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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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com uma postura do ci<strong>da</strong>dão educador reflexivo e crítico, que se opõe a to<strong>da</strong> forma <strong>de</strong><br />

reificação, “<strong>de</strong> espoliação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaso” (FREIRE, 1998, p. 126). Por outro lado, parece<br />

revelar também uma <strong>de</strong>scrença e increduli<strong>da</strong><strong>de</strong> na possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> real <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça, resultantes,<br />

ou <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste físico e psicológico, ou <strong>de</strong> uma tentação <strong>de</strong> abandonar uma utopia a<br />

qual persegue há tantos anos. Como se perguntasse a si mesma: “Há sentido <strong>em</strong> postular uma<br />

modificação radical? Não perseguimos a ilusão <strong>de</strong> uma novação absoluta?” (CASTORIADIS,<br />

1991, p.99).<br />

A professora revela <strong>em</strong> seus discursos como compreen<strong>de</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> que vive e<br />

critica certas posturas <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> atua na educação, nas mais varia<strong>da</strong>s esferas. As razões <strong>da</strong><br />

professora por certa <strong>de</strong>scrença com relação à situação <strong>de</strong>sfavorável <strong>da</strong> escola pública e a<br />

profissão <strong>de</strong> professor, com certeza formam um leque. Mas, estando ain<strong>da</strong> <strong>em</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

profissão <strong>de</strong> professora e sendo parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, <strong>em</strong> que pesa substituir a luta e a<br />

resistência contra as linhas <strong>de</strong> força <strong>da</strong> crise instala<strong>da</strong> nesta socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, por uma espécie <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>plativa diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>? A atitu<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>plativa favorece o conformismo<br />

enquanto que a práxis faz ver que a estrutura social atual “na<strong>da</strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong> eterno ou <strong>de</strong> fatal”<br />

(CASTORIADIS, 1991, p. 106).<br />

O fato <strong>de</strong> reportar-se ao mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong>presarial e estabelecer comparações entre a<br />

dinâmica escolar e a dinâmica na <strong>em</strong>presa, talvez a justifique, <strong>em</strong> primeira mão, pelo fato <strong>de</strong><br />

ter sido funcionária <strong>em</strong> uma agência bancária antes <strong>de</strong> ingressar na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino;<br />

assim como a experiência familiar, principalmente o ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> mãe que, segundo a<br />

entrevista<strong>da</strong>, t<strong>em</strong> ‘garra’ e corag<strong>em</strong> para vencer na vi<strong>da</strong>:<br />

Minha mãe s<strong>em</strong>pre foi uma pessoa muito guerreira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequena. Ela falava que tinha um objetivo na vi<strong>da</strong>,<br />

que ela casou cedo, separou-se cedo e não ia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do marido. Então, ela se preocupava muito e estava<br />

muito volta<strong>da</strong> para seu crescimento profissional. Filha <strong>de</strong> família não tão abasta<strong>da</strong>, mas ela tinha <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> crescer, estu<strong>da</strong>r, vir para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> gran<strong>de</strong> para ver seus <strong>de</strong>sejos realizados. Ela realizou seus sonhos<br />

(Professora Salete <strong>em</strong> Entrevista dia 08/07/08).<br />

4.4.3 A professora, o ‘bombar<strong>de</strong>io’ <strong>de</strong> teorias e o projeto político-pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> escola<br />

Se <strong>de</strong>bruçarmos mais um pouco sobre a entrevista realiza<strong>da</strong> com a professora,<br />

pod<strong>em</strong>os perceber uma queixa sobre a pouca participação na elaboração do projeto político-<br />

pe<strong>da</strong>gógico e nos centros <strong>de</strong> estudos. E <strong>em</strong> sua prática, uma tentativa <strong>de</strong> aproveitar um pouco<br />

<strong>de</strong> tudo o que recebe nesta <strong>formação</strong> continua<strong>da</strong>. O que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado para uns como<br />

um leque <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, po<strong>de</strong> ser também probl<strong>em</strong>atizado, <strong>de</strong> forma que se possam<br />

discutir os reais benefícios <strong>de</strong>sta mistura <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gens teóricas, ou <strong>de</strong>ste bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong><br />

teorias que chegam até o professor. Se o atingisse <strong>de</strong> fato, ele po<strong>de</strong>ria ser profissionalmente<br />

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