25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No pólo oposto, estão os profissionais não-médicos, voltados para a prev<strong>en</strong>ção<br />

ou educação sexual 21 , mais próximos das discussões políticas acerca dos direitos e da<br />

diversidade sexual. É uma atividade que pode ter algum grau de prestígio acadêmico,<br />

mas sua distância da esfera do at<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to clínico – sempre mais prestigioso e,<br />

sobretudo, mais r<strong>en</strong>tável financeiram<strong>en</strong>te – a leva a uma localização mais periférica<br />

no campo.<br />

Entre esses dois pólos bastante antagônicos, poderíamos localizar uma sexologia<br />

clínica que pode ser mais próxima da medicina, da psicologia ou mesmo da<br />

prev<strong>en</strong>ção/educação sexual.<br />

Com o surgim<strong>en</strong>to da International Society for Sexual Medicine, a WAS t<strong>en</strong>deu<br />

a ficar mais eclética e a refletir de forma mais consist<strong>en</strong>te a heterog<strong>en</strong>eidade<br />

do campo. Em seus congressos, os profissionais mais periféricos ao campo da<br />

clínica se s<strong>en</strong>tem mais acolhidos e os repres<strong>en</strong>tantes da medicina sexual veem<br />

um campo a ser conquistado. Ao mesmo tempo, talvez seja melhor falar de um<br />

continuum, em vez de posições antagônicas que se opõem de forma sistemática, já<br />

que as fronteiras <strong>en</strong>tre as difer<strong>en</strong>tes vert<strong>en</strong>tes são mais porosas do que poderíamos<br />

imaginar.<br />

Para compre<strong>en</strong>dermos esse continuum, proponho, para fins analíticos, uma distinção<br />

em três áreas de atuação: a medicina sexual (a mais próxima da biomedicina),<br />

a sexologia clínica (que se articula tanto com a biomedicina quanto com a psicologia)<br />

e a sexologia “social” ou educacional. A medicina sexual seria, portanto, um dos pólos<br />

do nosso continuum. Mesmo ela, porém, apres<strong>en</strong>ta um certo grau de flexibilidade,<br />

possuindo uma vert<strong>en</strong>te mais radical, vinculada explicitam<strong>en</strong>te à indústria farmacêutica,<br />

e outra mais soft, que se comunica com a sexologia clínica. Esta, por sua vez,<br />

em sua vert<strong>en</strong>te mais medicalizada, se submete aos ditames ci<strong>en</strong>tíficos e clínicos da<br />

medicina sexual, mas t<strong>en</strong>de a se aproximar de uma visão multidisciplinar em sua vert<strong>en</strong>te<br />

mais psicológica. Quanto mais se distancia da visão estritam<strong>en</strong>te médica, mais se<br />

aproxima da sexologia sócio-educacional, hav<strong>en</strong>do uma sobreposição <strong>en</strong>tre as duas<br />

áreas de especialização, s<strong>en</strong>do comum <strong>en</strong>contrar profissionais que se dedicam tanto<br />

à clínica das disfunções quanto à ori<strong>en</strong>tação de professores, adolesc<strong>en</strong>tes e crianças.<br />

No caso da sexologia educacional, <strong>en</strong>contramos de novo um continuum que vai desde<br />

a referida sobreposição com setores da sexologia clínica, até a associação a visões<br />

mais políticas e ativistas da sexualidade. De outro lado, a sexologia educacional se<br />

cruza com estudos do campo das ciências sociais, que t<strong>en</strong>dem a ser mais teóricas. As<br />

fronteiras, de todo modo, não são fixas nem rigidam<strong>en</strong>te demarcadas, ao contrário,<br />

são porosas, e permitem combinações e articulações <strong>en</strong>tre posições que, em outros<br />

contextos, podem se colocar como antagônicas.<br />

21 Essa vert<strong>en</strong>te mais “social” da sexologia estava pres<strong>en</strong>te no campo desde a primeira sexologia. No caso da segunda<br />

sexologia, a ênfase na prática clínica acabou por ofuscá-la, embora ela t<strong>en</strong>ha sempre feito parte do campo.<br />

O campo da sexologia e seus efeitos sobre a política sexual – Jane Russo<br />

185

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!