Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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Do ramo estabelecido em Berlim, e filho de François Claude Théremin, joalheiro<br />
famoso pelas belíssimas peças elabora<strong>da</strong>s (joias, tabaqueiras, caixinhas de ouro e esmalte),<br />
nasce, a 10 de dezembro de 1874, Carl Wilhelm Théremin. Educado na ci<strong>da</strong>de<br />
imperial até os dez anos, vai ao encontro de seu pai em São Petersburgo, onde este trabalhava<br />
para a corte russa. Cinco anos após volta a Berlim e cursa a Escola de Comércio,<br />
preparando-se para enfrentar a vi<strong>da</strong> prática, embora possa se supor que os anos de convívio<br />
paterno lhe tenham proporcionado uma experiência no ramo <strong>da</strong>s artes plásticas.<br />
Aos 19 anos, certamente já completados seus estudos, trabalha no Havre, em<br />
Moscou, em 1804, entrando em 1806 para a Guar<strong>da</strong> <strong>Nacional</strong>, em Berlim. Por questões<br />
de herança, viaja à França e, nesta ocasião, por diversas circunstâncias, encontra Elisabeth<br />
Hermann, filha de um negociante, com quem se casaria.<br />
Já em Berlim, graças a influências <strong>da</strong> família e petições encaminha<strong>da</strong>s ao Ministério<br />
<strong>da</strong>s Finanças e Comércio, obtém a representação do consulado <strong>da</strong> Prússia em Antuérpia,<br />
para onde se desloca com a família em 1814. Em cargo de tal relevância, teve ele<br />
oportuni<strong>da</strong>de de demonstrar grande zelo e interesse pelos negócios de seus compatriotas,<br />
particularmente negociantes, pela confiança excepcional que inspirava, sem que,<br />
entretanto, isto lhe trouxesse vantagens pessoais. Por esta razão, se vê constrangido a<br />
recorrer às autori<strong>da</strong>des oficiais de seu país, solicitando remuneração condizente, o que<br />
não foi do agrado de seus superiores. Sem meios de manter sua família e sem condições<br />
para refazer fortuna em Antuérpia, Carl Wilhelm Théremin pede uma licença de seu<br />
posto e embarca por conta própria para o Rio de Janeiro, para tentar intercâmbios e<br />
son<strong>da</strong>r possibili<strong>da</strong>des de um novo mercado comercial.<br />
Entre 1817 e princípios de 1818, encontra-se no Rio de Janeiro, com enorme carregamento<br />
de produtos trazidos <strong>da</strong> Europa. Aproveita a esta<strong>da</strong> para conhecer o interior<br />
e, sobretudo, as possibili<strong>da</strong>des de comerciar o café, com perspectivas esperançosas de<br />
um comércio com a Europa. Encontra-se sua declaração presta<strong>da</strong> à polícia em 3 de julho<br />
de 1818, quando já se aprestava para voltar e na qual se lê uma descrição de seu tipo: 34<br />
anos, estatura regular, rosto comprido, cabelos castanhos, sobrancelhas grossas, olhos<br />
claros e bastante barba.<br />
Voltando ao continente europeu, se vê surpreendido com a anulação de seu posto<br />
em Amster<strong>da</strong>m. Em Berlim, recomeça os contatos comerciais e levantamentos, com vistas<br />
a novas exportações para o Brasil e pleiteia novamente um cargo consular, desta vez,<br />
cônsul <strong>da</strong> Prússia no Rio de Janeiro, que obtém depois de demorados entendimentos.<br />
Somente em janeiro de 1820 é nomeado pelo rei Frederico Guilherme <strong>da</strong> Prússia, cônsul<br />
no Rio de Janeiro, onde aporta depois de longa viagem a bordo do veleiro Telêmaco,<br />
desta vez, trazendo a família. Instala em poucos dias uma firma comercial, W. Théremin<br />
et Cie., estabeleci<strong>da</strong> na Rua Direita, 114, e depois de ter confirma<strong>da</strong> sua nomeação pelo<br />
imperador D. Pedro I, em carta patente <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 22 de fevereiro de 1820, instala também<br />
o consulado <strong>da</strong> Prússia no mesmo endereço.<br />
De 1820 até 1836 (é destituído do cargo a 27 de agosto de 1836, tendo sido o<br />
mesmo ocupado a seguir por seu filho Leon) a atuação de Carl Wilhelm Théremin como<br />
cônsul e depois como cônsul geral se multiplica em ativi<strong>da</strong>des várias, não só comerciais<br />
como também sociais e filantrópicas. Assim, é sempre mencionado como presidente<br />
<strong>da</strong> Schweizer Hilfsgesellschaft (Socie<strong>da</strong>de Beneficente Filantrópica Suíça), e <strong>da</strong> Protestantische<br />
Deutsche Franzosicher Gemeinde (Comuni<strong>da</strong>de Evangélica). Foi membro <strong>da</strong>