Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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deixou fixa<strong>da</strong> uma descrição de sua pessoa: 24 anos, estatura baixa, cor branca, cabelos<br />
castanhos para ruivos, pouca barba, rosto comprido e olhos pardos1 .<br />
Sua vin<strong>da</strong> para o Brasil, conforme se depreende <strong>da</strong> documentação existente no<br />
arquivo de sua ci<strong>da</strong>de natal, Staatsarchiv Basel, foi resultado de entendimentos com o<br />
representante do governo brasileiro em Paris, que o contratou para, no Rio de Janeiro,<br />
iniciar a arte <strong>da</strong> litografia como "litógrafo do Imperador", isto é, litógrafo oficial, com<br />
subordinação ao Arquivo e Academia Militar.<br />
Acrescentaremos a sua biografia que Steinmann iniciou seus estudos em 1821, entrando<br />
para o estabelecimento litográfico de Engelmann, em Mulhouse, Alsácia, vizinho<br />
de seu torrão natal. Aperfeiçoa-se em segui<strong>da</strong> com Alois Senefelder, o inventor <strong>da</strong> litografia,<br />
estabelecido em Paris, aonde vai encontrá-lo o encarregado de negócios brasileiro.<br />
Trouxe ele os elementos materiais imprescindíveis ao ensino <strong>da</strong> arte litográfica, cuja<br />
oficina funcionou na Rua <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>, tendo o Arquivo Militar, além do especializado mestre,<br />
mais seis aprendizes sob sua orientação (Almanaque do Império do Brasil, 1829).<br />
Documentos existentes no Arquivo <strong>Nacional</strong>2 registram que, logo após haver organizado<br />
a oficina, montando máquinas e lecionando a arte litográfica a seus aju<strong>da</strong>ntes,<br />
Johann Steinmann pretendeu, além dos compromissos oficiais, encarregar-se de encomen<strong>da</strong>s<br />
particulares e comerciais, usando para tal a maquinaria de proprie<strong>da</strong>de do Estado.<br />
São de grande interesse tais papéis, de cuja leitura se infere haver ele obtido uma<br />
autorização verbal do imperador Pedro I, para exercer esses serviços extraordinários,<br />
não recebendo, porém, o necessário apoio do coman<strong>da</strong>nte chefe <strong>da</strong> Academia Militar,<br />
Joaquim Norberto Xavier de Brito, nem o veredictum do ministro seu superior.<br />
O fato é que, durante cinco anos, trabalhou litografando mapas e outros impressos<br />
para o Arquivo Militar, impressora cartográfica oficial do Primeiro Império e, em<br />
1830, ao terminar seu compromisso com o governo de Sua Majestade Imperial D. Pedro<br />
I, estabeleceu oficina própria de cujas prensas se conhecem alguns mapas e folhas volantes<br />
de costumes e tipos populares do Rio de Janeiro.<br />
Os registros <strong>da</strong> época relacionam para sua oficina os seguintes endereços, publicados<br />
no Almanaque do Império do Brasil, editado por Seignot Plancher: 1829 (Beco Manuel<br />
de Carvalho nº 2, proprietário J. Steinmann) e, em 1830 (Rua do Ouvidor, nº 199).<br />
Pertencem à sua oficina litográfica as seguintes estampas de tipos populares impressas<br />
no Rio de Janeiro (peças raríssimas, guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s na Seção de Iconografia <strong>da</strong> <strong>Biblioteca</strong><br />
<strong>Nacional</strong>):<br />
1. João Theodosio, Capitão Henrique Dias, por antonomásia "Capitão Bonaparte",<br />
(CEHB, 17.851);<br />
2. Buonaparte (a paisana), (CEHB, 17.852);<br />
3. O filósofo do caes do Paço, (CEHB, 17.854);<br />
4. O músico Policarpo, (CEHB, 17.855);<br />
5. Praia Grande (doido), (CEHB, 17.856).<br />
Conhecem-se ain<strong>da</strong> vários mapas, alguns dos quais figuraram em obras edita<strong>da</strong>s<br />
por Seignot Plancher, e impressos na litografia do Arquivo Militar ou em sua oficina:<br />
1. Arquivo <strong>Nacional</strong>, Polícia. Legitimações e passaportes, Códice 381, livro 2 fls. 14 verso<br />
2. Ministério <strong>da</strong> Guerra. Arquivo Militar. Caixa 961-1, 1826