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Sexualidad y Política en América Latina - Sexuality Policy Watch

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nais quanto nas esferas internacionais, exerc<strong>en</strong>do influência sobre os mais diversos<br />

temas, inclusive aqueles relacionados à sexualidade. No que se refere à sexualidade,<br />

Vaggione observa que sua regulação esteve, desde sempre, no cerne das lógicas de<br />

regulação do estado moderno e, mais especialm<strong>en</strong>te que, nos anos 2000, questões<br />

de gênero e sexualidade são temas inescapáveis nos debates sobre direitos e cidadania<br />

na <strong>América</strong> <strong>Latina</strong> e, ao mesmo tempo, em doutrinas e forças religiosas. Em<br />

particular, as vert<strong>en</strong>tes mais dogmáticas buscam influ<strong>en</strong>ciar os debates públicos e as<br />

reformas legais e de políticas públicas. <strong>Sexualidad</strong>e, religião e política estão, portanto,<br />

tão interconectadas que é quase impossível analisar cada uma dessas dim<strong>en</strong>sões<br />

de maneira isolada, sem considerar a outra.<br />

De modo a deslindar essa imbricação, Vaggione faz uma revisão da literatura<br />

sobre sexualidade, religião e política na <strong>América</strong>, ponderando que, apesar do increm<strong>en</strong>to<br />

rec<strong>en</strong>te de pesquisas nesse campo, muito resta a ser feito e persistem indagações<br />

teóricas importantes sobre o que já foi produzido. A interseção <strong>en</strong>tre essas<br />

três dim<strong>en</strong>sões ou esferas pode ser analisada de maneiras diversas e ev<strong>en</strong>tualm<strong>en</strong>te<br />

contraditórias. Segundo o autor, a análise mais conhecida contrapõe as políticas<br />

emancipatórias da sexualidade às “políticas do religioso”, ou seja, a religião é descrita<br />

como principal obstáculo fr<strong>en</strong>te a definições plurais e diversas da sexualidade.<br />

Historicam<strong>en</strong>te, esse papel foi desemp<strong>en</strong>hado pela Igreja Católica, que continua a<br />

ser muito influ<strong>en</strong>te. Mas Vaggione m<strong>en</strong>ciona, com razão, que hoje é muito significativo<br />

o papel das igrejas evangélicas, em particular as igrejas p<strong>en</strong>tecostais, que propõem<br />

como explicação para a homossexualidade a pres<strong>en</strong>ça de forças sobr<strong>en</strong>aturais<br />

(demonização) sobre os indivíduos, das quais eles precisam ser libertos a partir da<br />

oração, do exorcismo e da “cura”.<br />

A influência religiosa sobre as normas e as práticas da sexualidade opera em<br />

dois níveis. No plano subjetivo, produz dissonâncias cognitivas <strong>en</strong>tre a filiação religiosa,<br />

por um lado, e os desejos e as práticas dos indivíduos, por outro. No plano<br />

político, id<strong>en</strong>tificam-se ações e interv<strong>en</strong>ções sistemáticas dos grupos religiosos sobre<br />

o aparelho de estado e a opinião pública. Nos dias atuais, não só a hierarquia católica<br />

opera, como sempre fez, no âmbito das relações com o poder para influ<strong>en</strong>ciar<br />

políticas de estado. As id<strong>en</strong>tidades religiosas, sejam elas católicas ou evangélicas, se<br />

tornaram uma dim<strong>en</strong>são do ativismo cidadão contra os direitos sexuais e reprodutivos<br />

e se manifestam como vozes legítimas do debate público e, sobretudo, por via<br />

eleitoral.<br />

Vaggione reconhece que o “chamado retorno do religioso” é um <strong>en</strong>orme obstáculo<br />

para a pluralidade, para a sedim<strong>en</strong>tação do respeito à pluralidade religiosa e<br />

para a ampliação dos direitos sexuais e reprodutivos. Porém, também <strong>en</strong>fatiza que é<br />

preciso id<strong>en</strong>tificar mudanças em curso no campo religioso, ou seja, buscar aí grupos e<br />

vozes que estão abertos à liberdade e à diversidade sexual. Neste s<strong>en</strong>tido, propõe uma<br />

ruptura com a definição do religioso como instância necessariam<strong>en</strong>te repressiva com<br />

Apres<strong>en</strong>tação<br />

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