Lygia da Fonseca Fernandes - Fundação Biblioteca Nacional
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mirar o valor do artista quase desconhecido entre nós, copiando certamente original de<br />
Thomas Ender, seu mestre na academia austríaca de Belas Artes.<br />
Da época <strong>da</strong> regência, entre 1831 e 1840, são os desenhos de Cyprien François<br />
Hubert de la Michellerie, pintor de paisagens e retratos que, como indica o dicionário de<br />
Bénézit, tratou de assuntos brasileiros. Deste artista já conhecíamos, cita<strong>da</strong> no Catálogo<br />
de Exposição de História do Brasil, a peça nº 17.492 – litografia por ele feita em 1831<br />
para Seignot Plancher, o editor do Jornal do Commercio – folha volante que ilustra<br />
o enterro de um guar<strong>da</strong> municipal na Igreja de São Francisco de Paula, falecido por<br />
ocasião <strong>da</strong>s escaramuças de 7 de outubro de 1831 no ataque <strong>da</strong> ilha <strong>da</strong>s Cobras (o único<br />
exemplar conhecido é guar<strong>da</strong>do na Seção de Iconografia). Recentemente, adquiriu-se,<br />
junto com vários de seus desenhos, o recibo correspondente a este trabalho, pelo qual<br />
Michellerie recebeu a fabulosa quantia de 60 mil réis. São os seguintes os esboços do<br />
exímio desenhista: Fazen<strong>da</strong> de Santa Cruz, Engenho Velho, Largo do Paço, Ilha <strong>da</strong> Boa<br />
Viagem, Igreja <strong>da</strong> Lapa e Convento de Santa Teresa, Praça <strong>da</strong> Constituição, os quais<br />
figurarão na mostra que se prepara.<br />
De um membro <strong>da</strong> expedição <strong>da</strong> fragata Vênus, registrando sua passagem pelo<br />
Rio entre 4 e 16 de fevereiro de 1837, guar<strong>da</strong> a Seção de Iconografia uma grande série<br />
de desenhos a nanquim. Deste conjunto, foram selecionados para figurar na mostra<br />
12 pequenos esboços de aspectos parciais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, cujo valor iconográfico reside,<br />
sobretudo, no ineditismo do documentário arquitetônico.<br />
Haguedorn esteve no Rio por volta dos meados do século XIX. Fixou em suas<br />
aquarelas a paisagem tropical em pincela<strong>da</strong>s largas de cores vivas. Conhecem-se também<br />
de sua autoria alguns quadros a óleo e desenhos transferidos para a pedra litográfica<br />
por artistas europeus – primeiros planos de panoramas do Rio, editados por<br />
conheci<strong>da</strong>s firmas especializa<strong>da</strong>s.<br />
Desse artista, cuja passagem entre nós continua sendo objeto de estudos e pesquisas,<br />
possui a Seção de Iconografia um álbum de 26 aquarelas adquirido em 1932. De<br />
mais recente aquisição é a peça que pode ser admira<strong>da</strong> na mostra – Vista do saco do<br />
Alferes – em que as características de seu estilo – liber<strong>da</strong>de de fatura, predominância <strong>da</strong><br />
vegetação sobre a arquitetura, indicam tendências avança<strong>da</strong>s para a época.<br />
De um antigo discípulo de Debret na Academia Imperial de Belas Artes, José dos<br />
Reis Carvalho, pela primeira vez são expostas três aquarelas até então desconheci<strong>da</strong>s:<br />
Iluminação de azeite de peixe, Chafariz do Lagarto e Bica dos Marinheiros, insólitos<br />
aspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> diária <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de em 1854, existindo ain<strong>da</strong> duas outras que não serão expostas:<br />
os festejos religiosos <strong>da</strong> procissão de São Jorge, marca<strong>da</strong>mente popular, a imagem<br />
do santo a cavalo, paramenta<strong>da</strong>; e duas figuras com instrumentos musicais de percussão,<br />
vestidos de túnica azul enfeita<strong>da</strong> com galão dourado e chapéu de grandes abas.<br />
Completando alguns <strong>da</strong>dos referentes ao artista, podemos acrescentar que participou<br />
<strong>da</strong>s exposições <strong>da</strong> Academia Imperial de Belas Artes, <strong>da</strong> qual foi também professor<br />
honorário. Ademais colaborou na ornamentação <strong>da</strong> varan<strong>da</strong> arma<strong>da</strong> para a coroação de<br />
d. Pedro II em julho de 1841, sendo de sua autoria os trabalhos de pintura.<br />
O Museu <strong>Nacional</strong> de Belas Artes expôs recentemente duas aquarelas de sua autoria<br />
– Igreja de Santana em dia de festa e Teatro Provisório, em 1853, que, juntamente<br />
com os trabalhos agora em exibição na <strong>Biblioteca</strong> <strong>Nacional</strong>, vêm modificar por com-