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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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contribuição às ciências naturais, com referência específica ao Brasil, ao vir a lume,<br />

em 1648, a obra de Piso e Marcgrave: Historia rerum naturalium Brasiliae. Os<br />

exemplares <strong>da</strong> fauna e flora, recolhidos pelos expedicionários, vão enriquecer o jardim<br />

e museu de Maurício de Nassau, que por vários anos governou as Índias Ocidentais.<br />

No século XVIII, destaca-se o jesuíta Antonil, i.e., André João Andreoni, cuja<br />

obra Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, 1711, veio causar ao<br />

governo português grande preocupação e, para que não fossem divulga<strong>da</strong>s as potenciali<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> colônia na América, foi a edição do livro recolhi<strong>da</strong>, pois era, até então, a<br />

melhor fonte de informação sobre o Brasil.<br />

Já estruturados e organizados os estudos de ciências naturais nas academias<br />

científicas europeias, refletem-se na colônia acanha<strong>da</strong> as primeiras manifestações<br />

de estudos, tanto literários como científicos, sem entretanto lograr grande apoio,<br />

embora os vice-reis incrementassem as descobertas e coletas de material. Expoente<br />

foi Alexandre Rodrigues Ferreira, grande sábio, credenciado pelo governo português<br />

para dirigir a Expedição Filosófica, que na Amazônia permaneceu cerca de<br />

nove anos, coletando, descrevendo e classificando espécimes, estu<strong>da</strong>ndo tribos indígenas,<br />

tudo anotando e enviando os resultados ao Museu Real e ao Jardim Botânico<br />

de Lisboa. Um brasileiro, o padre Arru<strong>da</strong> Câmara, também se dedica aos estudos<br />

botânicos, escrevendo sobre a flora e a cultura do algodoeiro. 2<br />

Na correspondência dos vice-reis com a corte, sobretudo a do marquês do Lavradio<br />

e a de d. Luis de Vasconcelos e Sousa, encontram-se várias referências à coleta<br />

de material botânico, zoológico e mineralógico, para enriquecimento <strong>da</strong>s coleções<br />

reais. Nos ofícios que enviavam, destacam os dirigentes <strong>da</strong> colônia as ativi<strong>da</strong>des dos<br />

que "viviam <strong>da</strong> história natural", exercendo funções de taxidermistas e herboristas – é<br />

conheci<strong>da</strong> a carta de d. Rodrigo de Sousa Coutinho, transmitindo os elogios feitos pelos<br />

naturalistas do Museu Real aos trabalhos de taxidermia realizados no Rio de Janeiro<br />

por Francisco Xavier Caldeira, conhecido como Xavier dos Pássaros. 3<br />

Em 1763, ao criar no Rio de Janeiro o Passeio Público, o vice-rei mandou decorar<br />

os dois quiosques com quadros encomen<strong>da</strong>dos a Leandro Joaquim, ilustrando as<br />

riquezas do país, e no jardim se encontrava uma criação de cochonilhas, em folhas de<br />

amoreira. Junto aos conventos e nas fazen<strong>da</strong>s, se cultivavam plantas medicinais. 4<br />

2. FONSECA FILHO, Olímpio <strong>da</strong>. "O Brasil e as ciências naturais nos séculos XVI a XVIII". Ciência e Cultura, 25 (10) 1973.<br />

3. OFÍCIOS dos vice-reis do Brasil. Índice <strong>da</strong> correspondência dirigi<strong>da</strong> à Corte de Portugal de 1763 a 1808. Brasil. Arquivo<br />

<strong>Nacional</strong>. Publicações nº 2, 2ª ed., 1970. Inúmeras são as referências aos envios de pássaros, plantas, insetos, animais de<br />

grande porte, sementes prepara<strong>da</strong>s, amostras para o jardim botânico, experiências com plantas nativas etc. Destacamos,<br />

entre to<strong>da</strong>s, as notícias de: "plantas raras cultiva<strong>da</strong>s pelo Cirurgião-Mor Ildefonso José <strong>da</strong> Costa Abreu" em maio de 1767; a<br />

comunicação feita "a to<strong>da</strong>s as pessoas que trabalham em prol <strong>da</strong> história natural, <strong>da</strong> proteção que Sua Majestade promete<br />

lhes dispensar", em junho de 1783; remessa de amostras de linho cânhamo e estopa <strong>da</strong> Feitoria do Rio Grande, bem como<br />

do arbusto a que o Maranhão chamam gravá ou gravatá, mencionando suas diversas quali<strong>da</strong>des, préstimos e o uso que dela<br />

fazem os pescadores" em setembro de 1786; "o envio <strong>da</strong>s amostras de madeira e uma coleção de conchas feita por Frei José<br />

Mariano <strong>da</strong> Conceição Veloso e quatro viveiros contendo pássaros" em setembro de 1786; INDEX de cartas regias e oficios dos<br />

secretários de estado <strong>da</strong> Repartição <strong>da</strong> Marinha e Domínios Ultramarinos, dir. a Luiz de Vasconcellos e Souza. Rio de Janeiro:<br />

<strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, Seção de Manuscritos. Códice 9.2.21; SOUSA, Luís de Vasconcelos e. Correspondência com a Corte, ativa<br />

e passiva. Rio de Janeiro: <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, Seção de Manuscritos. Códice 4,4,4 nº 16. (Os naturalistas elogiam o envio,<br />

feito ao Gabinete de História Natural, de pássaros do Brasil, "a varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s espécies, a beleza <strong>da</strong>s formas, a naturali<strong>da</strong>de<br />

dos gestos, tudo imita exatamente a natureza").<br />

4. MARIANO, José. O Passeio Público do Rio de Janeiro, 1779-1783. Rio de Janeiro [C. Mendes Júnior], 1943; RIO DE JA-<br />

NEIRO. <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> [Exposição] Manuscritos: séculos XII a XVIII. Pergaminhos iluminados e documentos preciosos.<br />

Rio de Janeiro, 1971. (Neste catálogo figura valiosa documentação sobre o Brasil, relaciona<strong>da</strong> com as ciências sociais, i.e.,<br />

naturais); TATON, René. A ciência moderna… São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1960. v. II – O século XVII, por Costabel<br />

e outros. v. III – O século XVIII, por G. Allard e outros.<br />

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