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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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por Tomás de Aquino <strong>en</strong>tre a filosofia Aristotélica e os preceitos religiosos cristãos,<br />

formando o tomismo, filosofia oficial da igreja católica até o pres<strong>en</strong>te (Koyré, 1991).<br />

Neste complexo sistema de p<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>to, o que chamamos hoje em dia de<br />

Universo era concebido como Cosmo, fechado e heterogêneo, geocêntrico, com<br />

uma fronteira definida pela órbita lunar, além da qual estaria o domínio do eterno<br />

e perfeito e, aquém da mesma, a esfera da transitoriedade e imperfeição. Resulta<br />

daí que qualquer apelo a instâncias empíricas como fundam<strong>en</strong>to epistemológico<br />

seria indevido; nossos próprios s<strong>en</strong>tidos são falhos e tudo a que estes têm acesso<br />

é exatam<strong>en</strong>te um mundo, ele mesmo epistemologicam<strong>en</strong>te infiel e traiçoeiro que<br />

jamais daria acesso à Verdade. S<strong>en</strong>do os humanos criados à imagem e semelhança<br />

de seu criador, segundo este p<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>to, é naquilo que os aproxima dele que se<br />

pode <strong>en</strong>contrar o fundam<strong>en</strong>to sólido do conhecim<strong>en</strong>to confiável, pela introspecção<br />

e pela exegese dos textos sagrados. Segue-se, portanto, que o critério máximo de<br />

referência epistemológica é a Razão. E <strong>en</strong>tre os humanos há especialistas evid<strong>en</strong>tes<br />

na produção de interpretações corretas – o clero, intermediador <strong>en</strong>tre a palavra<br />

divina e a existência humana (Koyré, 1991).<br />

Um dos produtos mais robustos deste modelo é o sistema astronômico Ptolemaico.<br />

Como já m<strong>en</strong>cionado, a astronomia tem raízes que se est<strong>en</strong>dem para além<br />

da história conhecida. Múltiplas necessidades de povos antigos – navegação à noite,<br />

estabelecim<strong>en</strong>to de ciclos temporais (cal<strong>en</strong>dários) ess<strong>en</strong>ciais para a agricultura, por<br />

exemplo, e mesmo a previsão astrológica – estimularam o des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to precoce<br />

(e múltiplo, veja-se, por exemplo, a avançada astronomia des<strong>en</strong>volvida pelos Maias<br />

na <strong>América</strong> C<strong>en</strong>tral pré-colombiana) desta disciplina (Kuhn, 1992).<br />

Seguindo a lógica de esferas supralunares perfeitas, o único movim<strong>en</strong>to possível<br />

de ser executado por corpos celestes é o circular, eternam<strong>en</strong>te igual a si mesmo.<br />

Mapeando-se as estrelas visíveis no céu à noite, juntam<strong>en</strong>te com a Lua, ou o Sol<br />

durante o dia, as observações pareciam confirmar este preceito. Uma classe de objetos,<br />

contudo, d<strong>en</strong>ominados pelo vocábulo grego que os id<strong>en</strong>tificava como “errantes”<br />

– os planetas –, segue trajetória estranha, que parecem ir até um ponto no<br />

céu, regressar e depois continuar na direção anterior. Este movim<strong>en</strong>to, d<strong>en</strong>ominado<br />

precessão, era explicado pela existência de epiciclos – círculos d<strong>en</strong>tro de círculos – que<br />

gerariam a apar<strong>en</strong>te anomalia. As observações do céu, feita com parcos instrum<strong>en</strong>tos<br />

e com elevada margem de erro, não sugeriam erros do modelo (Kuhn, 1992;<br />

Koyré, 1991).<br />

Em 1543, surge um livro (De revolutionibus orbium coelestium), publicado pouco<br />

antes de seu autor (Nicolau Copérnico, 1473-1543) falecer que oferecia uma repres<strong>en</strong>tação<br />

alternativa ao sistema Ptolemaico, colocando a Terra, e não o Sol, em seu<br />

c<strong>en</strong>tro. No prefácio do livro, esta decisão é apres<strong>en</strong>tada de forma cautelosa como um<br />

dispositivo matemático que facilitaria o processo dos cálculos astronômicos, s<strong>en</strong>do<br />

geometricam<strong>en</strong>te equival<strong>en</strong>te ao modelo Ptolemaico (Kuhn, 1992; Koyré, 1991).<br />

128 Sessão 2 – Ciência e política sexual

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