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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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no, cuidou de fazer uma verificação e separar várias e muitas chapas, oficiando ao senhor<br />

José Joaquim Carneiro de Campos, em 29 de março de 1814, informando que: "remete as<br />

estampas do Fazendeiro do Brasil que pertenceram ao finado Frei José Mariano <strong>da</strong> Conceição<br />

Veloso, para poderem ir para a Impressão Régia de Lisboa e assim também vai uma<br />

prova de to<strong>da</strong>s as mais chapas que ficaram na Real <strong>Biblioteca</strong> do Príncipe Regente Nosso<br />

Senhor para que, se se imprimirem ou acabarem de imprimir, as obras a que elas pertencem,<br />

as ditas chapas possam servir, sem se fazerem nova despesa e por isso vão numera<strong>da</strong>s<br />

pelos números delas para poderem se pedir sem fazer nova despesa <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Real; também<br />

a cópia <strong>da</strong> relação que acompanha a remessa, confere com a diferença que observei". 30<br />

No confronto recentemente feito para a publicação desta notícia histórica sobre<br />

a Oficina Tipográfica, Calcográfica e Literária do Arco do Cego, constatou-se que a relação<br />

envia<strong>da</strong> de Lisboa em 11 de março de 1813 acusa um total de 1.348 chapas de cobre<br />

grava<strong>da</strong>s; a tiragem prepara<strong>da</strong> no Rio de Janeiro, por determinação do bibliotecário <strong>da</strong><br />

Real <strong>Biblioteca</strong>, ain<strong>da</strong> hoje se guar<strong>da</strong> na Seção de Iconografia <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> e<br />

nela estão monta<strong>da</strong>s, em dois álbuns, 996 estampas correspondendo às chapas – diferença<br />

que menciona o padre Joaquim Dâmaso em sua carta de 29 de março de 1814.<br />

Porém o acervo calcográfico oriundo <strong>da</strong> Oficina do Arco do Cego, e que atualmente se<br />

encontra sob a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> Seção de Iconografia, é composto de 498 pranchas, correspondentes<br />

ao espólio velosiano. 31<br />

Durante alguns anos e até às vésperas <strong>da</strong> Independência do Brasil, investe o padre<br />

Joaquim Dâmaso, diretor <strong>da</strong> Real <strong>Biblioteca</strong>, contra os que tentavam prejudicar o<br />

patrimônio real. Ain<strong>da</strong> em 18 de janeiro de 1821, pouco faltando para a volta a Portugal<br />

de d. João VI, registra uma sua representação: "Das chapas que aqui existem além <strong>da</strong>s<br />

que foram para a Impressão Régia de Lisboa, por serem obras que lá se vendem, tirei<br />

provas que mandei também para lá, ficando aqui outras iguais numera<strong>da</strong>s para servirem<br />

no caso d’aparecerem, lá ou cá, as respectivas obras... eu não tenho empenho em<br />

que as coisas estejam mais aqui do que ali; mas saiba-se aonde estão para poderem ser<br />

úteis e não fiquem sepulta<strong>da</strong>s obras que talvez dessem nome à Nação; porque elas mereceram<br />

que se lhe abrissem chapas, mereciam também ser impressas". 32<br />

Os acontecimentos históricos precipitaram a separação do Brasil do Reino de<br />

Portugal e, pelo Tratado de Paz e Amizade assinado em 1825, foi a Coroa portuguesa<br />

ressarci<strong>da</strong> financeiramente pela documentação e proprie<strong>da</strong>des deixa<strong>da</strong>s na antiga colônia.<br />

Dentre elas, constava a Real <strong>Biblioteca</strong>, que se tornou, com todo o acervo, patrimônio<br />

brasileiro, origem <strong>da</strong> atual <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>.<br />

Guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s e aos cui<strong>da</strong>dos dos bibliotecários que se sucederam, as chapas <strong>da</strong> Oficina<br />

do Arco do Cego se incluíam entre as rari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> herança real. Durante 65 anos,<br />

apenas umas poucas vezes foi menciona<strong>da</strong> a existência desta coleção, sem que maiores<br />

estudos se fizessem a respeito; nas notícias históricas sobre a Seção de Iconografia, foi<br />

cita<strong>da</strong> como uma de suas preciosi<strong>da</strong>des. 33<br />

30. BRASIL Arquivo <strong>Nacional</strong>. Caixa 764, Doc. nº 7<br />

31. Paralelamente a esta notícia histórica, trabalha-se para a publicação do catálogo completo <strong>da</strong>s pranchas <strong>da</strong> Oficina do Arco<br />

do Cego, acompanhado de informações sobre os gravadores. Para este levantamento, muito importante será a documentação<br />

que sabemos existir na Imprensa <strong>Nacional</strong> de Lisboa, cita<strong>da</strong> por Ernesto Soares.<br />

32. BRASIL Arquivo <strong>Nacional</strong>. Publicação nº 48, p. 28-30.<br />

33. Tentativa de identificação <strong>da</strong>s chapas foi inicia<strong>da</strong> pelo bibliotecário Aurélio Lopes, em 1911, e mais tarde, em 1940, o bibliotecário<br />

Floriano Bicudo Teixeira providenciou, na Imprensa <strong>Nacional</strong> do Rio de Janeiro, pequena tiragem de 19 pranchas<br />

para a coleção <strong>da</strong> Seção de Iconografia <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>.

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