25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ocupação, cujos traços diferem dos empregos conv<strong>en</strong>cionais, <strong>en</strong>tre outras razões por<br />

que é uma atividade inscrita num discurso de marginalidade, sujeita a forte estigma<br />

social, e também a uma maior vulnerabilidade à violência física e à transmissão de<br />

do<strong>en</strong>ças sexualm<strong>en</strong>te transmissíveis, ou mesmo a formas específicas de exploração<br />

por parte de cafetões. Isso significa reconhecer que, se por um lado, o nível de<br />

remuneração, a autonomia e a flexibilidade são vantag<strong>en</strong>s evid<strong>en</strong>tes, as prostitutas<br />

experim<strong>en</strong>tam situações de insegurança e vulnerabilidade e, sobretudo, carecem de<br />

políticas públicas e direitos aos quais têm acesso, ao m<strong>en</strong>os formalm<strong>en</strong>te, as demais<br />

trabalhadoras.<br />

Finalm<strong>en</strong>te, a com<strong>en</strong>tarista sugeriu que o texto poderia ser <strong>en</strong>riquecido se<br />

algumas outras dim<strong>en</strong>sões fossem incluídas na análise. A primeira diz respeito a<br />

situar o estudo realizado no Rio de Janeiro no contexto brasileiro mais amplo,<br />

pois, em outros lugares, o mercado do sexo talvez assuma configurações difer<strong>en</strong>tes<br />

das que se observam no Rio de Janeiro e São Paulo (assim como acontece com o<br />

mercado de trabalho em geral, que apres<strong>en</strong>ta importantes variações regionais). Em<br />

segundo lugar, Rodriguez considera que seria muito importante estimar qual é a<br />

contribuição do mercado do sexo para a economia da cidade e do país, apontando<br />

qual é a relação desta com outros setores, como no caso do turismo. Sugeriu ainda<br />

que seria fundam<strong>en</strong>tal examinar se as ações estatais relativas à prostituição se resumem<br />

à ação policial repressiva ou se incluem aspectos relativos à regulação no<br />

s<strong>en</strong>tido econômico e, sobretudo, se existem ou não políticas públicas específicas<br />

para responder às necessidades das trabalhadoras sexuais. Seu com<strong>en</strong>tário final <strong>en</strong>fatizou<br />

que, nesse campo de pesquisa, talvez mais que em outros é crucial utilizar<br />

a moldura de análise des<strong>en</strong>volvida por Nancy Fraser e outras autoras quanto à<br />

necessidade de articular lógicas de reconhecim<strong>en</strong>to (de id<strong>en</strong>tidades e práticas) e<br />

políticas redistributivas.<br />

Após as apres<strong>en</strong>tações dos quatro trabalhos do painel, Lohana Berkins3 iniciou<br />

seus com<strong>en</strong>tários pontuando que ela, como travesti, e suas companheiras de organi-<br />

zação não reconhecem a prostituição como um trabalho e, por isso, preferem se re-<br />

ferir a trabalhadoras do sexo como pessoas em situação de prostituição. Consideram<br />

que prostituição é uma situação de transição que as pessoas podem viver em algum<br />

mom<strong>en</strong>to de suas vidas, mas que é preciso assegurar a elas “opções de saída”. Como<br />

feminista que já viveu em situação de prostituição, ela considera que a prostituição<br />

é uma forma específica de regulação da sexualidade. Para Berkins, a atividade existe<br />

porque as sociedades a legitimam, ainda que na marginalidade, e os estados, sejam<br />

socialistas ou capitalistas, se b<strong>en</strong>eficiam dos r<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>tos que os mercados do sexo<br />

proporcionam. Por outro lado, segundo Berkins, as pessoas mesmas em situação de<br />

prostituição não se b<strong>en</strong>eficiam desses ganhos.<br />

3 Presid<strong>en</strong>ta da Associação de Luta pela Id<strong>en</strong>tidade Travesti e Transsexual (ALITT), Arg<strong>en</strong>tina.<br />

282 Sessão 3 – <strong>Sexualidad</strong>e e economia: visibilidades e vícios

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!