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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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Formado em Direito pela Universi<strong>da</strong>de de Coimbra, estabeleceu-se na Capitania<br />

de Minas Gerais, onde exerceu cargos de evidência, privando <strong>da</strong> amizade do visconde de<br />

Barbacena, governador <strong>da</strong> capitania.<br />

Conforme assinala documento publicado na Revista do Arquivo Público Mineiro,<br />

foi ele vereador <strong>da</strong> Câmara de Vila Rica, tendo ali discursado a 22 de maio de 1792,<br />

ocasião em que se expunha à execração pública, na praça central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a cabeça de<br />

Tiradentes – um mês após seu suplício. O discurso exalta o despotismo reinante e elogia<br />

a medi<strong>da</strong> punitiva que recebeu o herói <strong>da</strong> Inconfidência Mineira.<br />

Nas festas que marcaram o infausto acontecimento e realiza<strong>da</strong>s por determinação<br />

real, protestou fideli<strong>da</strong>de e obediência ao rei e ao governador <strong>da</strong> capitania,<br />

<strong>da</strong>ndo publicamente provas de submissão e inocência no discurso assistido por to<strong>da</strong>s<br />

as cama<strong>da</strong>s representativas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de: o general, o bispo, a nobreza e o povo<br />

de Vila Rica.<br />

Sua atuação nos acontecimentos é discuti<strong>da</strong> pelos historiadores. Se por um lado<br />

Xavier <strong>da</strong> Veiga o incrimina – cúmplice e desleal para com os inconfidentes – é, já<br />

decanta<strong>da</strong> a história mineira, defendido por seu descendente Diogo Luís de Almei<strong>da</strong><br />

Vasconcelos, que se baseia nos depoimentos prestados por ocasião <strong>da</strong> Devassa: "por<br />

ter sido preso, julgaram-no inconfidente; por ter sido solto, julgaram-no desleal, supondo<br />

que se defendesse à custa dos companheiros". "Seu depoimento está aí bem<br />

patente, apenso à Devassa para vermos como se saiu honra<strong>da</strong>mente sem nem de leve<br />

ao menos comprometer a quem quer que fosse. O Dr. Diogo, porquanto não falou de<br />

oferecido, e sim por obrigação de cargo, sendo o primeiro vereador <strong>da</strong> Câmara, por<br />

cuja conta se mandou fazer a festa..." 9<br />

7. A obra literária<br />

Arrefecidos os ânimos, embora muitos não esquecessem sua atuação nos acontecimentos<br />

anteriores, Diogo Pereira de Vasconcellos continua exercendo cargos de evidência<br />

que também lhe permitem dedicar-se à história e às belas-letras.<br />

Escreveu uma Breve descrição geographica, physica e política <strong>da</strong> Capitania de<br />

Minas Geraes dedica<strong>da</strong> ao governador e capitão-general d. Pedro Maria Xavier de Ataide<br />

e Mello, do qual guar<strong>da</strong> a <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> o original e duas cópias manuscritas.<br />

Borba de Moraes cita ain<strong>da</strong> folheto dedicado à esposa do referido governador, "d. Maria<br />

Mag<strong>da</strong>lena Leite de Soiza Oliveira e Castro, no dia de seu natalício". 10<br />

De suas ativi<strong>da</strong>des literárias, destaca-se o folheto conhecido como Canto encomiástico,<br />

cujos versos, também escritos em homenagem ao referido governador <strong>da</strong>s Minas Gerais,<br />

compõem-se de oitavas heterorrítmicas, esquema fixo de rimas, de estrutura uniforme.<br />

O argumento se detém na personali<strong>da</strong>de do homenageado e o poeta menor inicia<br />

os versos com uma súplica à inspiração divina:<br />

Faze que possa modular no metro<br />

Digno varão d’altisonante pletro. (Canto III)<br />

9. "FESTA do despotismo". In Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte: 1:401-15, 1896.<br />

Neste artigo é transcrito o discurso pronunciado por Diogo P. R. de Vasconcellos com o título: "Falla que na Camara de Villa<br />

Rica recitou um dos vereadores della, no dia 22 de Maio de 1792".<br />

10. MORAES, Rubens Borba de. Bibliografia brasileira do Período Colonial. 1969. pp. 115 e 338.<br />

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