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Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional

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To<strong>da</strong> a região é cheia de laranjas doces e áci<strong>da</strong>s; as doces são excelentes e de<br />

diferentes quali<strong>da</strong>des; as áci<strong>da</strong>s têm pouco suco e são bem inferiores às que vêm <strong>da</strong><br />

Espanha; há limas em abundância, mas não há limões ácidos, na sua maioria são<br />

doces e suas cidras não creio que sejam tão boas quanto as de St. Iago.<br />

Há aqui uma árvore não muito diferente na aparência de um loureiro; as folhas<br />

têm gosto <strong>da</strong> melhor canela, mas a casca lisa é insípi<strong>da</strong>.<br />

Cresce aqui uma árvore um pouco pareci<strong>da</strong> com cerejeira, a qual os habitantes<br />

muito apreciam por seus frutos, cuja aparência não difere de uma noz, só que são<br />

mais redondos; tem no centro um caroço preto e redondo que, quando é tirado <strong>da</strong> pele<br />

verde que o encerra, é usado para lavar roupa, <strong>da</strong>ndo-lhe uma bela cor como o sabão;<br />

é também chama<strong>da</strong> árvore-do-sabão. 32<br />

O grão chamado pelos índios "maiz" ou trigo indígena igualmente cresce aqui;<br />

as espigas são largas e as hastes delga<strong>da</strong>s, to<strong>da</strong>via ca<strong>da</strong> haste dá sete a oito espigas<br />

e ca<strong>da</strong> espiga trezentos a quatrocentos grãos; a haste é usa<strong>da</strong> aqui para alimentar o<br />

gado e fazer cobertura para suas casas.<br />

Cresce aqui a árvore do algodão, que mais propriamente pode se encaixar<br />

entre as espécies de arbustos; a casca <strong>da</strong> árvore é lisa, de cor acinzenta<strong>da</strong>; a madeira<br />

é branca, macia e porosa quando nova, mas dura e espessa quando envelhece; seus<br />

ramos são geralmente retos e cheios de folhas dividi<strong>da</strong>s em partes como as <strong>da</strong> parreira;<br />

as flores brotam comumente nas extremi<strong>da</strong>des dos galhos; é uma flor aberta,<br />

redon<strong>da</strong>, muito pareci<strong>da</strong> com o convólvulo na Inglaterra, mas mais larga, de uma<br />

cor amarela ou branca. Quando apodrece o miolo, aparece um botão oval, a princípio<br />

verde, depois acentuando para o marrom-escuro à medi<strong>da</strong> que amadurece, no qual<br />

está encerrado o algodão.<br />

Quanto aos minerais, an<strong>da</strong>ram descobrindo muito bons nos últimos anos; a<br />

julgar pela grande quanti<strong>da</strong>de de ouro que enviam anualmente para a Europa; e dizse<br />

que há minas de prata neste país; também descobriram ricas minas de diamantes,<br />

topázios, crisólitas, ametistas, cristais etc. 33<br />

Na<strong>da</strong> mencionei relativamente aos nativos deste país, porque poucas informações<br />

obtive sobre eles ou seus costumes.<br />

Relação <strong>da</strong>s pranchas<br />

1. Vista <strong>da</strong> ilha de Porto Seguro<br />

2. Vista de Boa Vista<br />

3. Vista <strong>da</strong> parte norte <strong>da</strong> ilha de Mayo a 5 léguas de distância<br />

4. Vista do porto <strong>da</strong> praia, na ilha de São Tiago<br />

5. Vista de parte <strong>da</strong> costa do Brasil, do cabo Frio ao cabo Negro<br />

6. Vista mais próxima <strong>da</strong> terra, <strong>da</strong> mesma costa<br />

7. Vista do cabo Frio a 5 milhas de distância<br />

32. Árvore do sabão ou gingeira ou azereiro – planta <strong>da</strong> família <strong>da</strong>s rosáceas: Prunus lusitanica.<br />

33. As descobertas auríferas, no fim do século XVII, e a abundância de diamantes no século XVIII determinaram pela metrópole<br />

uma severa vigilância nos caminhos de acesso àquela região. O Caminho novo para as minas, aberto por Garcia Rodrigues<br />

Pais, facilitou o escoamento para o Rio de Janeiro <strong>da</strong> produção de ouro e diamantes, controlado na Casa <strong>da</strong> Moe<strong>da</strong> de<br />

onde seguiam então para Portugal.

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