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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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e a psicologia cognitiva) e outra mais contextualista (desde a epidemiologia social e<br />

as ciências sociais).<br />

Em quinto lugar, e como exemplo da vert<strong>en</strong>te “contextualista” acima assinalada,<br />

é conv<strong>en</strong>i<strong>en</strong>te assinalar a importância cresc<strong>en</strong>te do interacionismo simbólico como<br />

um marco teórico no qual muito da investigação sobre sexualidade tem efeito. D<strong>en</strong>tro<br />

deste marco, tem sido particularm<strong>en</strong>te importante o papel da teoria dos roteiros<br />

(scripts) sexuais (Simon & Gagnon, 1986), que contribuiu para o <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to das<br />

interações sexuais a partir da relação <strong>en</strong>tre c<strong>en</strong>ários culturais (as normas sociais em<br />

relação com o sexual), os roteiros interpessoais (os padrões de relação <strong>en</strong>tre as pessoas,<br />

tanto em seus aspectos normativos como permitindo a recriação de formas de<br />

relacionam<strong>en</strong>to) e finalm<strong>en</strong>te os roteiros intrapsíquicos (a visão pessoal da realidade<br />

sexual, considerando a experiência individual e a reflexão introspectiva). Esta teoria<br />

se afasta de maneira significativa das aproximações cognitivas no <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to da<br />

conduta sexual e incorpora distintos níveis de determinação ou estruturação da conduta<br />

sexual. Por exemplo, os c<strong>en</strong>ários culturais podem ser interpretados como demarcados<br />

por elem<strong>en</strong>tos estruturais (marcos legal-normativos), práticas institucionais (o<br />

matrimônio, as relações econômicas etc.) e outros fatores de difer<strong>en</strong>ça (classe, etnia etc.).<br />

Finalm<strong>en</strong>te, a partir principalm<strong>en</strong>te da filosofia e, mais propriam<strong>en</strong>te dos estudos<br />

culturais, no início da década dos 1990 surge a teoria queer. Esta foi também<br />

inspirada pelo trabalho seminal de Foucault, e tem <strong>en</strong>tre seus principais<br />

repres<strong>en</strong>tantes Judith Butler, Eve Sedgwick, Daniel Halperin e Adri<strong>en</strong>ne Rich,<br />

<strong>en</strong>tre outros 10 . Ainda que alguns vissem nesta uma análise da id<strong>en</strong>tidade, esta linha<br />

de reflexão é claram<strong>en</strong>te uma crítica da heteronormatividade. De fato, a teoria usa a<br />

expressão queer m<strong>en</strong>os como uma id<strong>en</strong>tidade que como uma crítica corporalizada<br />

da id<strong>en</strong>tidade, incluindo uma discussão do papel da repres<strong>en</strong>tação (performance) na<br />

criação e sust<strong>en</strong>tação da id<strong>en</strong>tidade, das formas em que estas id<strong>en</strong>tidades mudam<br />

ou resistem à mudança, da base da sexualidade e do gênero não naturais ou socialm<strong>en</strong>te<br />

construídos, e das relações de poder definidas pela heteronormatividade.<br />

De algum modo, a teoria queer define a aproximação mais direta a uma crítica do<br />

discurso a partir da heteronormatividade, ainda que não se refira especificam<strong>en</strong>te às<br />

práticas ci<strong>en</strong>tíficas e à produção de conhecim<strong>en</strong>to ci<strong>en</strong>tífico.<br />

Ciência e medicalização<br />

As maiores possibilidades de esquadrinham<strong>en</strong>to e interv<strong>en</strong>ção do campo ci<strong>en</strong>tífico<br />

sobre a vida quotidiana da população geral estão na área da saúde (Boltanski,<br />

1984). Se, por um lado, isto trouxe inegáveis b<strong>en</strong>efícios em termos de alívio ou pre-<br />

10 Ver Butler, 1990; Sedgwick, 1990; Grosz, 1995.<br />

Ciência, gênero e sexualidade – K<strong>en</strong>neth Camargo, Fabíola Rohd<strong>en</strong> e Carlos F. Cáceres<br />

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