25.04.2013 Views

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

a partir da teoria de gênero. Sobretudo, difer<strong>en</strong>cia as três categorias estabelecidas<br />

por Harding para descrever o campo: o feminismo empirista que concorda com o<br />

projeto da ciência, mas critica os efeitos do androc<strong>en</strong>trismo que o caracteriza como<br />

má ciência; o feminismo perspectivista que def<strong>en</strong>de a possibilidade de um saber<br />

fundam<strong>en</strong>tado na experiência das mulheres; o feminismo pós-moderno que problematiza<br />

os fundam<strong>en</strong>tos epistemológicos da ciência, sublinhando que sob a apar<strong>en</strong>te<br />

neutralidade e objetividade dos parâmetros de investigação e raciocínio ci<strong>en</strong>tíficos<br />

podem sempre ser id<strong>en</strong>tificados pressupostos androcêntricos e heteronormativos.<br />

O texto chama at<strong>en</strong>ção para o fato que essa segunda vert<strong>en</strong>te de reflexão crítica<br />

é, em grande medida, formada por feministas que são elas mesmas ci<strong>en</strong>tistas<br />

(geralm<strong>en</strong>te biólogas), como é o caso de Ruth Hubbard, Donna Haraway, Anna<br />

Fausto-Sterling, que interrogam a produção ci<strong>en</strong>tífica sobre gênero e sexualidade<br />

não de fora, mas de d<strong>en</strong>tro do campo. A contribuição dessas autoras é, portanto, de<br />

mão dupla, pois tanto contestam o ess<strong>en</strong>cialismo da ciência dura, quanto concepções<br />

das ciências sociais, inclusive feministas.<br />

O texto lembra que um legado fundam<strong>en</strong>tal dessa linha de trabalho foi a contestação<br />

da lógica binária que caracteriza a perspectiva feminista clássica sobre sexo<br />

e gênero, correspond<strong>en</strong>do o primeiro à biologia e o segundo à camada cultural que<br />

transformaria a base material biológica em prática social. Citando Fausto Sterling, o<br />

texto pontua que não é adequado postular uma lógica simples de sobreposição <strong>en</strong>tre<br />

cultura e biologia, pois as interações <strong>en</strong>tre os dois termos nem são opostas, nem<br />

correspondem a uma lógica simples em que o biológico está d<strong>en</strong>tro e o cultural está<br />

fora. Mas o texto também m<strong>en</strong>ciona Donna Haraway, para quem, mesmo quando<br />

seja preciso <strong>en</strong>fatizar todos, a produção de conhecim<strong>en</strong>tos é parcial e situada, não se<br />

trata de abandonar definitivam<strong>en</strong>te a possibilidade da objetividade na qual se baseia<br />

a investigação ci<strong>en</strong>tífica.<br />

Ao resgatar as teorias relativas ao discurso ci<strong>en</strong>tífico sobre sexualidade, o texto<br />

retorna a Foucault e Jeffrey Weeks como referências fundam<strong>en</strong>tais para compre<strong>en</strong>der<br />

a historicidade, complexidade e profundidade das articulações <strong>en</strong>tre ciência,<br />

sexualidade e política na era contemporânea, ao mesmo tempo em que examina<br />

a contribuição do interacionismo cultural (c<strong>en</strong>ários culturais e scripts) como fonte<br />

inequívoca da perspectiva construtivista da sexualidade. Sobretudo, id<strong>en</strong>tifica as<br />

conexões, nem sempre is<strong>en</strong>tas de t<strong>en</strong>sões, <strong>en</strong>tre a teorização e a pesquisa em ciências<br />

sociais sobre sexualidade, de um lado, e as ag<strong>en</strong>das de investigação biomédica em<br />

HIV/AIDS (e as políticas delas decorr<strong>en</strong>tes) de outro. Finalm<strong>en</strong>te, são revisados os<br />

aportes da teoria queer nos estudos contemporâneos sobre sexualidade, em especial<br />

no que diz respeito à crítica da ordem heteronormativa.<br />

O artigo também aborda rapidam<strong>en</strong>te a medicalização como f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>o ext<strong>en</strong>sivo<br />

nas sociedades contemporâneas. Uma vez mais pontua o paradoxo ci<strong>en</strong>tífico,<br />

chamando at<strong>en</strong>ção para o fato de que a medicalização, de um lado, soluciona pro-<br />

Apres<strong>en</strong>tação<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!