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QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA<br />
os fiscais da fé que constantemente o visitavam para verificar suas<br />
ações. Mas, sabemos que era o pecado de todos nós que Jesus carregava<br />
sobre si na morte de cruz. O sofrimento, rejeição e morte não<br />
são, no entanto, as palavras finais sobre seu destino. É conjuntamente<br />
anunciada a vitória: “e que, depois de três dias, ressuscitasse”.<br />
V. 32: Marcos, em sua característica de simplicidade e sinceridade,<br />
destaca que Jesus expunha isto claramente (parrhsi,a = claramente,<br />
abertamente, com franqueza no falar). Esta clareza não é bem recebida<br />
por Pedro, que passa a repreendê-lo (evpitima/n = censurar, advertir).<br />
Essa repreensão se contrapõe à do versículo seguinte, na qual é Jesus<br />
quem repreende a Pedro.<br />
A atitude de Pedro levanta algumas dúvidas sobre sua motivação.<br />
É comum que se afirme o estratagema de Satanás para desviar Jesus<br />
de seus propósitos redentores – e isto é certamente verdade. Porém,<br />
a sequência narrativa descreve um discurso de Jesus sobre as<br />
consequências do ato de segui-lo. Assim, a afirmação de Pedro não<br />
deriva tanto da incapacidade de compreender o destino sofredor do<br />
Messias, quanto do medo de ficar envolvido com o seu destino. Essa<br />
é uma questão que exige uma decisão radical: o projeto de Deus<br />
passa pelo caminho da cruz.<br />
V. 33: Quando Jesus chama Pedro para ser pescador de homens<br />
(Mc 1.17), a ordem para ele e seu irmão era Deu/te ovpi,sw mou (Vinde<br />
após mim). Agora, a expressão utilizada é {Upage ovpi,sw mou (Arreda<br />
– Cfe ARA). Trata-se, portanto, de uma similaridade entre as expressões.<br />
A diferença está no primeiro termo da ordem: Deu/te =<br />
Vinde / Upage = Vá embora. Podemos imaginar o profundo sentimento<br />
de tristeza de Pedro ao ouvir palavras que apontavam para sua indignidade<br />
em ser discípulo do Senhor (pelo menos enquanto pensasse<br />
de acordo com Satanás).<br />
Vv. 34-38: Jesus inicia suas palavras com Ei; tij qe,lei (se alguém<br />
quer). É uma expressão condicional. As condições para seguir a Jesus<br />
(ovpi,sw mou) é a autonegação e aceitação da cruz. Porém encontra-se<br />
aqui uma impossibilidade do ponto de vista humano, visto que a nossa<br />
natureza nos impele ao impulso de autoconservação. Faz-se necessária<br />
a intervenção do Espírito Santo.<br />
O tratamento superficial do livre arbítrio o remete à esfera do poder<br />
fazer aquilo que se quer. Quando se trata de questões espirituais,<br />
no entanto, é preciso que se remeta o arbítrio ao nível profundo, que<br />
é à esfera do próprio querer. Pode-se alterar o próprio querer? É evidente<br />
que a resposta é não. Quando fazemos uma escolha, é porque<br />
a nossa natureza escolhe. O que não podemos escolher é alterar a<br />
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