Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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Conforme nos conta José Zephyrino de Menezes Brum9 , médico baiano e<br />
primeiro chefe <strong>da</strong> Seção de Estampas <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, esta instituição foi cria<strong>da</strong><br />
oficialmente em outubro de 1810, ocasião em que o acervo <strong>da</strong> Real <strong>Biblioteca</strong> de Portugal<br />
foi finalmente acomo<strong>da</strong>do nas salas <strong>da</strong> Ordem Terceira do Carmo, após a transferência<br />
<strong>da</strong> corte portuguesa para o Brasil, em 1808. Aberta à consulta pública em 1814, somente<br />
após o processo de independência a biblioteca passou a contar com um regulamento,<br />
o que ocorreu em 13 de setembro de 1824. Mas não contava com uma estrutura<br />
organiza<strong>da</strong>, nem mesmo uma designação formal. Ain<strong>da</strong> segundo Brum, nos documentos<br />
oficiais podia ser tanto <strong>Biblioteca</strong> Pública, como <strong>Nacional</strong> Imperial, Imperial e Pública,<br />
Imperial e <strong>Nacional</strong>. A biblioteca funcionou de forma precária até a déca<strong>da</strong> de 1870,<br />
quando uma reforma viabilizou uma grande reorganização <strong>da</strong> instituição. Através do<br />
Decreto nº 6141, de 4 de março de 1876, a <strong>Biblioteca</strong> ficava definitivamente nomea<strong>da</strong><br />
como <strong>Nacional</strong>; dividia-se em três seções – impressos e cartas geográficas, manuscritos<br />
e estampas; organizava seu quadro de funcionários, destacando pessoal qualificado<br />
como chefes de seção; criava os Anais, uma revista periódica destina<strong>da</strong> à publicação<br />
dos trabalhos produzidos internamente sobre o acervo ou de pesquisadores convi<strong>da</strong>dos.<br />
Em 1885, por ocasião <strong>da</strong> publicação do Catálogo <strong>da</strong> Exposição dos Cimélios <strong>da</strong><br />
<strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, o mesmo José Zephyrino de Menezes Brum, ao fazer um balanço<br />
histórico do seu setor, escreveu que<br />
Graças às perseverantes pesquisas e estudos do snr. Dr. Ramiz<br />
Galvão [diretor <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong>] as estampas <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>,<br />
em número talvez superior a trinta mil, que espalha<strong>da</strong>s em estantes,<br />
armazéns e esconderijos <strong>da</strong> casa, tinham jazido esqueci<strong>da</strong>s ou<br />
desconheci<strong>da</strong>s, pasto <strong>da</strong> traça e do cupim e vítimas <strong>da</strong> poeira, <strong>da</strong><br />
umi<strong>da</strong>de e de outros agentes de destruição, haviam sido salvas<br />
de aniquilamento quase certo, coleciona<strong>da</strong>s e guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s no local<br />
<strong>da</strong> seção de estampas, e uma seleta e numerosa livraria especial,<br />
constando de obras clássicas sobre iconografia, de monografias,<br />
catálogos e livros diversos concernentes a assuntos de boas-artes,<br />
tinha sido adquiri<strong>da</strong> para uso <strong>da</strong> seção.<br />
Com tais recursos foi inaugura<strong>da</strong> a seção de estampas. O campo a<br />
lavrar era vasto; os instrumentos <strong>da</strong> melhor fábrica; o trabalhador,<br />
talvez carecedor do outras boas partes, era to<strong>da</strong>via dotado de muita<br />
boa vontade e de amor ao trabalho 10 .<br />
Em 1946, a <strong>Biblioteca</strong> passou por outra reforma, criando-se a Seção de Iconografia,<br />
reunindo o acervo <strong>da</strong>s seções de cartas geográficas e de estampas. Em 1950, portanto,<br />
<strong>Lygia</strong> Cunha encontrara uma instituição mais organiza<strong>da</strong>, mas ain<strong>da</strong> longe de conhecer<br />
o seu acervo. O inventário completo <strong>da</strong> Seção de Iconografia, que hoje se encontra sem<br />
o acervo cartográfico, ain<strong>da</strong> está sendo concluído.<br />
9. BRUM, José Zephyrino de Menezes. "Esboço histórico". In: Anais <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> do Rio de Janeiro (1883-1884).<br />
Rio de Janeiro: Tipografia G. Leuzinger & Filhos, 1885, vol. XI. Disponível em http://objdigital.bn.br/acervo_digital/anais/<br />
anais.htm<br />
10. Idem, pp. 578-579.