strong>, duravam apenas de Maio a Dezembro, quan<strong>do</strong> muito,<br />
6705:30 meios= 223.5~<br />
2 = 447 homens; 223.53 = 670.5 Iiomens.<br />
'"m 1801 Avelro possuía 3793 almas, onde se incluem menores de 7 anos, como se lê in Amarim, 1997, cap.4 <strong>da</strong> I