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IGREJA LUTERANA<br />
mesmo se realize (Lc 12.50; Mc 10.39). Ele entende que um profeta<br />
não deve morrer fora de Jerusalém. Aqui já deixa entrever o que deve<br />
lhe acontecer (Lc 13.33). Ele é o filho do proprietário que foi morto e<br />
atirado para fora da vinha (Mc 12.8). Por que o triunfo de Deus se<br />
efetuou por um caminho tão doloroso? Como diz Isaías: “Verdadeiramente,<br />
tu és Deus misterioso, ó Deus de Israel, ó Salvador” (Is 45.15).<br />
A nossa sociedade não gosta de falar sobre sofrimento, morte e<br />
dor. O homem pós-moderno evita tais temas embora esteja cercado<br />
deles a toda hora. É como se quisesse negar ou mascarar a realidade.<br />
Em nosso tempo valoriza-se a aparência, a riqueza, o poder, o<br />
prazer e isso nada têm a ver com sofrimento e dor. Por isso, soa estranho<br />
para muitos o fato de o Filho de Deus ter sofrido e morrido<br />
numa cruz. O cristianismo não exalta o sofrimento e nem o coloca num<br />
pedestal, mas como bem o diz o teólogo C. Masson: “O Cristo crucificado<br />
ocupa o centro do Evangelho e por esta palavra da cruz (1Co<br />
1.18, 23; 2.2) Deus julga qualquer pretensão do homem a ser dono<br />
do próprio destino e de salvar-se a si mesmo”.<br />
Por isso, a mensagem da Cruz não é mais uma doutrina entre<br />
outras doutrinas religiosas. A mensagem da Cruz não é mais uma<br />
proposta ou solução ao lado de outras para serem escolhidas segundo<br />
razões pessoais. A mensagem da Cruz não é mais uma possibilidade<br />
religiosa entre outras para o ser humano. Jesus crucificado se<br />
coloca como evento central e único na história da humanidade. Esta<br />
mensagem é dirigida a todas as nações e de sua autoridade ninguém<br />
escapa.<br />
O mundo ainda não entendeu que a paz nasce necessariamente<br />
da Cruz. Há alguns dias assisti a duas reportagens falando da violência<br />
nas escolas de Santa Catarina e de São Paulo. O comentarista desolado<br />
não sabia nem o que dizer. “Estava perplexo, pois a escola é um<br />
‘templo sagrado’ onde a violência não deve ter lugar”. Ora, o mundo<br />
descartou Deus. Deus foi descartado das escolas. Seu Nome já não é<br />
invocado. As suas leis são ridicularizadas e a presença Dele é ignorada.<br />
Ora, “como não conhecem o Senhor, não têm paz” (Thomas Merton).<br />
Por isso, o Domingo da Paixão é o testemunho cristão de que a<br />
paz que o mundo tanto procura não se encontra em filosofias e sistemas<br />
de ensino, muito menos na democracia e no capitalismo ou qualquer<br />
outra doutrina político-econômico. A maior prova do fracasso dos<br />
projetos humanos é a crise global que estamos vivendo. Quem imaginaria<br />
que a crise iniciada nos Estados Unidos atingiria proporções<br />
planetárias? E saber que tudo começou pela ganância de bancos que<br />
não tinham limites para lucrar. O resultado é o que estamos vendo: a<br />
bancarrota das bolsas, a crise automobilística e imobiliária. Mas isso<br />
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