Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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do morro de Paulo <strong>da</strong> Caieira (posteriormente Livramento). Distinguem-se, na vasta<br />
planura toma<strong>da</strong> pelo campo, as acomo<strong>da</strong>ções e construções do quartel do 2º Regimento<br />
onde atualmente se levanta o majestoso Ministério <strong>da</strong> Guerra, logo em primeiro plano;<br />
à direita a pequenina Igreja de Santana, palco de grandiosas festas religiosas dos escravos,<br />
durante o século XVIII, e que foi <strong>da</strong>li transferi<strong>da</strong> quando em 1858 se inaugurou a<br />
Estra<strong>da</strong> de Ferro Central do Brasil. No vazio que era passagem ligando as ruas centrais<br />
ao caminho do Aterrado ou <strong>da</strong>s Lanternas, vê-se arma<strong>da</strong> a Praça dos Curros, segundo<br />
os planos do arquiteto <strong>da</strong> Missão Artística Francesa, Grandjean de Montigny, onde se<br />
desenrolaram os festejos populares de corri<strong>da</strong>s de touros e argolinhas, e o palacete, ambos<br />
construídos em 1817 para as festivi<strong>da</strong>des do casamento de d. Pedro e d. Leopoldina<br />
e Aclamação de d. João VI – <strong>da</strong>quele prédio a família imperial assistiu aos festejos e às<br />
<strong>da</strong>nças militares que tiveram lugar no Campo. Delineado minuciosamente o traçado do<br />
jardim, ao qual dedicava interesse especial o intendente de Polícia, Paulo <strong>Fernandes</strong><br />
Viana, e cuja descrição se pode ler nas crônicas do famoso Padre Perereca, Luiz Gonçalves<br />
dos Santos, nas suas Memórias para servir à história do Reino do Brasil... Ao longe<br />
a ci<strong>da</strong>de até a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> barra, o morro de Santa Teresa e os Arcos.<br />
O segundo desenho, <strong>da</strong> mesma origem, documenta um trecho <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de nas imediações<br />
do litoral entre os morros <strong>da</strong> Saúde e Valongo, com seus trapiches e residências.<br />
Até <strong>da</strong>ta recente foram estes desenhos atribuídos a Frubeck, mas novos estudos baseados<br />
no estilo gráfico nos levaram a reconsiderar o anonimato de sua autoria, desprezando<br />
as anteriores considerações.<br />
De Joaquim Cândido Guillobel, cuja biografia e estudos referentes aos tipos de rua já<br />
têm sido bastante divulgados, adquiriu a Seção de Iconografia, há sete anos, uma paisagem<br />
– Praia de Botafogo. Aquarela de tonali<strong>da</strong>des escuras, onde a orla marítima se ponteia de<br />
pequenas casas de telhados de duas águas, porta e janela, e duas residências apalaceta<strong>da</strong>s<br />
com enormes chácaras, destacando-se em último plano o maciço do Corcovado.<br />
Traz as seguintes anotações: "Desenhado por J. C. Guillobel em 181... Copiado do<br />
natural, por J. de C. Moreira", anotações estas que se prestam a interpretações dúbias,<br />
ficando ain<strong>da</strong> questão aberta em relação à paterni<strong>da</strong>de do original.<br />
De autor indeterminado são quatro aquarelas com dizeres em inglês, nas quais<br />
tipos de rua são fixados pelo documentarista – vendedor de mexilhões, escravo carregador<br />
de água, escrava vendedora de aves e vendedor de leite. Desenhos minuciosos como<br />
em geral só os amadores se preocupam em fazê-los, podem ser enquadrados na déca<strong>da</strong><br />
de 1840; trazem uma numeração que deveria corresponder a um conjunto muito maior,<br />
mas que até agora nos é desconhecido, salvando-se apenas os quatro citados, que foram<br />
adquiridos pela <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> em 1932.<br />
De Johann Moritz Rugen<strong>da</strong>s a peça de mais importância, por ser desenho de<br />
sua lavra, é a Cascatinha <strong>da</strong> Tijuca, assina<strong>da</strong> e <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1824. O espírito naturalista<br />
domina a paisagem e se pode admirar a excelência do desenho. Sobre Rugen<strong>da</strong>s há<br />
muitas informações bibliográficas bem como reproduções de sua clássica obra Viagem<br />
pitoresca ao Brasil.<br />
Ludwig Czerny, pintor e litógrafo, antigo aluno e depois professor <strong>da</strong> Academia<br />
de Viena, figura com um excelente desenho adquirido há alguns anos para enriquecimento<br />
<strong>da</strong>s coleções <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> – a Igreja <strong>da</strong> Glória – no qual se pode ad-<br />
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