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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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lidade reprimida; o positivismo dos sexólogos que (desde várias vert<strong>en</strong>tes: Kinsey<br />

e Pomeroy sobre “a conduta sexual humana”; Masters e Johnson sobre a resposta<br />

fisiológica à excitação sexual; e outros) definiram uma nova forma de gerar conhecim<strong>en</strong>to<br />

sobre o sexual, ainda que <strong>en</strong>fatizando de maneira ess<strong>en</strong>cial a necessidade de<br />

um funcionam<strong>en</strong>to ‘normal’ do corpo desde o ponto de vista sexual, incluindo a<br />

obt<strong>en</strong>ção de prazer, e a necessidade de interv<strong>en</strong>ções biomédicas e psicoterapêuticas<br />

para assegurá-lo; e finalm<strong>en</strong>te as metanarrativas da etologia, interpretando o comportam<strong>en</strong>to<br />

sexual em sua relação com a evolução biológica, a seleção natural e a<br />

prevalência dos mais preparados.<br />

O argum<strong>en</strong>to integral de Weeks analisa as formas de produzir conhecim<strong>en</strong>to,<br />

assim como o discurso produzido, em relação com os grupos disciplinares e o contexto<br />

histórico, tratando de id<strong>en</strong>tificar aportes e limitações de cada perspectiva para<br />

a construção de um discurso que se <strong>en</strong>t<strong>en</strong>de, não como o descobrim<strong>en</strong>to de una<br />

realidade sexual, mas como um <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to historicizado, politizado e, no que<br />

for possível, cons<strong>en</strong>suado, do erótico sexual em um mundo definido, talvez, com a<br />

meta de aceitação e inclusão de uma diversidade “b<strong>en</strong>igna.<br />

Uma terceira vert<strong>en</strong>te de reflexão se situou, sobretudo, nos anos 1980, e se<br />

c<strong>en</strong>trou nos debates <strong>en</strong>tre “ess<strong>en</strong>cialismo” e construtivismo social. Esta linha de trabalho<br />

teve como referências importantes os aportes de Foucault e de Gayle Rubin.<br />

Em boa parte, se trata de uma série de <strong>en</strong>saios que, principalm<strong>en</strong>te, desconstroem o<br />

saber sexológico, psicológico ou biológico sobre a sexualidade e a difer<strong>en</strong>ça sexual,<br />

e, claram<strong>en</strong>te, postulam a c<strong>en</strong>tralidade do político (e as limitações da possibilidade<br />

de “ser objetivo”) na produção de conhecim<strong>en</strong>to sobre a sexualidade. Talvez,<br />

um dos focos desta discussão, que ressurge de tempo em tempo, é o debate se a<br />

ori<strong>en</strong>tação sexual é biologicam<strong>en</strong>te determinada ou socialm<strong>en</strong>te construída. Parte<br />

deste ressurgim<strong>en</strong>to esporádico resulta do des<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to da biologia molecular<br />

e da possibilidade de articular um discurso muito mais específico e analisar muitas<br />

novas hipóteses sobre o determinismo biológico da ori<strong>en</strong>tação sexual. Deve-se observar<br />

que o conceito – “ori<strong>en</strong>tação sexual” – se utiliza, apesar de suas ambiguidades<br />

seja em termo das análises transculturais, seja no que diz respeito a ambiguidade<br />

apar<strong>en</strong>te <strong>en</strong>tre “id<strong>en</strong>tidade (sexual e de gênero)”, “ori<strong>en</strong>tação sexual” (no s<strong>en</strong>tido<br />

de desejo prefer<strong>en</strong>te por alguém de um ou outro sexo) e “conduta sexual” (homo,<br />

hetero ou bissexual, no s<strong>en</strong>tido do sexo das pessoas com as quais um indivíduo se<br />

relaciona sexualm<strong>en</strong>te).<br />

A crítica destas posturas vem, sobretudo, da perspectiva do construtivismo social e<br />

é colocada geralm<strong>en</strong>te desde os campos disciplinares da antropologia e da sociologia, no<br />

marco dos estudos culturais e dos “gay and lesbian studies”. Não obstante, um dos aspectos<br />

mais interessantes do debate em si mesmo foi que os argum<strong>en</strong>tos “ess<strong>en</strong>cialistas” foram<br />

postulados não por biólogos, mas sim, em muitos casos, por ativistas e p<strong>en</strong>sadores da ori<strong>en</strong>tação<br />

sexual como uma “essência” ou traço inato que é precursor da id<strong>en</strong>tidade e fator<br />

Ciência, gênero e sexualidade – K<strong>en</strong>neth Camargo, Fabíola Rohd<strong>en</strong> e Carlos F. Cáceres<br />

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