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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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Cumpri<strong>da</strong> a missão, que se encerrou com o retorno a Viena a 1º de junho de 1818,<br />

entrega Thomas Ender o grande conjunto documental que organizou nos dez meses<br />

passados no Brasil.<br />

Tal documentação compunha-se de cerca de 700 desenhos e aquarelas, que ficaram<br />

sob a guar<strong>da</strong> do Imperial Museu de História Natural até a criação, pouco depois,<br />

pelo já citado dr. Karl von Schereibers, do Museu Brasileiro, que incluía todo o repositório<br />

de espécies raras envia<strong>da</strong>s pelos exploradores-cientistas e que se encontra relacionado<br />

no raríssimo livro Nachrichten von den Kaiserlich-Königlich Österreischichen<br />

Naturforschen in Brasilien und Resultaten ihrer Betribsamkeit.<br />

O Real Museu do Brasil, ímpar na sua especiali<strong>da</strong>de, fun<strong>da</strong>do por ordem de Francisco<br />

I, imperador <strong>da</strong> Áustria e pai <strong>da</strong> arquiduquesa, mais tarde imperatriz do Brasil,<br />

teve efêmera duração, sendo após dez anos fechado e a bagagem científica transferi<strong>da</strong><br />

para acomo<strong>da</strong>ções equivalentes no palácio real que, em 1848, por ocasião dos acontecimentos<br />

políticos em Viena, foi incendiado, sofrendo a ciência per<strong>da</strong> irreparável.<br />

Entretanto, melhor e mais seguro destino havia sido <strong>da</strong>do à coleção dos originais<br />

de Thomas Ender. Em vista de sua projeção artística e do novo posto assumido de professor<br />

<strong>da</strong> Academia de Belas Artes, que alcançara em 1836, foram suas aquarelas transferi<strong>da</strong>s<br />

naquela oportuni<strong>da</strong>de para a biblioteca <strong>da</strong> instituição de ensino artístico. Ficou<br />

dessa forma preservado para a posteri<strong>da</strong>de o importante conjunto.<br />

Porém, apesar de algumas peças figurarem na mostra do artista realiza<strong>da</strong> no ano de<br />

1895, e de algumas pranchas, reproduzi<strong>da</strong>s em cobre por afamados gravadores, figurarem<br />

assina<strong>da</strong>s nos álbuns que acompanham os diários <strong>da</strong> viagem de Spix e Martius e também<br />

Pohl, não despertou a obra de Ender a atenção dos estudiosos de assuntos brasileiros.<br />

Os raros que se detiveram no estudo <strong>da</strong>s expedições científicas ao Brasil, pouca<br />

ou nenhuma referência fazem ao nome de Ender e na<strong>da</strong> encareceram relativamente ao<br />

seu valioso documentário ou ao aspecto artístico de sua obra. Não obstante, há vários<br />

anos foi incorporado ao acervo <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> um álbum de esboços: desenhos<br />

a lápis e aquarela, apontamentos para os trabalhos definitivos, que fora adquirido em<br />

1937 pelo então diretor, dr. Rodolfo Garcia.<br />

Somente no ano de 1950, graças à exposição realiza<strong>da</strong> em Viena, pelo dr S. Freiberg,<br />

diretor <strong>da</strong> biblioteca <strong>da</strong> Akademia der Bildenden Künste, tiveram as aquarelas a<br />

devi<strong>da</strong> projeção, seguindo-se várias notícias publica<strong>da</strong>s em jornais brasileiros sobre a<br />

importância de tais documentos para o estudo do Brasil no século XIX.<br />

Em 1954, graças à compreensão do governo austríaco, foi possível trazer ao Brasil<br />

uma seleção <strong>da</strong>s aquarelas, que figuraram em São Paulo na Exposição do IV Centenário,<br />

no Ibirapuera, e no Rio de Janeiro, nas vitrines <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, ficando o grande<br />

público ciente <strong>da</strong> importante contribuição iconográfica vin<strong>da</strong> a lume.<br />

Datam de então as primeiras publicações brasileiras referentes ao artista vienense,<br />

cujo sesquicentenário de viagem ao Brasil se completa neste ano de 1968. (Ender<br />

permaneceu em terras brasileiras de julho de 1817 a maio de 1818.)<br />

O álbum de desenhos de Thomas Ender, adquirido pela <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>,<br />

compõe-se de 72 folhas numera<strong>da</strong>s sendo uma repeti<strong>da</strong> (62 bis), quatro de guar<strong>da</strong>,<br />

mais a capa encaderna<strong>da</strong> em papelão forrado de papel marmorizado contendo dizeres<br />

em alemão bastante esmaecidos e rasurados.

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