25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mulheres e; c) feminismo pós-moderno, para o qual as duas outras estratégias são<br />

questionáveis, já que são “fundam<strong>en</strong>talistas” em alguma medida. O feminismo empirista<br />

inc<strong>en</strong>tiva a busca de uma ciência cada vez mais objetiva e capaz de suprimir<br />

os preconceitos de gênero. Foi bastante criticado em prol do des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to das<br />

duas outras linhas, nas quais vamos nos deter um pouco mais.<br />

O feminismo perspectivista, a partir de uma ênfase na noção de conhecim<strong>en</strong>to<br />

situado, def<strong>en</strong>de que o feminismo pode oferecer uma compre<strong>en</strong>são mais complexa e<br />

m<strong>en</strong>os distorcida da realidade. Com inspiração na epistemologia marxista, reconhecidam<strong>en</strong>te<br />

politizada, propõe que não existe conhecim<strong>en</strong>to neutro nem absolutam<strong>en</strong>te<br />

objetivo e que todo conhecim<strong>en</strong>to se constrói a partir de um posicionam<strong>en</strong>to<br />

social específico. A questão não é simplesm<strong>en</strong>te refletir a verdade, mas problematizar<br />

o que se pode apre<strong>en</strong>der da perspectiva que se tem através de difer<strong>en</strong>tes ângulos.<br />

Nesse s<strong>en</strong>tido, sugere-se que a visão dos grupos dominantes é sempre perversa<br />

e parcial, <strong>en</strong>quanto a dos dominados é fruto de uma luta política e epistêmica para<br />

escapar ou ver através da visão imposta. Essa perspectiva <strong>en</strong>gajada, necessariam<strong>en</strong>te,<br />

tem que se embasar em uma dupla visão e, por isso, pode se tornar uma conquista.<br />

Para Nancy Hartsock (1986), as desigualdades de gênero operam no s<strong>en</strong>tido de<br />

gerar experiências qualitativam<strong>en</strong>te difer<strong>en</strong>tes para hom<strong>en</strong>s e mulheres. Por meio<br />

desses ângulos de visão distintos, seriam capazes de produzir conhecim<strong>en</strong>to difer<strong>en</strong>ciadam<strong>en</strong>te.<br />

Não se trataria de algo <strong>en</strong>raizado em difer<strong>en</strong>ças biológicas, mas sim<br />

resultado do padrão de relações de gênero em determinada sociedade (Harding,<br />

1986; Sard<strong>en</strong>berg, 2002).<br />

Quanto ao feminismo pós-moderno, se des<strong>en</strong>volve especialm<strong>en</strong>te a partir das<br />

críticas ao feminismo empirista e perspectivista. Sali<strong>en</strong>ta o quão problemático seria<br />

def<strong>en</strong>der que o conhecim<strong>en</strong>to se constrói contextualm<strong>en</strong>te ao mesmo tempo em<br />

que argum<strong>en</strong>ta a favor de um maior privilégio epistêmico das mulheres. Apesar da<br />

força crítica do perspectivismo, deixa de considerar adequadam<strong>en</strong>te que o conhecim<strong>en</strong>to<br />

produzido sempre será parcial e não necessariam<strong>en</strong>te mais objetivo que outros<br />

pontos de vista em questão (Jane Flax, 1999). Além disso, uma universalidade<br />

da experiência feminina é vista com desconfiança e também se critica a falta de<br />

clareza a respeito da distinção <strong>en</strong>tre mulheres e feministas <strong>en</strong>quanto grupo privilegiado<br />

capaz de uma visão alternativa. As feministas pós-modernas apres<strong>en</strong>tam uma<br />

olhar bem mais cético em relação à ciência herdeira do Iluminismo. Esse ceticismo<br />

explicaria por que Harding (1986) sugere que, no caso do feminismo empirista<br />

e do feminismo perspectivista, teríamos duas propostas de solução, <strong>en</strong>quanto no<br />

caso do feminismo pós-moderno tratar-se-ia mais propriam<strong>en</strong>te de uma ag<strong>en</strong>da<br />

de discussão em torno da relação <strong>en</strong>tre ciência, objetividade e política feminista.<br />

Nesse c<strong>en</strong>ário de impasses, D. Haraway (1995) tem aparecido como outra<br />

forte referência, afirmando que, se todos os conhecim<strong>en</strong>tos são situados e parciais,<br />

isso não significa ter de abandonar completam<strong>en</strong>te a busca pela objetividade. O<br />

136 Sessão 2 – Ciência e política sexual

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!