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DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES<br />
próprio falso brilho, realmente não sabia o que é pecado e onde este<br />
invariavelmente reside. Não sabia que o pecado não é algo meramente<br />
externo, mas que começa no coração, como Jesus demonstrou<br />
no Sermão do Monte. O fariseu mede “de cima para baixo”. Toma por<br />
paradigma o publicano, ao invés de medir-se com Deus: “santos sereis,<br />
porque... sou santo” (Lv 19.2). Quem se mede “para cima”, obriga-se<br />
a ser humilde; quem mede “para baixo” logo se torna arrogante. Então,<br />
falar mal do próximo e apregoar suas próprias supostas virtudes<br />
torna-se uma tentação constante. É bem sintomática a frase: “Comigo<br />
tais coisas não acontecem!”<br />
V. 12: Aqui o fariseu abre seu catálogo de boas obras: 1) “Jejuo<br />
duas vezes por semana”. Moisés ordenara um jejum anual, para o dia<br />
da expiação (Lv 25.29). Ele supera a lei: jejua duas vezes por semana<br />
– cem vezes mais que o estabelecido! 2) “e dou o dízimo de tudo<br />
quanto ganho.” O dízimo era “dos cereais, do vinho e do azeite” (Ne<br />
13.12). Mas ele, mais uma vez, supera, dando o dízimo de tudo, o que<br />
incluía, certamente, “a hortelã, o endro e o cominho” (Mt 23.23). É<br />
possível que o fariseu não tenha mentido neste particular, e que, de<br />
fato, praticava as obras mencionadas. O problema é considerá-las<br />
mérito seu, ou ver nelas sua justiça. Aliás, o seu catálogo de boas<br />
obras é diminuto. Quem jejua duas vezes por semana, também poderia<br />
dar o dízimo dobrado, sem dificuldade, já que lhe sobram quase<br />
30% da comida!<br />
A lei é importante em nossas vidas. Deus nos proíbe furtar, cometer<br />
injustiças e adultério. Ele também nos ordena dar liberalmente,<br />
orar e ir à igreja. Mas Ele também deixa claro que estas obras somente<br />
têm valor quando praticadas por aqueles que foram previamente<br />
justificados pela graça salvadora de Cristo. Sem esquecer que, ainda<br />
assim, nossas melhores obras serão apenas “trapo da imundícia” (Is<br />
64.6), mas aceitas por causa daquele que nos é “propício”.<br />
V. 13: “[...] estando em pé, longe”. O publicano foi ao templo humildemente.<br />
Mede-se “para cima”. A santidade de Deus é seu<br />
paradigma: “Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celeste” (Mt<br />
5.48). Reconhece a grande distância que o separa de Deus, não tendo<br />
do que se orgulhar. Por isso, ora “em pé, longe”, talvez até meio<br />
camuflado na sombra de uma coluna do templo. “Não ousava nem<br />
ainda levantar os olhos ao céu”, o que, contudo, não o impede de<br />
fixar seu olhar no altar do sacrifício.<br />
Os publicanos eram uma classe odiada pelos judeus como traidores,<br />
pois serviam aos romanos e abusavam nas taxas. Mas não há<br />
prova de que os publicanos vivessem flagrantemente nos pecados<br />
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