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IGREJA LUTERANA<br />
Ministério. Um tratamento detalhado do problema da polarização de<br />
lei e evangelho e das, muitas vezes, devastadoras conseqüências de<br />
tal polarização para o povo de Deus, está além dos limites deste estudo.<br />
Mas, como este tópico é essencial para um correto entendimento<br />
de nossa prática da Ceia do Senhor, uma breve introdução ao assunto<br />
precisa ser feita. A contribuição principal para esta discussão apareceu<br />
em 1993, quando David Yeago, um teólogo da ELCA publicou um importante<br />
artigo, “Gnosticismo, Antinomismo e Teologia da Reforma”. 4<br />
Nesse estudo, Yeago argumentou convincentemente que a igreja protestante<br />
de hoje está perigosamente infectada com formas traiçoeiras<br />
e enganosas dos ‘ismos’ identificados em seu título. Sua presença difundida,<br />
mas muitas vezes irreconhecida, dentro do Protestantismo,<br />
provém, segundo ele, de uma má interpretação da polaridade entre lei<br />
e evangelho. Yeago argumenta que quando a lei e o evangelho são<br />
colocados um contra o outro, o evangelho inevitavelmente recebe sua<br />
definição em antítese à própria lei. O evangelho se torna nosso libertador<br />
não da nossa falha em guardar a lei e a conseqüente justa ira de<br />
Deus; antes, o evangelho se torna nosso libertador da lei per se. Por<br />
esta razão, qualquer palavra que um cristão ouve e que tem um tom<br />
de comando, direção ou instrução, é excluída pelo evangelho libertador.<br />
“Se a distinção lei/evangelho é uma antítese final”, Yeago argumenta,<br />
“então qualquer chamado para um ordenamento da vida em<br />
vez de outro será, por definição, a lei da qual o evangelho nos liberta. 5<br />
Nesse clima teológico o antinomismo avança. “Certamente”, Yeago<br />
ataca, “muito da teologia protestante ao longo do século XX tem sido<br />
antinomista; o antinomismo prático que agora reina em muitas igrejas<br />
é simplesmente um antinomismo já existente por longo tempo como<br />
teoria e que, agora, está ganhando a coragem das suas convicções”. 6<br />
A acusação de Yeago de gnosticismo deriva da mesma tese de um<br />
falso entendimento da dicotomia de lei e evangelho, mas essa discussão<br />
deve ser adiada. Yeago não tem paciência com as práticas na vida<br />
comum da igreja que derivam da teologia antinomista e gnóstica alastrada<br />
entre os luteranos. Ele lamenta a “retórica contemporânea sensível<br />
sobre todas aquelas ‘pessoas que sofrem’, que precisam mais do<br />
4 David S. Yeago, “Gnosticism, Antinornianism, and Reformation Theology: Reflections on<br />
the Costs of a Construal“ Pro Ecclesia 2, no. 1 (1993): 3749.<br />
5 Yeago, “Gnosticism, Antinornianism, and Reformation Theology”. Uma vez libertadas da<br />
lei, nota bem, pessoas estão na liberdade de escolher o que lhes agrada e de tomar suas<br />
referências sobre comportamento aceitável da cultura ou de qualquer outra fonte que for<br />
conveniente ou confortável.<br />
6Yeago, “Gnosticism, Antinomianism, and Reformation Theology“, 42.<br />
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