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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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A não ser o já tão estu<strong>da</strong>do e divulgado opúsculo impresso no Rio de Janeiro,<br />

na segun<strong>da</strong> oficina de Antonio Isidoro <strong>da</strong> <strong>Fonseca</strong>, torna-se bastante difícil, sem documentação<br />

conheci<strong>da</strong> e comprova<strong>da</strong>, assegurar a existência de impressos anteriores à<br />

instalação <strong>da</strong> Impressão Régia em 1808, no Rio de Janeiro.<br />

Dentre as raríssimas peças que se enquadram nesta assertiva, está o folheto impresso<br />

calcograficamente, em Vila Rica, no ano de 1806, pelo padre José Joaquim Viegas<br />

de Menezes, registrando poesias lau<strong>da</strong>tórias ao governador <strong>da</strong> Capitania de Minas<br />

Gerais, escritas por Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcellos. 1<br />

Historiadores têm ventilado a existência do raríssimo opúsculo. No correr dos últimos<br />

oitenta anos, na bibliografia publica<strong>da</strong>, indica-se o conhecimento de apenas dois<br />

exemplares: um pertencente ao Arquivo Público Mineiro, o mais completo, e outro, na<br />

opulenta coleção <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>.<br />

Através de pesquisas realiza<strong>da</strong>s para atualizar informações pertinentes à história<br />

<strong>da</strong> gravura no Brasil, recuperou-se um terceiro exemplar, também pertencente<br />

ao maior repositório bibliográfico brasileiro, a <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>. 2 Recentemente,<br />

um quarto exemplar, até então ignorado, foi localizado na <strong>Biblioteca</strong> do Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro, onde se encontra encadernado juntamente com<br />

outro opúsculo. 3<br />

3. O padre Viegas de Menezes – gravador<br />

Os <strong>da</strong>dos biográficos registrados por Sacramento Blake indicam: nasceu em Vila<br />

Rica em 1778; estudou em Mariana e São Paulo, viajando para Portugal em 1797. Ordenou-se<br />

em Coimbra e em 1801 era presbítero secular em Lisboa. Voltou ao Brasil,<br />

falecendo na ci<strong>da</strong>de natal em 1º de julho de 1841. 4<br />

Dentre os que estu<strong>da</strong>ram as ativi<strong>da</strong>des do padre Viegas de Menezes destacam-se<br />

Xavier <strong>da</strong> Veiga, alertando para a existência do precioso cimélio, Augusto de Menezes,<br />

que melhor enfatizou sua atuação como gravador, e Marques dos Santos, que sublinhou<br />

a importância do religioso como precursor <strong>da</strong>s artes gráficas no Brasil.<br />

Dão todos, com a devi<strong>da</strong> justiça, priori<strong>da</strong>de a José Joaquim Viegas de Menezes<br />

como o primeiro gravador em metal a utilizar nas suas obras (registos de santos e o<br />

folheto em estudo) as técnicas <strong>da</strong> gravura a buril. Técnicas estas que tivera ocasião de<br />

conhecer e exercitar, durante o período em que, conhecido de frei José Mariano <strong>da</strong> Conceição<br />

Veloso, trabalhou para a Oficina Tipográfica, Calcográfica e Literária do Arco do<br />

Cego, em Lisboa.<br />

Coube a ele divulgar em língua portuguesa o já então secular tratado do famoso<br />

incisor francês, Abraham Bosse, com o objetivo de tornar acessível aos membros do<br />

1. TEIXEIRA, Floriano Bicudo. "Primeiras manifestações <strong>da</strong> gravura no Brasil". Anais <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, Rio de Janeiro,<br />

96:11-9, 1976.<br />

2. CATÁLOGO <strong>da</strong> Exposição de História do Brazil. Anais <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, Rio de Janeiro, 9:1107, 1881. (n.º 12.778).<br />

Exemplar 1: <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>/Seção de Obras Raras. Coleção F. Ramos Paz.<br />

Exemplar 2: <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>/Seção de Iconografia. Pertenceu a D. Joana T.Carvalho. CEHB, 12.778.<br />

Exemplar 3: Arquivo Público mineiro; recentemente transferido para o Museu Mineiro.<br />

Exemplar 4: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Coleção D. Teresa Cristina Maria.<br />

3. Minha atenção para este precioso quarto exemplar foi desperta<strong>da</strong> pelo bibliógrafo Hélio Gravatá, autor de exaustivas pesquisas<br />

bibliográficas sobre Minas Gerais. O exemplar está encadernado com a obra de José Maria Pinto Coelho: O progresso<br />

do Brasil no século XVIII até a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> Família Real.<br />

4. BLAKE, Augusto Vitorino Alves Sacramento. Diccionario bibliografico brazileiro. 1883. v. 4, p. 501-2

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