Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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"Table Land 15 november, 1765". Foi, pois, determinado o ano de 1765, como <strong>da</strong> passagem<br />
pelo Rio de Janeiro do viajante (o desenho registra a passagem do navio pela África<br />
do Sul). Compulsa<strong>da</strong>s as bibliografias, sobretudo as especificamente dedica<strong>da</strong>s ao arrolamento<br />
dos viajantes que passaram pela ci<strong>da</strong>de, nos quatro séculos, encontramos citação<br />
de que o inglês James Forbes estivera entre fins de junho até 12 de outubro de 1765, no Rio<br />
de Janeiro. Pelo confronto <strong>da</strong>s informações constantes do códice <strong>da</strong> Seção de Manuscritos<br />
com as de seu livro de memórias sobre o Oriente, no capítulo referente à esta<strong>da</strong> no Rio de<br />
Janeiro, conclui-se que é seu autor o citado viajante inglês. Corroboram esta afirmação as<br />
ilustrações de pássaros brasileiros que ocorrem no livro publicado (idênticas às dos manuscritos)<br />
e que trazem, nas pranchas grava<strong>da</strong>s a cores, não só o nome do artista que as<br />
elaborou, William Hooker, como também o nome do artista dos originais: James Forbes.<br />
O autor<br />
James Forbes, inglês nascido em Londres em 1749, muito cedo iniciou uma<br />
carreira promissora. Nomeado amanuense <strong>da</strong> Indian Company Service e designado<br />
para Bombaim, partiu de Downs, na Inglaterra, em 12 de abril de 1765. Quatorze passageiros,<br />
além <strong>da</strong> tripulação, viajavam no Royal Charlotte com destino à Índia; velejando<br />
nas costas europeias pelo oceano Atlântico, contornariam a África, entrando no<br />
oceano Índico, e aportariam em Bombaim, após três a quatro meses de viagem. Entretanto,<br />
depois de velejar na costa espanhola e ilhas do norte <strong>da</strong> África, já passados dois<br />
meses de viagem, descobriram uma fen<strong>da</strong> no casco <strong>da</strong> embarcação que exigia urgentes<br />
reparos, obrigando alteração no trajeto; dirigiu-se o navio rumo ao porto do Rio de<br />
Janeiro, onde aportou a 30 de junho do referido ano. Até 10 de outubro de 1765, portanto<br />
três meses e dez dias, ficou o Royal Charlotte em conserto, <strong>da</strong>ndo oportuni<strong>da</strong>de<br />
a que seus passageiros conhecessem a colônia portuguesa, que, por ordens reais, permanecia<br />
isola<strong>da</strong> e proibi<strong>da</strong> a estrangeiros. É nesse período que James Forbes coleta<br />
informações, desenha o que lhe interessa e registra no seu Manuscript upon Brazil, o<br />
que lhe foi <strong>da</strong>do conhecer do Rio de Janeiro.<br />
A 10 de outubro de 1765 o Royal Charlotte, refeito <strong>da</strong> avaria, continua rumo à<br />
Índia; a bordo, James Forbes desenha o contorno distante <strong>da</strong> costa sul-africana e <strong>da</strong>ta<br />
de 1 de novembro a vista Table Mountain no cabo <strong>da</strong> Boa Esperança, "que foi por muitos<br />
séculos a barreira para os navegantes europeus em viagem para o Oriente. Vasco <strong>da</strong><br />
Gama, no fim do século XV, superou o obstáculo, o que ocasionou a mu<strong>da</strong>nça do nome<br />
de cabo <strong>da</strong>s Tormentas para o <strong>da</strong> Boa Esperança" (Forbes, Oriental Memoirs, p. 9).<br />
Exatamente onze meses depois <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> <strong>da</strong> Inglaterra, aporta o navio na ilha<br />
Colombo, no sul <strong>da</strong> península do Industão e cuja capital era Madras, onde durante dezoito<br />
anos James Forbes fixou residência. Ao residir em Bombaim teve oportuni<strong>da</strong>de de<br />
percorrer quase to<strong>da</strong> a Índia, anotando todos os seus aspectos e fazendo acompanhar<br />
suas impressões de desenhos "recomendáveis pela exatidão e delicadeza". Não esquecendo<br />
os amigos e parentes na distante Albion, com eles manteve estreita correspondência,<br />
lá indo em três ocasiões, porém voltando à Índia.<br />
Dezoito anos depois, encerra definitivamente suas ativi<strong>da</strong>des no Oriente, onde<br />
ocupou empregos de projeção e lucrativos; volta à Inglaterra e se casa em 1788, estabelecendo-se<br />
confortavelmente.