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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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<strong>da</strong>va com alegria a realização do projeto. Infelizmente ela nos deixou antes de ver nascer<br />

o novo "rebento" e receber os aplausos devidos.<br />

Restou-nos a satisfação pela continui<strong>da</strong>de do esforço empreendido, como um<br />

preito de homenagem à amiga, além <strong>da</strong> certeza de que a reedição dos seus escritos<br />

será valiosa ao estudo e à pesquisa sobre a imagem grava<strong>da</strong> no Brasil oitocentista.<br />

Ao mesmo tempo, a parti<strong>da</strong> repentina <strong>da</strong> autora nos moveu a ir além de um formato<br />

tradicional de apresentação <strong>da</strong> obra edita<strong>da</strong>. Levou-nos a buscar conhecer melhor os<br />

passos de sua exitosa trajetória profissional com a intenção de traçar seu perfil biográfico<br />

e apresentar aos leitores as bases <strong>da</strong> sua formação intelectual. Sobretudo por<br />

se tratar de uma personali<strong>da</strong>de reserva<strong>da</strong>, sempre muito discreta e que cultivou o<br />

hábito raro de jamais se vangloriar do bem-sucedido percurso profissional, nem <strong>da</strong><br />

origem familiar culta. Tanto que, para o traçado deste seu perfil, foi necessário pesquisar,<br />

buscar na documentação pessoal – uma parte por ela doa<strong>da</strong> ao Instituto Histórico<br />

e Geográfico Brasileiro (IHGB) e ali cataloga<strong>da</strong> como "Arquivo <strong>Lygia</strong> Cunha<br />

ACP – 105", outra parte guar<strong>da</strong><strong>da</strong> pela família – indicações mais precisas sobre o<br />

seu caminhar, a sua história pessoal. Além de colher <strong>da</strong>dos por meio de entrevistas<br />

com alguns dos seus familiares, colegas de trabalho e amigos mais próximos. Só<br />

então podemos seguir os passos <strong>da</strong> sua trajetória e conhecer a história de sua vi<strong>da</strong>.<br />

Ao nascer, em ambiente familiar culto e fraterno, <strong>Lygia</strong> foi sau<strong>da</strong><strong>da</strong> pela mãe,<br />

num belo Livro de Bebê, com afetuosa anotação:<br />

Entre festas e carinhos de seus pais, avós e tios, nasceu <strong>Lygia</strong>, no dia<br />

4 de junho de 1922, às 13 horas e 28 minutos. (...) Era um domingo,<br />

dia em que a Igreja Católica celebrava a festa do Divino Espírito Santo.<br />

O dia foi chuvoso, porém o sol apareceu à hora do nascimento <strong>da</strong><br />

robusta e lin<strong>da</strong> menina. <strong>Lygia</strong> é primogênita, primeira neta de seus<br />

avós maternos e terceira dos paternos.<br />

Filha de Elisa Ribeiro <strong>da</strong> <strong>Fonseca</strong> e Henrique Guilherme <strong>Fernandes</strong> <strong>da</strong> Cunha, ela<br />

nasceu na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, à Rua Camerino, nº 162, residência do avô materno,<br />

Olympio Arthur Ribeiro <strong>da</strong> <strong>Fonseca</strong>, conceituado médico na capital <strong>da</strong> República. O pai,<br />

militar, era descendente de imigrantes alemães instalados na ci<strong>da</strong>de imperial de Petrópolis.<br />

O avô médico, que estu<strong>da</strong>ra em Viena, conservara os laços com a formação germânica<br />

e educara os filhos na Escola Alemã, hoje Colégio Cruzeiro, onde todos aprenderam<br />

o cultivo <strong>da</strong> língua estrangeira, <strong>da</strong> música clássica, <strong>da</strong> cultura europeia em geral. A mãe,<br />

professora primária, continuava no exercício do magistério mesmo após o casamento,<br />

o que não era usual na época. Atenta aos acontecimentos do tempo em que vivia, não<br />

deixou de registrar que, no mês seguinte ao nascimento <strong>da</strong> filha, rompera "a revolução<br />

de 5 de julho", obrigando todos a<br />

(...) sair <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de em conseqüência do bombardeio, dirigido ao<br />

Quartel-General, que ficava próximo, ameaçando assim a residência.<br />

O papai, deixando-a juntamente com a mamãe, aos cui<strong>da</strong>dos do

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