25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Os três outros trabalhos desta parte, embora elaborados a partir de recortes específicos,<br />

além de examinar contextos nacionais e temas específicos, retomam várias<br />

das questões suscitadas pelas reflexões de Pech<strong>en</strong>y e De la Dehesa. Por exemplo, o<br />

texto Estado y procesos políticos: sexualidad e interseccionalidad, de Franklin Gil, comporta<br />

um compon<strong>en</strong>te teórico em que são elaboradas reflexões sobre o próprio conceito<br />

de interseccionalidade. Retomando ideias des<strong>en</strong>volvidas por feministas negras<br />

– Angela Davis, Bel Hooks, Patricia Hill Collins, Kimberley Cr<strong>en</strong>shaw e Mara<br />

Viveros – acerca da dupla discriminação ou dos efeitos cumulativos decorr<strong>en</strong>tes da<br />

condição de gênero, raça, classe e ori<strong>en</strong>tação sexual, Gil reitera sistematicam<strong>en</strong>te<br />

que esse efeito cumulativo não deve ser p<strong>en</strong>sado como um empilham<strong>en</strong>to estático,<br />

mas sim como uma dinâmica instável e complexa.<br />

O grande mérito do texto, porém, é o esforço no s<strong>en</strong>tido de traduzir esse debate<br />

teórico para o contexto da política sexual colombiana. Gil id<strong>en</strong>tifica a naturalização,<br />

a racialização ou a sexualização do “outro” – e o recurso constante a díade naturezacultura<br />

para “explicar” fatos sociais – como dispositivos que ancoram e alim<strong>en</strong>tam sexismo,<br />

racismo e classismo na sociedade colombiana. Portanto, leis e políticas democráticas<br />

pautadas pelo respeito à pluralidade e promoção da justiça têm como desafio<br />

desmontar esses dispositivos. Contudo, ao analisar as chamadas políticas de respeito à<br />

diversidade hoje implem<strong>en</strong>tadas na Colômbia, Gil demonstra como o estado continua<br />

a p<strong>en</strong>sar e governar “difer<strong>en</strong>ças” numa perspectiva ess<strong>en</strong>cialista e fragm<strong>en</strong>tadas:<br />

mulheres, crianças, indíg<strong>en</strong>as, afrodesc<strong>en</strong>d<strong>en</strong>tes, gays, lésbicas, travestis.<br />

Retomando algumas das questões levantadas por Pech<strong>en</strong>y e De la Dehesa, Gil<br />

sublinha que o estado governa difer<strong>en</strong>ças com base na lógica influ<strong>en</strong>ciada pela matriz<br />

clássica do governo de populações, ou seja, uma perspectiva étnico-ess<strong>en</strong>cialista<br />

de exclusão ou inclusão de minorias. O autor pontua, adicionalm<strong>en</strong>te, que, nos<br />

dias atuais, essa lógica é retroalim<strong>en</strong>tada pelo apelo das id<strong>en</strong>tidades que caracteriza<br />

os novos movim<strong>en</strong>tos sociais, especialm<strong>en</strong>te o movim<strong>en</strong>to pela diversidade sexual.<br />

Resulta daí um ciclo vicioso: de um lado, o apelo id<strong>en</strong>titário dos novos movim<strong>en</strong>tos<br />

sociais reitera a antiga lógica populacional (minorias) das políticas públicas; de<br />

outro, o “governo das difer<strong>en</strong>ças” realim<strong>en</strong>ta o apego ess<strong>en</strong>cialista do movim<strong>en</strong>to<br />

pela diversidade sexual.<br />

A injunção id<strong>en</strong>tificada por Gil é, possivelm<strong>en</strong>te, o que explica por que na<br />

Colômbia, assim como em outros países, as demandas formuladas em termos de<br />

id<strong>en</strong>tidades t<strong>en</strong>dem a ser mais eficazes, no s<strong>en</strong>tido que obtêm respostas mais rápidas<br />

dos estados. Por outro lado, não é excessivo afirmar que as políticas públicas pautadas<br />

por lógicas ess<strong>en</strong>cialistas ou id<strong>en</strong>titárias t<strong>en</strong>dem a ficar restritas às dim<strong>en</strong>sões<br />

expressivas (ou comunicativas). Para retomar Fraser (1997), cumprem a função do<br />

“reconhecim<strong>en</strong>to”, sem necessariam<strong>en</strong>te implicar “redistribuição”.<br />

O artigo de Gabriel Gallego – <strong>Sexualidad</strong>es, regulación y políticas pública –<br />

também examina o caso colombiano. Ao tratar da regulação da sexualidade, Gallego<br />

Apres<strong>en</strong>tação<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!