25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As contribuições mais instigantes da análise panorâmica elaborada por la Dehesa<br />

e Pech<strong>en</strong>y situam-se nos aportes teóricos que elaboram em relação à política<br />

pública, modernização/modernidade e des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to como parâmetros para<br />

situar a política sexual latino-americana dos anos 2000. Ao conceituar “política<br />

pública”, por exemplo, eles nos lembram que os modelos clássicos que concebiam<br />

políticas públicas exclusivam<strong>en</strong>te como ação administrativa estatal nos marcos dos<br />

estados nacionais estão hoje superados. As concepções contemporâneas nos dizem<br />

que os âmbitos de ação da “política pública” são também “locais” e “globais” e, sobretudo,<br />

que sua formação e implem<strong>en</strong>tação <strong>en</strong>volve uma ext<strong>en</strong>sa gama de atores<br />

não estatais. Essa lógica é palpável nos processos de incidência, elaboração e acompanham<strong>en</strong>to<br />

de leis e políticas em que hoje se <strong>en</strong>gajam os atores e atrizes da política<br />

sexual que, segundo os autores, podem e devem ser <strong>en</strong>t<strong>en</strong>didos como expressões da<br />

“governam<strong>en</strong>talidade”, compre<strong>en</strong>dida como dinâmicas multidim<strong>en</strong>sionais e contraditórias<br />

de formação e re-configuração dos estados, as quais podem contribuir<br />

tanto para a manut<strong>en</strong>ção, quanto para a transformação do ord<strong>en</strong>am<strong>en</strong>to social e<br />

político.<br />

Os autores <strong>en</strong>fatizam que políticas públicas são sempre mecanismos de distribuição<br />

de recursos e de poder. Mas também sublinham que em sociedades mediatizadas<br />

as dim<strong>en</strong>sões expressivas ou comunicativas das políticas públicas, ou<br />

seja, a produção de discursos, simbologias e imag<strong>en</strong>s, são exacerbadas. Pech<strong>en</strong>y<br />

e De la Dehesa levantam a hipótese de que, na <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, as respostas dos<br />

estados fr<strong>en</strong>te às demandas de direitos sexuais e reprodutivos têm sido, sobretudo,<br />

traduzidas em termos de políticas expressivas que, no mais das vezes, não implicam<br />

maiores riscos, grandes investim<strong>en</strong>tos financeiros ou desafios de gestão.<br />

No que se refere à modernização/modernidade e des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to, a análise<br />

relembra que, na <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, as elites historicam<strong>en</strong>te lançaram mão de narrativas<br />

de progresso e modernização para justificar tanto projetos autoritários e exclud<strong>en</strong>tes<br />

quanto regimes democráticos e inclusivos. Também questiona a oposição<br />

simplista <strong>en</strong>tre tradição e modernização que t<strong>en</strong>de a prevalecer nos discursos políticos<br />

e no s<strong>en</strong>so comum, assinalando, inclusive, que não existe correlação automática<br />

<strong>en</strong>tre des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to (crescim<strong>en</strong>to) econômico, modernidade e democracia. Os<br />

autores lembram que vários países da região viveram sob ditaduras em tempos de<br />

grande crescim<strong>en</strong>to e modernização e se democratizaram em meio a crises econômicas<br />

profundas.<br />

Esses marcos conceituais e analíticos são fundam<strong>en</strong>tais para situar criticam<strong>en</strong>te<br />

as políticas sexuais contemporâneas, <strong>en</strong>tre outras razões porque as transformações<br />

observadas em relação a gênero e sexualidade em décadas rec<strong>en</strong>tes têm sido associadas,<br />

de maneira simplista, a processos e/ou ideologias da “modernização”. Os<br />

parâmetros que De la Dehesa e Pech<strong>en</strong>y elaboram nos instigam a reconhecer que<br />

as interseções <strong>en</strong>tre política, economia, modernização, modernidade e democracia<br />

Apres<strong>en</strong>tação<br />

9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!