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xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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AS COMUNIDADES LITORÂNEAS DE SET~BAL E LISBOA<br />

Henrique oficializaria, por alvará de 11 de Dezembro de 157S3, ao institucionalizar governos<br />

oligárquicos que administrariam em sistema de rotativi<strong>da</strong>de e aitemância os <strong>do</strong>is principais<br />

órgãos <strong>do</strong> poder local: a Câmara Municipal e a Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia.<br />

As consequência mais evidentes <strong>do</strong> ciclo expansionista <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> sal não eram,<br />

contu<strong>do</strong>, as centra<strong>da</strong>s nas instituições e nos indivíduos mas as que tinham altera<strong>do</strong> a geografia<br />

urbana de Setúbal e reorganiza<strong>do</strong> a ocupação <strong>do</strong> espaço de acor<strong>do</strong> com as necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s<br />

novos tempos. Do ponto de vista estritamente quantitativo, a atenção focalizava-se na Igreja,<br />

muito particularmente nas ordens regulares que, no tempo considera<strong>do</strong>, aumentaram de <strong>do</strong>is<br />

para treze o número de conventos. Analisa<strong>do</strong>s individualmente os processos fun<strong>da</strong>cionais de<br />

to<strong>da</strong>s as casas religiosas, foi possível constatar que a maior fatia <strong>do</strong> seu património tinha si<strong>do</strong><br />

adquiri<strong>da</strong> na sequência <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de espaços tumulares e constituição de contratos para<br />

celebração de missas diárias pelas almas <strong>da</strong>s grandes famílias com interesses no comércio<br />

salineiro. A restante parte era composta por uma multiplici<strong>da</strong>de de pequenas fun<strong>da</strong>ções<br />

instituí<strong>da</strong>s em foros ou juros que, quase sempre, custeavam um reduzi<strong>do</strong> número de missas a<br />

cujo pagamento ficava vincula<strong>da</strong> uma determina<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de. Quan<strong>do</strong> o ângulo de observação<br />

se deslocou <strong>do</strong>s conventos para as confrarias - cujo número passou de quatro (até 1500), para<br />

quarenta (no século XVIII) -, a única diferença regista<strong>da</strong> prendia-se com a natureza <strong>da</strong>s próprias<br />

instituições, mais vocaciona<strong>da</strong>s para exercerem funções de guar<strong>da</strong><strong>do</strong>ras de almas <strong>do</strong> que de<br />

corpos. Quanto ao mais, tu<strong>do</strong> se passava exactamente <strong>da</strong> mesma forma.<br />

2. Uma rápi<strong>da</strong> avaliação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s acima expostos permitiu a imediata formulação de<br />

duas conclusões totalmente objectivas: primeiramente que, em termos globais, o século XVII<br />

fora para Setúbal um tempo de prosperi<strong>da</strong>de, e que essa prosperi<strong>da</strong>de alicerçara um processo<br />

de transfomação multidireccional que fortalecera a Igreja quer quanto ao número de instituições<br />

quer quanto às fontes de rendimento. Em segun<strong>do</strong> lugar, que este ciclo ascendente ocorrera<br />

durante o perío<strong>do</strong> de maior ofensiva catequética e evangeliza<strong>do</strong>ra tridentina e que só um<br />

estu<strong>do</strong> relaciona1 o aju<strong>da</strong>ria a compreender na sua complexi<strong>da</strong>de.<br />

Mas a questão mais pertinente que emergia <strong>do</strong> vastíssimo informe de <strong>do</strong>cumentação<br />

compulsa<strong>da</strong> era saber se a coincidência temporal deste eventos - quejixava o Purgatório,<br />

enquanto fun<strong>da</strong>ção de missas perpétuas, no século XVII - era um fenómeno local, resultante<br />

<strong>da</strong> especifici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> sal, ou se se tratava de um comportamento generaliza<strong>do</strong><br />

mas ain<strong>da</strong> desconheci<strong>do</strong> por não existirem estu<strong>do</strong>s perspectiva<strong>do</strong>s na longa duração.<br />

Independentemente <strong>da</strong> resposta que a questão viesse a ter, urgia saber quais tinham si<strong>do</strong> as<br />

suas implicações no contexto mais vasto <strong>da</strong> economia nacional.<br />

Por várias razões, na altura não foi possível responder a estas perguntas. E, em abono<br />

<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, desde então pouco mais se avançou. Em to<strong>do</strong> o caso, não faltam elementos de<br />

ponderação que podem aju<strong>da</strong>r a gizar as várias componentes de um problema que preocupou<br />

mais o poder político <strong>da</strong> altura <strong>do</strong> que os historia<strong>do</strong>res actuais: a dimensão <strong>da</strong> amortização<br />

'Face à desordem instala<strong>da</strong> na ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> sal. o dioloma considerava aue o melhor a fazer seria eleeer em Câmara<br />

Abria c <strong>do</strong> Corpo, p. 41

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