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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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Em Vila Rica dificul<strong>da</strong>des devem ter ocorrido por ocasião <strong>da</strong> impressão <strong>da</strong>s chapas<br />

de cobre, bem como para obtenção do papel para estampagem. Teria trazido as chapas de<br />

Portugal? Como teria reunido tantas folhas de papel para um empreendimento ilegal? 11<br />

Admite-se que, para o trabalho de tintagem <strong>da</strong>s chapas e impressão, deve Viegas<br />

de Menezes ter recorrido à maquinaria <strong>da</strong> Casa dos Contos, hipótese plausível, pois a<br />

única repartição do governo a ter o material necessário seria a Casa <strong>da</strong> Moe<strong>da</strong> de Vila<br />

Rica: prensa, tórculo (ver nota 6) e mão-de-obra qualifica<strong>da</strong>. Tais ativi<strong>da</strong>des, no entanto,<br />

não poderiam ter sido realiza<strong>da</strong>s sem autorização e o assentimento de autori<strong>da</strong>des<br />

e do governador <strong>da</strong> capitania, atento à observância <strong>da</strong> lei, porém, único poder capaz de<br />

permitir a impressão do texto em frontal desacordo com as determinações reais. Reforçando<br />

esta opinião, encontra-se colado no exemplar pertencente à <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>,<br />

Seção de Obras Raras (Coleção F. Ramos <strong>da</strong> Paz), o selo <strong>da</strong>s Reaes Casas de Fundição<br />

do Ouro, <strong>da</strong> Capitania de Minas Geraes. 12<br />

Explica-se dessa forma a rari<strong>da</strong>de bibliográfica que é o Canto encomiástico, elaborado<br />

em homenagem à figura de maior prestígio local. Somente quatro exemplares<br />

impressos, e mais não seria conveniente, pois o conhecimento de ativi<strong>da</strong>des tão expressamente<br />

proibi<strong>da</strong>s poderia inclusive reverter em prejuízo <strong>da</strong> própria autori<strong>da</strong>de.<br />

O folheto em estudo, preciosíssimo cimélio, testemunha as primeiras manifestações<br />

<strong>da</strong> arte de gravar no Brasil, e o gravador José Joaquim Viegas de Menezes, o precursor<br />

<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des gráficas que, no Brasil, terão como ponto de parti<strong>da</strong> a instalação<br />

<strong>da</strong> Impressão Régia no Rio de Janeiro, em 1808.<br />

9. O mapa do donativo voluntário<br />

O "Canto encomiástico" inclui, em apêndice, curiosos documentos registrando<br />

um dos muitos "subsídios voluntários" cobrados aos habitantes <strong>da</strong>s Minas Gerais.<br />

O Mapa do Donativo incluído no folheto em estudo se refere ao envio de quantia<br />

estipula<strong>da</strong>: "600 reis por cabeça de escravo", a ser cobra<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> possuidor de bens,<br />

habitantes de Vila Rica e comarcas vizinhas: Sabará, Serro Frio e Rio <strong>da</strong>s Mortes. A<br />

arreca<strong>da</strong>ção excedeu a expectativa do governador e capitão-general <strong>da</strong>s Minas Gerais,<br />

Pedro Maria Xavier de Ataíde e Mello.<br />

Segundo informações colhi<strong>da</strong>s em Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcellos – Breve<br />

descripção geographica, physica e politica <strong>da</strong> capitania de Minas Geraes – mss. 180713 – o subsídio voluntário foi instituído em 1756 com o objetivo de que, durante dez anos,<br />

na colônia, fosse o mesmo arreca<strong>da</strong>do para auxiliar a reconstrução de Lisboa, destruí<strong>da</strong><br />

pelo terremoto de 1755. Outros se seguiram.<br />

O donativo a que se refere o mapa, recolhido em um ano e enviado à corte, teve<br />

origem na determinação <strong>da</strong> carta régia de 6 de abril de 1804, dirigi<strong>da</strong> ao governador<br />

11. Nos exemplares examinados ocorrem as marcas d’água: D.X.C.B.; D&CIB LAUW; HONIH.J.H.&Z. Copia<strong>da</strong>s do exemplar<br />

III, para estudo e confronto, por Sérgio Luiz de Souza Lima.<br />

12. O documento anexado ao Mapa do "Donativo Voluntário" na última página do folheto em estudo, Selo <strong>da</strong>s Reaes Casas<br />

de Fundição, não diz respeito ao documento gravado. Evidente que não se refere à taxação do exemplar, tendo em vista o<br />

caráter particular do trabalho. Acredita-se que a colocação tivesse por objetivo sugerir que a impressão do opúsculo tenha<br />

sido realiza<strong>da</strong> na Casa dos Contos.<br />

13. Obra ofereci<strong>da</strong> ao Ilmo. Exmo. Snr. Pedro Maria Xavier de Ataíde e Mello do Conselho de S.A.R., Governador e Capitão-<br />

General <strong>da</strong> Capitania de Minas Gerais; com seu elogio inédito. 1807.148, 17 f. Códice pertencente à Seção de Manuscritos <strong>da</strong><br />

<strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>. Original incompleto que pertenceu a d. Silvério Gomes Pimenta. A <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong> possui ain<strong>da</strong> duas<br />

cópias de época.<br />

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