25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ord<strong>en</strong>s de poder – legal, religioso, político, e social – visam restringir a liberdade<br />

do ser humano de viver pl<strong>en</strong>am<strong>en</strong>te sua sexualidade. Um traço forte da regulação<br />

é o <strong>en</strong>quadram<strong>en</strong>to de corpos e pessoas no binarismo sexual que torna “absolutam<strong>en</strong>te<br />

impossível transpassar as fronteiras”. Adrian também ressaltou que,<br />

nos dias atuais, o binarismo sexual – cristalizado pela biologia e pela bíblia – vai<br />

s<strong>en</strong>do contestado no mundo da vida. Observa-se que novos investim<strong>en</strong>tos são<br />

feitos para que ele seja reificado, quer seja nas doutrinas religiosas, quer seja nos<br />

discursos ci<strong>en</strong>tíficos.<br />

Ber<strong>en</strong>ice B<strong>en</strong>to 3 , em seu com<strong>en</strong>tários, teceu reflexões no s<strong>en</strong>tido de vincular<br />

de maneira mais precisa o debate sobre estado e processos políticos e os conteúdos<br />

relativos à sexualidade e ciência. Mais especialm<strong>en</strong>te pontuou que “fazer ciência”<br />

é sempre “fazer política”. Nesse s<strong>en</strong>tido, não é possível p<strong>en</strong>sar sobre sexualidade e<br />

geopolítica sem examinar crítica e sistematicam<strong>en</strong>te a contribuição da biomedicina<br />

(em especial das chamadas das ciências psi) na configuração da matriz heteronormativa<br />

que sust<strong>en</strong>ta, estruturalm<strong>en</strong>te, as lógicas formativas do estado moderno.<br />

Ainda que de maneira apar<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te indireta, o empre<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to ci<strong>en</strong>tífico, seja<br />

nas ciências biomédicas, seja nas ciências sociais, implica sempre em efeitos de natureza<br />

política.<br />

Nos com<strong>en</strong>tários sobre a apres<strong>en</strong>tação de Carlos Cáceres, B<strong>en</strong>to perguntou<br />

como as políticas oficiais consideram as travestis, se as classifica como hom<strong>en</strong>s que<br />

fazem sexo com hom<strong>en</strong>s. Também observou que seria interessante se Cáceres aprofundasse<br />

a análise anunciada no paper sobre a t<strong>en</strong>são <strong>en</strong>tre o conhecim<strong>en</strong>to produzido<br />

pelas ciências sociais acerca da prev<strong>en</strong>ção em saúde e a perspectiva biomédica.<br />

A com<strong>en</strong>tarista lembrou que várias pesquisas antropológicas nos dizem que<br />

travestis e trabalhadoras do sexo não usam camisinha, seja porque podem ganhar<br />

mais nos “programas”, seja porque sexo desprotegido compõe a c<strong>en</strong>a do prazer<br />

sexual. Se o conhecim<strong>en</strong>to disponível indica que a recusa da prev<strong>en</strong>ção é um fato<br />

<strong>en</strong>tre grupos específicos, caberia perguntar se as políticas oficiais de resposta ao HIV<br />

estão ou não tomando esses achados como referência.<br />

Com relação ao trabalho apres<strong>en</strong>tado por Jane Russo, B<strong>en</strong>to apreciou, sobretudo,<br />

o <strong>en</strong>foque adotado de p<strong>en</strong>sar sexologia e ciência como mercado. E questionou<br />

se seria possível p<strong>en</strong>sar a primeira onda da sexologia como uma etapa de produção<br />

discursiva de id<strong>en</strong>tidades sexuais (tal como definidas pela ciência) e a terceira onda<br />

como estando mais associada ao tratam<strong>en</strong>to biomédico destas id<strong>en</strong>tidades. Além<br />

disso, chamou at<strong>en</strong>ção para as mudanças terminológicas no campo da sexologia<br />

– em especial a substituição de “impotência” por “disfunção erétil” –, um deslocam<strong>en</strong>to<br />

que pode ser interpretado como estratégia para a linguagem médico-ci<strong>en</strong>tífica<br />

do jargão popular sexual, tornando-a, assim, cada vez mais secreta.<br />

3 Professora do Departam<strong>en</strong>to de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).<br />

Com<strong>en</strong>tários<br />

189

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!