02.08.2013 Views

Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

observar, coletar, registrar e classificar tudo que o fosse relevante do ponto de vista<br />

científico e cultural.<br />

Paralelamente, os resultados publicados nas célebres revistas <strong>da</strong>s academias de<br />

ciências, já em número considerável, tornam-se assunto de divulgação em bibliografia<br />

amena. Os relatos de viagens alcançavam um público heterogêneo, favorecendo, fora<br />

dos centros acadêmicos, desde a difusão em revistas até a instalação de clubes de amadores<br />

<strong>da</strong> história natural ou gabinetes de coleções específicas que posteriormente acabaram<br />

incorporados às coleções dos grandes museus.<br />

No século XIX, caracterizado pelo Romantismo, que exacerba a sensibili<strong>da</strong>de<br />

volta<strong>da</strong> para a natureza, tanto nos textos, como nos desenhos de paisagens, identificase<br />

nas descrições dos viajantes uma linguagem poética e literária, mais do que propriamente<br />

científica e descritiva, que também povoa as páginas de tantas publicações.<br />

Palavras como misterioso, curioso, pitoresco, inspiração e imaginação fazem parte do<br />

vocabulário corrente. Nesses quinhentos anos o Brasil, na ótica dos observadores, foi se<br />

definindo: do exótico de seus habitantes, dos tantos animais diferentes, <strong>da</strong> impenetrabili<strong>da</strong>de<br />

de suas florestas virgens, do sabor de seus frutos, do perfume e forma de suas<br />

flores, <strong>da</strong> imensidão de suas distâncias e harmonia de sua natureza <strong>da</strong>divosa, foi o país<br />

tomando destaque e alcançando, aos olhos dos naturalistas, cientistas, viajantes, pintores,<br />

desenhistas e cronistas, um lugar relevante na bibliografia internacional.<br />

Nesses 500 anos de história foram marcantes, além <strong>da</strong> descoberta <strong>da</strong> Terra de<br />

Santa Cruz em 1500, a penetração no rio Amazonas descrita por Cristóvão de Acuña em<br />

1630; e a ascensão às montanhas e a subi<strong>da</strong> aos rios para o interior desde Santos, galgando<br />

as cau<strong>da</strong>losas correntezas do Tietê, Paraná, Paraguai até a região domina<strong>da</strong> pelos<br />

jesuítas, onde instalaram missões religiosas e cuja descrição pela primeira vez cabe ao<br />

espanhol Cabeza de Vaca.<br />

Já no século XVIII outros interesses nortearam o governo português, que envia<br />

o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira para estu<strong>da</strong>r a região <strong>da</strong> Hileia Amazônica.<br />

Durante nove anos, este dedicado súdito, brasileiro formado pela Universi<strong>da</strong>de de<br />

Coimbra, colhe, observa e transmite suas conclusões científicas sobre o homem, a natureza<br />

e suas potenciali<strong>da</strong>des, enviando ao Museu Real <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong> o fruto de sua sacrifica<strong>da</strong><br />

expedição conheci<strong>da</strong> como "Viagem Filosófica".<br />

A abertura dos portos brasileiros às nações amigas e a posterior independência<br />

do Brasil carrearam para o novo império vários estudiosos, sempre interessados no<br />

conhecimento <strong>da</strong> terra, do homem e de suas riquezas naturais. A mais famosa <strong>da</strong>s<br />

expedições científicas que visitou o país no século XIX foi a que acompanhou a comitiva<br />

<strong>da</strong> arquiduquesa Leopoldina em 1817. Cientistas austríacos, como Pohl, Natterer,<br />

Mikan, entre outros, e os bávaros Martius e Spix, sobressaem pelos trabalhos publicados<br />

e que até hoje são objeto de consultas de todos os que se dedicam ao estudo <strong>da</strong>s<br />

ciências naturais no Brasil.<br />

Foi nesse período, mais exatamente entre 1858 e 1860, que o viajante russo<br />

A.Vyseslavcov, ain<strong>da</strong> hoje ausente nas bibliografias brasileiras sobre o tema, esteve em<br />

nosso país e deixou impressões na<strong>da</strong> desprezíveis. Tudo fruto do acaso, pois não estava<br />

programa<strong>da</strong> a passagem pelo Brasil <strong>da</strong> esquadra russa que fazia. Após a travessia do<br />

estreito de Magalhães, seguiria pela costa africana rumo à Europa.<br />

247

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!