Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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de 1833 a 13 de janeiro de 1834, há farta documentação referente ao assunto em questão,<br />
que culminou com a anulação do mais antigo concurso realizado na Academia Imperial<br />
de Belas Artes. 2<br />
Em 1834 não mais consta o nome de Frederico Guilherme Briggs entre os alunos<br />
que frequentavam a Academia Imperial de Belas Artes. É de crer que os acontecimentos<br />
relativos ao concurso o tenham tornado indesejável aos mestres, afastando-o do convívio<br />
artístico, desinteressando-se também ele, por não ter conseguido o cobiçado posto.<br />
(Note-se a coincidência de <strong>da</strong>tas: sua petição para matrícula em 16 de abril, consegui<strong>da</strong><br />
logo a seguir a 14 de maio de 1833, e os avisos para preenchimento do cargo disputado<br />
pelos cinco alunos, em dias de maio seguinte. A esse respeito, um documento do Arquivo<br />
<strong>Nacional</strong>, assinado por Henrique José <strong>da</strong> Silva, considera os dois reclamantes como<br />
"estrangeiros em relação à escola e muito favorecidos em relação às facili<strong>da</strong>des concedi<strong>da</strong>s<br />
para a inscrição no concurso".)<br />
Primeiros trabalhos<br />
Se a partir de 1834 deixa de frequentar as aulas <strong>da</strong> Academia, Frederico Guilherme<br />
não mais se libertará <strong>da</strong>s belas artes, que lhe servirão para o resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> como meio<br />
de subsistência. Assim é que, desde 1832, dedica-se a divulgar através <strong>da</strong> reprodução<br />
de folhas avulsas litografa<strong>da</strong>s em sua própria oficina, tipos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, acontecimentos<br />
marcantes e figuras de destaque na vi<strong>da</strong> política do Rio de Janeiro.<br />
Naturalmente para os trabalhos técnicos necessitou <strong>da</strong> colaboração de alguém já<br />
treinado neste ofício, e por esta razão o encontramos associado a Eduardo Rivière.<br />
Encontram-se referências a Eduardo Rivière, aqui vivendo desde 1826, no Jornal<br />
do Commercio de 22 de fevereiro de 1829, onde se oferecia como professor de desenho<br />
e retratista; era ele antigo aluno <strong>da</strong> Academia de Pintura de Paris e me<strong>da</strong>lhista <strong>da</strong> Escola<br />
de Nantes. 3 No Almanack <strong>Nacional</strong> do Comércio de Seignot Plancher, para o ano de<br />
1829, seu nome está registrado na relação: Peintres de Portraits et Professeurs de dessin:<br />
Rivière, Rua de S. Francisco de Paula, 23, e no ano de 1832 acha-se incluído entre<br />
os litógrafos estabelecidos no Rio, com endereço à Rua <strong>da</strong> Quitan<strong>da</strong>, 111.<br />
Guar<strong>da</strong>-se na Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado <strong>da</strong> Guanabara<br />
(Serviço de Arquivo, Seção Histórica) documento <strong>da</strong> maior importância para<br />
qualquer levantamento que se queira processar em relação a estabelecimentos gráficos.<br />
Nesse registro, deveriam estar anotados, a partir de 1831, todos os estabelecimentos que<br />
se enquadrassem nas especificações determina<strong>da</strong>s em lei. Entretanto, quer nos parecer<br />
que nem sempre as determinações foram cumpri<strong>da</strong>s à risca, no prazo de oito dias, pois<br />
além de quase na<strong>da</strong> ter sido registrado entre os anos de 1831 a 1838, quando já existiam<br />
na ci<strong>da</strong>de várias impressoras e litografias em funcionamento, pudemos constatar algumas<br />
falhas de proprietários e endereços. Intitula-se o documento: Relação dos Estabelecimentos<br />
de Impressão, Litographia e Gravura que constam registrados no Livro<br />
adotado em Postura <strong>da</strong> Câmara Municipal <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, conforme<br />
Edital de 5 de março de 1831. 4<br />
2. Ver Arquivo <strong>Nacional</strong>. Documentos <strong>da</strong> Academia Imperial de Belas Artes, códice I E7, pacotilha 10.<br />
3. Ver SANTOS, Francisco Marques dos. "As Bellas-Artes no Primeiro Reinado (1822-1831)". Estudos Brasileiros. Rio de<br />
Janeiro 4 (11): 471-515 p. mar./abr. 1940.<br />
4. Ver Códice 43.1.22, de 1831 a 91. (Este documento nos foi mostrado pelo então diretor, professor Marcelo Moreira de Ipanema).