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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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Em 1934, um filósofo de origem austríaca, posteriorm<strong>en</strong>te radicado no Reino<br />

Unido, Karl Popper (1902-1994), publica seu primeiro livro, Logik der Forschung<br />

(A lógica da descoberta ci<strong>en</strong>tífica, na tradução para o português), com uma nova<br />

proposta epistemológica com importantes contrastes em relação ao positivismo lógico.<br />

Para Popper, a ciência se caracterizaria não por comprovar hipóteses ou teorias,<br />

mas por comportar mecanismos de falsificação das mesmas. Ao invés de comprovação<br />

experim<strong>en</strong>tal, teorias teriam sobrevivido aos testes colocados no caminho de<br />

seu des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to; hipóteses falsificadas deveriam ser abandonadas de uma vez<br />

por todas. Conjeturas e falsificação estariam na base do des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to histórico<br />

da ciência (Popper, 1989).<br />

Apesar destas importantes difer<strong>en</strong>ças, contudo, Popper mantém pontos em<br />

comum com as teorias epistemológicas preced<strong>en</strong>tes, em especial a concepção de<br />

uma ciência única, capaz de ser demarcada de modo claro, simples e definitivo<br />

da não-ciência, produzida pela associação <strong>en</strong>tre empiria e a aplicação inflexível da<br />

lógica. Neste último ponto, reside a difer<strong>en</strong>ça mais importante da epistemologia<br />

popperiana, ao propor um critério dedutivo de negação, em contraposição à lógica<br />

indutiva do positivismo lógico.<br />

A publicação, em 1962, da primeira versão de The structure of sci<strong>en</strong>tific revolutions<br />

(A estrutura das revoluções ci<strong>en</strong>tíficas), de Thomas S. Kuhn (1922-1996),<br />

físico tornado historiador e filósofo da ciência, traz importantes inovações ao debate.<br />

Para Kuhn, o sujeito cognosc<strong>en</strong>te não é mais o indivíduo, mas comunidades<br />

de pesquisadores, com um importante compon<strong>en</strong>te extra-cognitivo, o paradigma,<br />

e a história das ciências é compre<strong>en</strong>dida não mais como um cresc<strong>en</strong>do contínuo<br />

de acumulação, mas uma sucessão de crises e revoluções. A ideia de um critério de<br />

demarcação único para todas as ciências é praticam<strong>en</strong>te descartada.<br />

Toda a história e filosofia da ciência até Kuhn – e incluindo o mesmo – está<br />

dividida em duas abordag<strong>en</strong>s distintas, chamadas na literatura de língua inglesa de<br />

internalista e externalista. A primeira consideraria ap<strong>en</strong>as a dinâmica interna de<br />

uma dada disciplina no seu des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to, <strong>en</strong>quanto que a última abarcaria as<br />

condições de produção do conhecim<strong>en</strong>to ci<strong>en</strong>tífico, mas sem colocá-lo em questão.<br />

Ou seja, ao lidar com um dado marco histórico, por exemplo, o surgim<strong>en</strong>to da<br />

termodinâmica, uma história internalista se conc<strong>en</strong>traria no surgim<strong>en</strong>to de conceitos<br />

de <strong>en</strong>tropia, ou da lei de Boyle, ou dos passos técnicos da criação dos motores<br />

a vapor, <strong>en</strong>quanto que a abordagem externalista poderia analisar as pressões<br />

econômicas da Revolução Industrial, como o estímulo para o des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to<br />

das primeiras, mas sem n<strong>en</strong>huma análise crítica das teorias termodinâmicas em si.<br />

Enquanto que seus predecessores, inclusive Popper, conc<strong>en</strong>traram-se na prescrição<br />

de como deveria ser a ciência, Kuhn, com sua ênfase nos estudos históricos,<br />

procurou a descrição de como as disciplinas se estruturaram. Mais ainda, o conceito<br />

de paradigma abria um horizonte de investigações sobre como compon<strong>en</strong>tes<br />

Ciência, gênero e sexualidade – K<strong>en</strong>neth Camargo, Fabíola Rohd<strong>en</strong> e Carlos F. Cáceres<br />

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