25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

TEXTO PANORÂMICO<br />

Amor um real por minuto –<br />

a prostituição como atividade econômica<br />

no Brasil urbano 1<br />

Ana Paula da Silva 2 e Thaddeus Gregory Blanchette 3<br />

Definindo o problema<br />

Tradicionalm<strong>en</strong>te, no Brasil, a prostituição tem sido <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dida como f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>o<br />

semicriminoso. Se não crime em si, é certam<strong>en</strong>te vista como uma questão de<br />

ordem pública, cuja análise, ord<strong>en</strong>ação e (ocasional) repressão cabem propriam<strong>en</strong>te<br />

às autoridades instituídas do Estado. Em geral, essas são oriundas de dois campos<br />

políticos/ci<strong>en</strong>tíficos: o jurídico (composto de policiais, juízes e criminologistas) e o<br />

médico, particularm<strong>en</strong>te a área da saúde pública. A preocupação principal desses<br />

ag<strong>en</strong>tes tem sido limitar os supostos contágios do “vício” do sexo comercial para<br />

que estes não infectem a família idealizada <strong>en</strong>fraquec<strong>en</strong>do, assim, a nação (Blanchette<br />

e Da Silva, 2008; Caulfield, 2000; Leite, 1983; Meade, 1991; Rago, 2008;<br />

Schettini, 2006; Vainfas 1985). Aos olhos dessas autoridades, a prostituição era<br />

ora vista como uma ameaça a ser reprimida, ora como algo inevitável cujos efeitos<br />

nocivos som<strong>en</strong>te poderiam ser limitados. De qualquer maneira, quase nunca foi<br />

<strong>en</strong>t<strong>en</strong>dida como uma atividade econômica. 4<br />

O segundo eixo tradicional de análise da prostituição no Brasil diz respeito<br />

aos valores morais. Enquanto as várias igrejas do Brasil têm visto a prostituta (e<br />

é quase sempre a prostituta) como pecadora, vários ag<strong>en</strong>tes morais não-religiosos<br />

têm a situado como mulher vulnerável ou até escravizada. Se os religiosos conservadores<br />

<strong>en</strong>t<strong>en</strong>dem a prostituta como uma vagabunda que precisa ser controlada<br />

ou reformada, os seculares t<strong>en</strong>dem a percebê-la (nas palavras de DaMatta, 1990:<br />

1 Este artigo foi produzido com a colaboração de Felix Garcia e Monique Abreu.<br />

2 Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Difer<strong>en</strong>ça (NUMAS) da Universidade de São Paulo (USP).<br />

3 Universidade Federal do Rio de Janeiro e UNISUAM.<br />

4 Porém, veja a análise de Leite (1983) sobre a chamada “República do Mangue” como um raro exemplo contrário.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!