25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E podemos acresc<strong>en</strong>tar que tais histórias dramáticas também são elem<strong>en</strong>tos<br />

fundam<strong>en</strong>tais na interação de prostitutas com ongueiros e membros de grupos religiosos<br />

que visam “salvar” a prostituta, com policiais e outros ag<strong>en</strong>tes repressivos e,<br />

é claro, com ci<strong>en</strong>tistas sociais. É importante sali<strong>en</strong>tar, neste contexto, que mesmo<br />

naqueles casos onde nossas informantes têm relatado outros fatores que poderiam<br />

tê-las empurrado para a prostituição, sempre sali<strong>en</strong>taram também a lógica econômica<br />

que as mantinham no trabalho sexual. Como várias de nossas informantes nos<br />

têm dito, “Onde é que eu poderia arranjar outro emprego que me pague tanto<br />

quanto esse?”. Os fatos econômicos da prostituição parecem sempre e primordialm<strong>en</strong>te<br />

nos discursos das prostitutas, mas sobre eles os ci<strong>en</strong>tistas sociais têm muito<br />

pouco a dizer. O pres<strong>en</strong>te trabalho, <strong>en</strong>tão, é uma t<strong>en</strong>tativa inicial de colocar no<br />

papel algumas de nossas descobertas sobre as características econômicas do trabalho<br />

sexual em nosso país.<br />

Os dados apres<strong>en</strong>tados abaixo vêm de mais de cinco anos de pesquisa antropológica<br />

<strong>en</strong>tre prostitutas e cli<strong>en</strong>tes no Rio de Janeiro. Inicialm<strong>en</strong>te, nosso trabalho<br />

focalizava-se na orla da Copacabana – seguram<strong>en</strong>te a zona mais notória de<br />

todo o Brasil – e, particularm<strong>en</strong>te, na interação <strong>en</strong>tre prostitutas brasileiras e turistas<br />

estrangeiros. Todavia, nos últimos dezoito meses, temos aberto nossas pesquisas para<br />

outras áreas da cidade e para prostituição que visa principalm<strong>en</strong>te cli<strong>en</strong>tes brasileiros.<br />

Finalm<strong>en</strong>te, nos últimos seis meses, temos aberto um novo campo de pesquisa em<br />

São Paulo e temos conduzido viag<strong>en</strong>s de reconhecim<strong>en</strong>to à Curitiba e Goiânia.<br />

Pode-se dizer que nossa pesquisa é limitada, já que mantém seu foco na<br />

prostitui-ção nas áreas urbanas da região Sul-Sudeste do Brasil, justam<strong>en</strong>te a área<br />

econômica e sócio-culturalm<strong>en</strong>te privilegiada do país (veja-se o box sobre “Metodologia”<br />

para mais detalhes). De fato, essa crítica tem certo cabim<strong>en</strong>to e, nos<br />

próximos dois anos, pret<strong>en</strong>demos ampliar nossas investigações para a região Norte-<br />

Nordeste. Todavia, a nosso ver, a prostituição no eixo Rio-São Paulo, no caso do<br />

Brasil, pode ser conside-rada normativa em termos estatísticos e durkheimianas 6 ,<br />

por uma série de razões.<br />

Em primeiro lugar, os estados do Rio de Janeiro e São Paulo conc<strong>en</strong>tram boa<br />

porção da população do Brasil – cerca de 30%, de acordo com o IBGE (C<strong>en</strong>so<br />

2000) –, e, certam<strong>en</strong>te, são hegemônicos em termos da definição da política e<br />

da cultura nacional. O que acontece nas grandes metrópoles desses dois estados,<br />

cedo ou tarde, aparece em todo o Brasil. Pelo outro lado da moeda, o que pode ser<br />

<strong>en</strong>contrado Brasil afora também se faz pres<strong>en</strong>te no Rio e em São Paulo, dado sua<br />

atração como pólos migratórios.<br />

6 Émile Durkheim define como sociologicam<strong>en</strong>te “normativa” um fato social que é onipres<strong>en</strong>te, <strong>en</strong>contrado “se não<br />

em todos os indivíduos [da mesma espécie social], pelo m<strong>en</strong>os <strong>en</strong>tre a maior parte deles”. É claro que “normal”, no<br />

s<strong>en</strong>tido durkheimiano, não quer dizer “bom” e nem mesmo “aceitável” (Durkheim, 1978: 114).<br />

Amor um real por minuto – Ana Paula da Silva e Thaddeus Gregory Blanchette<br />

195

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!