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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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É com a chegada de um outro personagem quase icônico – Galileu Galilei<br />

(1564-1642) –, com múltiplos interesses acadêmicos (astronomia, mecânica,<br />

matemática), que o modelo epistemológico da Idade Média torna-se seriam<strong>en</strong>te<br />

abalado. Influ<strong>en</strong>ciado pelo p<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>to Platônico e pelos des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>tos da arte<br />

de sua época (como, por exemplo, a redescoberta/reinv<strong>en</strong>ção da perspectiva), Galileu<br />

introduz importantes inovações metodológicas nos processos de produção de<br />

conhecim<strong>en</strong>to: a matematização e a experim<strong>en</strong>tação. Subjac<strong>en</strong>te a ambos estavam<br />

dois pressupostos metodológicos: um, a de que o criador do universo se expressaria<br />

em linguagem geométrica na sua criação, e outro que o modo privilegiado de<br />

acesso à Verdade sobre essa criação seria a observação, princípio compartilhado por<br />

outros autores, como Vesálio (1514-1564), geralm<strong>en</strong>te considerado como o autor<br />

do primeiro tratado anatômico moderno, o De humani corporis fabrica, publicado no<br />

mesmo ano – 1543 – da primeira edição do De revolutionibus de Copérnico (Hall,<br />

1988).<br />

Galileu demole a barreira infra/supra lunar. Encontra imperfeições na Lua com<br />

seu telescópio, e afirma que os movim<strong>en</strong>tos possíveis são o mesmo em qualquer<br />

parte do Universo. Afirma a necessidade da experim<strong>en</strong>tação como forma de obter<br />

certeza, ridiculariza os sábios escolásticos presos a seus textos, e o faz em livros sob<br />

a forma de diálogos, publicados em italiano, e não em latim, a língua dos sábios.<br />

Estas operações epistemológicas co-produzem dois atores fundam<strong>en</strong>tais: o sujeito<br />

(humano) do conhecim<strong>en</strong>to e seu objeto, a Natureza. Para Galileu e os que vieram<br />

a seguir, é desta última que pode surgir a certeza (Koyré, 1991).<br />

Deve-se <strong>en</strong>t<strong>en</strong>der a cond<strong>en</strong>ação imposta a Galileu nesta perspectiva. Mais do<br />

que ap<strong>en</strong>as a questão do helioc<strong>en</strong>trismo versus geoc<strong>en</strong>trismo, a epistemologia galilaica<br />

é uma ameaça ao status quo teocrático que se fundam<strong>en</strong>ta na primazia herm<strong>en</strong>êutica<br />

do clero. O processo de Galileu, contudo, não foi mais que um acid<strong>en</strong>te<br />

de percurso na história da ciência. Seguindo seus passos, Isaac Newton (1643-1727)<br />

produz a primeira grande síntese da história da Física contemporânea, ao deduzir<br />

leis de movim<strong>en</strong>to que explicariam a queda de objetos na Terra e a trajetória de<br />

corpos celestes.<br />

O des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to da Física ao longo dos séculos seguintes foi extraordinário<br />

e abrang<strong>en</strong>te, ao ponto de levar um dos grandes nomes da disciplina na passagem<br />

do século XIX ao XX, William Thomson, Lord Kelvin (1824-1907), a afirmar, em<br />

1900, que nada haveria de novo a ser descoberto na Física, restando ap<strong>en</strong>as aperfeiçoar<br />

os métodos de m<strong>en</strong>suração.<br />

O des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to de sua própria disciplina levaria à negação da afirmação de<br />

Lord Kelvin, mas praticam<strong>en</strong>te desde os primórdios da ciência experim<strong>en</strong>tal moderna<br />

um desafio filosófico persistia. Formulado primeiram<strong>en</strong>te por David Hume<br />

(1711-1776), o problema da indução, como veio a ser conhecido, colocava em<br />

questão o processo de g<strong>en</strong>eralização de achados a partir de experim<strong>en</strong>tos ou ob-<br />

Ciência, gênero e sexualidade – K<strong>en</strong>neth Camargo, Fabíola Rohd<strong>en</strong> e Carlos F. Cáceres<br />

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