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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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colega de universi<strong>da</strong>de João <strong>da</strong> Silva Feijó, para, respectivamente, em Angola e Moçambique,<br />

realizar estudos, coletas e pesquisas que se pretendiam em tudo semelhantes<br />

as que processariam na Amazônia, durante os nove longos anos que ali permaneceu o<br />

filósofo-naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira.<br />

Ain<strong>da</strong> não foram encontra<strong>da</strong>s as instruções específicas <strong>da</strong><strong>da</strong>s a Alexandre Rodrigues<br />

Ferreira para empreender sua expedição. Conhece-se por citação o documento<br />

que se intitula Hé com que <strong>da</strong> corte se faz partir a Expedição Filosófica e que<br />

regula o método de seus trabalhos e de suas operações. Certamente tais instruções,<br />

que diziam respeito minuciosamente ao trajeto a ser percorrido, foram, como sabemos,<br />

completa<strong>da</strong>s com a correspondência manti<strong>da</strong> com os governadores e capitães<br />

generais <strong>da</strong>s Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro e Mato Grosso, que, em alguns casos,<br />

determinavam quais os rios a subir e quais os trajetos e aspectos <strong>da</strong> natureza que<br />

deveriam ser observados.<br />

Para fins de coleta, observação e remessa de sua ativi<strong>da</strong>de, deve o filósofo-naturalista<br />

ter se prendido às determinações publica<strong>da</strong>s pela Academia <strong>da</strong>s Ciências de<br />

Lisboa, em 1781, constantes do folheto intitulado Breves instruções aos correspondentes<br />

<strong>da</strong> Academia <strong>da</strong>s Ciências de Lisboa, sobre a remessa de produtos e notícias<br />

pertencentes à história <strong>da</strong> natureza para formar um Museu <strong>Nacional</strong> (Lisboa: Regia<br />

off, Typografia, 1781). Trabalho este que se encontra copiado a mão, entre os documentos<br />

que se encontram, hoje, na Seção de Manuscritos <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>.<br />

A viagem na charrua Águia Coração de Jesus, inicia<strong>da</strong> a 1º de setembro de<br />

1783, levou 51 dias de navegação. Compunham a expedição, além do chefe, dois desenhistas,<br />

José Joaquim Freire e Joaquim Codina, e um jardineiro botânico, José<br />

Agostinho do Cabo. Os dois primeiros encarregados de registrar em desenhos o material<br />

coletado bem como as paisagens – prospectos, como então se dizia. O jardineiro<br />

botânico se ocuparia <strong>da</strong> coleta de plantas, sua secagem, prensagem e embalagem<br />

para o envio a Portugal. Na região, isto é, na Amazônia, seriam contratados os demais<br />

empregados: índios remeiros, para dirigir as canoas, auxiliares para os trabalhos dos<br />

pesquisadores, caçadores, cozinheiro e, para trabalhos de administração e de material<br />

relacionado e copistas, outro encarregado; todos recebiam diárias.<br />

1º Capítulo<br />

Em outubro de 1783 inicia sua primeira excursão. Depois de instalado na ci<strong>da</strong>de<br />

de Santa Maria de Belém do Grão do Pará, sede <strong>da</strong> capitania, o cientista orienta seu<br />

trajeto para a Ilha de Marajó e cercanias, conheci<strong>da</strong>s pela riqueza de sua fauna e flora,<br />

pelo emaranhado dos rios na Mesopotâmia amazônica. Aí visita algumas vilas, anteriormente<br />

núcleos de missões franciscanas, jesuíticas e carmelitas.<br />

Dessa viagem resultou um de seus estudos de observação, intitulado Notícia <strong>da</strong><br />

Ilha Grande de Joannes ou Marajó e ain<strong>da</strong> a Notícia sobre o estado atual <strong>da</strong> agricultura<br />

no Pará, consequência <strong>da</strong>s observações havi<strong>da</strong>s durante as visitas às diversas fazen<strong>da</strong>s<br />

de plantação de arroz, as de culturas diversas, as olarias, aos fornos de cal, ao exame<br />

<strong>da</strong> pecuária, em especial bovinos (observa que enquanto a ci<strong>da</strong>de de Belém carecia de<br />

carne verde, em Marajó matava-se o gado apenas para a utilização do couro); analisa<br />

a fabricação de anil, planta comum na região e os canaviais que na maioria serviam<br />

apenas para a fabricação de aguardente. Faz, ain<strong>da</strong>, observações sobre as populações<br />

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