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118nesse caso, a nota fiscal do objetotambém é exigida. Eis osdepoimentos:− Meu primo estava s<strong>em</strong> a nota, e seubraço foi queimado com cigarro, alémde levar<strong>em</strong> o celular.− Morar na favela é o t<strong>em</strong>po todo ter deprovar que é honesto.− Eu não aguento ser <strong>revista</strong>do o t<strong>em</strong>potodo. Tenho medo. Trabalho cedo. Anota fiscal da minha bicicleta precisa serplastificada. São os mesmos policiaisque me <strong>revista</strong>m.− A polícia já v<strong>em</strong> dizendo que somosenvolvidos com o tráfico. É melhor ficarcalado para não apanhar. T<strong>em</strong>os medode reivindicar direitos. Estamos nacomunidade. Pod<strong>em</strong>os ser a próximavítima a ser encontrada morta.− Sou honesto, quero viver. Para isso,tenho de ficar calado. Reivindico outrosdireitos, mas, no caso da violênciapolicial, só se for através de umainstituição fazendo denúncia s<strong>em</strong> dizernosso nome.− A gente veio <strong>aqui</strong> [<strong>Gajop</strong>] para quevocês ajud<strong>em</strong> a gente. Precisamos dealguém forte. Não quer<strong>em</strong>os nossonome exposto.− Tenho medo que coloqu<strong>em</strong> aresponsabilidade <strong>em</strong> nós por algunscrimes. Não trabalho, então, souchamado de vagabundo e vadio.Essa narrativa d<strong>em</strong>onstra que osist<strong>em</strong>a, enfim, cria e reforça asdesigualdades sociais, conservando aestrutura vertical de dominação epoder. O discurso de cada segmentodo sist<strong>em</strong>a é de proclamação dafunção preventiva, mas, na prática,ignora o discurso jurídico penal – <strong>em</strong>regra, garantidor, legalista, pragmáticoe regulador – e a atividade quejustifica.No caso específico da políciacom suas rotineiras blitze, infelizmentea prática da intimidação dosmoradores daquela e de outrascomunidades pobres disparaindiscriminadamente, gerando umcampo de guerra – uma invasãomilitar. O sist<strong>em</strong>a começa a perseguilosantes mesmo da consumação doato delituoso.A criminalização da pobrezaatinge, particularmente, jovens enegros da periferia urbana. Morar nafavela traz, no imaginário social, algode pejorativo, do lugar da violência edo inimigo interno. Logo, o medoimobiliza sua população para enfrentaro probl<strong>em</strong>a. O fantasma do medoreduz a esperança de dias melhores.Esse fantasma não é da ord<strong>em</strong> dovisível, mas sim do vivenciado pelaspercepções coletivas.Vive-se a “cidade partida”(cidade bipolar) como diz Ventura(1994); de um lado, o poder dostraficantes de droga, que trazinsegurança à comunidade com suasameaças e, de outro, a cidade sitiada,com medo das favelas, afastando-secada vez mais da convivência pacífica.Para Caldeira (2000, p. 34), “aviolência e o medo combinamprocesso de mudanças, alterando aarquitetura urbana, segregando e

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